Do Porto a Santiago: a quarta etapa, entre Tui e Pontevedra (54 km)

Do Porto a Santiago: a quarta etapa, entre Tui e Pontevedra (54 km)
Após comprar doces a uma freira em clausura, em Tui, segue-se para Redondela e Pontevedra, para mais experiências saborosas. Há empanadilhas de choco e pulpo à feira. E uma cidade com o coração livre de trânsito.

Esta é a quarta etapa, de um percurso de bicicleta entre Porto e Santiago de Compostela.

Na cafetaria e loja IDEAS PEREGRINAS, em Tui, há de tudo para um peregrino começar bem o dia. A ementa, assente em produtos locais e «comida saudável», com menus de pequeno-almoço, sumos, sanduíches, tostas e algumas opções vegan, é pensada para recuperar energia. Há fruta e bebidas para levar, ponchos impermeáveis 100% compostáveis e biodegradáveis; garrafas de água reutilizáveis; guias e livros; até tampões para os ouvidos.

E lá fora há mais por descobrir. A poucos passos fica a CATEDRAL DE TUI, que começou a ser construída na primeira metade do século XII. Vale a pena apreciá-la, imponente, passear nos claustros com jardins e subir à Torre de Soutomaior, para apreciar as vistas sobre a envolvente, com o rio Minho em destaque.

A Catedral de Tui. (Fotografia: Leonel de Castro/Gl)

Muito próximo está, também, o CONVENTO DAS CLARISAS, conhecido como «Las Encerradas». As freiras em clausura comunicam por uma janela através da qual vendem doces. Para os obter basta tocar à campainha e aguardar. As imagens dos bolos – como os pececitos de almendra, em forma de peixe – estão afixadas, a par com uma mensagem: «No te olvides de rezar» (não te esqueças de rezar).

O Convento das Clarisas. (Fotografia: Leonel de Castro/Gl)

De Tui leva-se ainda a recomendação de provar uma empanada de choco em REDONDELA, cerca de 20 quilómetros antes de Pontevedra. A confeitaria e padaria La Junquera tem uma secção de empanadas e empanadilhas (mais pequenas) com diferentes recheios, sendo o de choco o mais surpreendente. «O choco é típico de Redondela, pesca-se aqui», ouve-se do lado de lá do balcão. Até há uma festa centrada nesse molusco, na primavera.

A confeitaria e padaria La Junquera, em Redondela. (Fotografia: Leonel de Castro/GI)

Não que haja data específica para celebrar os sabores do mar, que continuam em evidência no coração de Pontevedra. À entrada da CASA FIDEL O PULPEIRO está Luísa Rodriguez Lopez, que vai tirando de uma enorme panela polvos cozidos que corta às rodelas, com uma tesoura, para uma base de madeira. De seguida, tempera esses bocadinhos com sal, pimentão e azeite – é o típico “pulpo à feira”. Há ainda o bocadillo de pulpo, com os mesmos ingredientes, mas no pão. Todos os dias são consumidos ali, no mínimo, 40 polvos.

A Casa Fidel O Pulpeiro (Fotografia: Leonel de Castro/GI)

Esta pulperia, fundada em 1956 por Fidel, avô do marido de Luisa, está na família há três gerações e já emprega membros da quarta. Tem comida tradicional e tapas – como pimentos de Padrón, na devida época, que se estende até outubro. É um restaurante despretensioso, onde se come caldo galego e se bebe vinho da casa por uma malga.
Não é preciso sair da zona monumental de Pontevedra para recolher ao SLOW CITY HOSTEL, um pequeno alojamento que Jorge de Uña criou na antiga (e renovada) casa dos avós. Tem sítio para guardar bicicletas e, em cima, um dormitório com beliches, um quarto duplo e um quarto twin, além da cozinha.

É «o único albergue no centro histórico» – um centro histórico tornado pedonal, sublinha Jorge, que recorda, sem saudade, o trânsito barulhento e veloz. «Agora é uma parte da cidade onde não há carros e as pessoas vêm a pé.» O nome Slow City remete para esse estilo de vida menos acelerado. Em conformidade com o caminho.

 

Ludo Willemans: Pedalar por uma boa causa
Ludo Willemans, de 68 anos, integra um grupo de oito peregrinos que fazem o caminho de bicicleta, vindos de Genk, na Bélgica. Calluna Team é o nome da equipa, que pedala de Lisboa até Santiago com um propósito nobre: angariar fundos para comprar uma bicicleta elétrica de cadeira de rodas, a entregar ao centro de cuidados belga Ter Heide, que apoia mais de 400 pessoas com graves deficiências múltiplas. Custa 7000 euros. Já juntaram dinheiro para comprar uma dessas bicicletas, até porque têm feito outras ações nesse sentido, mas querem arranjar uma segunda. O objetivo último é contribuir para a integração e bem-estar daqueles utentes, através do ciclismo.

 

Dia de Santiago
25 de julho é Dia de Santiago e feriado na Galiza. A Porta Santa da Catedral de Santiago de Compostela só se abre durante o ano jacobeu, ou seja, quando aquele dia calha num domingo. O próximo ano santo é 2021.

 

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.

 

Leia também:

Do Porto a Santiago: a segunda etapa, entre Barcelos e Ponte de Lima (33 kms)
Do Porto a Santiago: o primeiro roteiro, de Porto a Barcelos (56 km)
A pé entre o Porto e Santiago, com o mar no horizonte




Outros Artigos





Outros Conteúdos GMG





Send this to friend