Conhecer Vitorino Nemésio percorrendo a casa onde nasceu, na Terceira

O escritor nasceu numa pequena casa situada na Rua de S. Paulo, na Praia da Vitória, ilha Terceira, Açores. (Fotografia: DR)
Uma pequena casa na cidade da ilha Terceira conta a vida do escritor que os portugueses conheceram através da televisão.

Quando se entra no átrio, é o próprio Vitorino Nemésio que acolhe o visitante. Num ecrã desfilam as imagens do escritor no programa icónico “Se bem me lembro”, que entre 1969 e 1975 o popularizou junto do grande público e o notabilizou como comunicador.

(Fotografia: DR)

São muitos dos contemporâneos deste programa que visitam a pequena casa situada na Rua de S. Paulo, na Praia da Vitória, ilha Terceira, Açores, onde o escritor nasceu, embora ali tenha vivido pouco tempo. Mudou para uma morada mais abaixo, atualmente devoluta. É na morada do seu nascimento, aberta ao público desde 1988 por iniciativa da autarquia, que é possível de forma cronológica acompanhar a vida do escritor de “Mau Tempo no Canal”, através dos seus livros, de objetos pessoas e de família, como a sua cama em criança, um carrinho de bebé ou uma coroa do Divino Espítrito Santo, de que os açorianos são devotos. Ao longo da visita vai-se conhecendo factos e algumas peripécias da sua vida passada entre a Terceira, Coimbra, onde iniciou os estudos superiores, e Lisboa, cidade onde terminou a licenciatura em Filologia Românica, após passagens por Direito e Ciências Histórico-Geográficas.

(Fotografia: DR)

Quem visita a casa irá conhecer outra faceta de Nemésio, que deve o seu nome à data do nascimento, 19 de Dezembro, dia de S. Nemésio. O homem que mediatizou a cultura foi um aluno problemático, “portou-se mal”, diz de forma humorada João Meneses, da câmara da Praia da Vitória, e foi expulso do liceu de Angra do Heroísmo. O ensino secundário acabou por ser concluído no Liceu da Horta, na ilha do Faial, como aluno externo. E ainda bem, é caso para dizer. Muito do que lemos em “Mau Tempo no Canal, terá sido observado nos seis meses que viveu nas ilhas do triângulo (Faial, Pico e S. Jorge).“Muitas das pessoas e lugares do romance foi o que ele conheceu enquanto lá esteve”, refere João Meneses.

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O roteiro de Nemésio na pequena cidade da Praia da Vitória não se circunscreve naturalmente à casa da Rua de S. Paulo, na altura Rua da Cadeia. A atual biblioteca Municipal José Silvestre Ribeiro assume enorme relevo na sua biografia. O edifício amarelo ocre, dominado pelas numerosas varandas, é também conhecido por Casa das Tias. As mulheres, irmãs da mãe, acolhiam-no quando os humores do pai o forçavam a procurar refúgio. Foi graças a elas que o jovem financiou os estudos, primeiro em Coimbra, depois em Lisboa, onde foi professor Catedrático.

Alguns dos seus antigos alunos, recorda João Meneses, contribuem para a média de duas mil visitas anuais que a casa recebe. Recordam muitas vezes a outra faceta do escritor e professor que “nos exames orais começava a assobiar e a desenhar”, esquecendo-se do examinado. Mas também os jovens procuram a casa de Vitorino Nemesésio, apesar da sua obra ser cada vez menos divulgada.

Comer n’O Pescador

Escondido numa rua paralela à praia, o restaurante O Pescador pode ser uma boa opção para uma refeição sem pressa. O nome não engana. Aqui não se vai para comer alcatra. Na carta domina o peixe: Espadarte grelhado com vinagrete de maracujá e esmagado de batata-doce, Cataplana de lulas com camarão á Pescador, Lulas Al Guilho; Bacalhau grelhado com batata a murro; Cherne á Pescador, são algumas das possibilidades. Os amantes da carne não são, todavia, esquecidos. Bife à Pescador e Lombo de novilho Grelhado com molho de queijo de S. Jorge e alecrim integram a carta. Para sobremesa há sempre uma dona Amélia.

Abarcar a terra e o mar

Miradouro do Facho. (Fotografia de Orlando Almeida/Global Imagens)

Miradouro do Facho. (Fotografia de Orlando Almeida/Global Imagens)

Uma caminhada, sempre a subir, separa a Praia da Vitória do Miradouro do Facho. Chegados ao cimo, onde também se pode chegar de carro, há que perder algum tempo, respirar o ar marítimo e usufruir da vista que se estende da serra do Cume, com a sua manta de retalhos em diferentes tons de verde, ao areal e casario da Praia da Vitória. No monte, que deve o nome à fogueira acesa todas as noites como farol de aviso aos navegadores, em tempos passados, encontra-se um monumento dedicado ao Imaculado Coração de Maria, padroeira da cidade. A descida pode ser feita pelas escadas esculpidas na encosta.

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