Cinco passeios para o frio, dos rios e serras até ao mar

As temperaturas baixas e os dias luminosos convidam a passeios na Natureza com a promessa de que no regresso há um espaço de aconchego à espera. É esse espírito que vai encontrar nas páginas que se seguem. São cinco roteiros, da montanha à praia, com propostas para abraçar a paisagem e ir à descoberta de mão dada com propostas ao ar livre. Garantido está o conforto no fim de um dia de aventuras.

Passear em Montalegre pelos sabores e tradições do Barroso

Um passeio por este território barrosão mostra uma terra de serras, rios e inverno rigoroso, onde também há o aconchego das mesas de fumeiro e de tradições que aquecem os ânimos. AC

Empoleirado sobre a vila, a mirar as serras que abraçam o concelho, ergue-se um dos postais deste território raiano. O CASTELO DE MONTALEGRE foi um importante ponto de defesa fronteiriço medieval, construído originalmente entre 1273 – ano da entrega do foral de Montalegre, pelo rei D. Afonso III – e 1281, já no reinado de D. Dinis. Ao longo dos séculos, foi sofrendo alterações, em linha com a evolução da arquitetura militar, chegando até a exibir uma fortificação abaluartada, que se pode ver recriada numa maquete, exposta na torre de menagem. O castelo alberga, desde 1990, um núcleo museológico, recentemente reestruturado, com novas instalações interativas – algumas ainda por concluir, por força dos atrasos provocados pela pandemia -, que dão a conhecer a história e evolução da fortaleza e do território montalegrense.

A visita começa pela Torre da Rainha, onde será em breve instalado um quadro que vai permitir a pessoas com mobilidade reduzida visitar o castelo de forma virtual, e passa depois pela Torre de Menagem, a Torre do Relógio e a Torre da Pólvora. No topo da Torre de Menagem, abre-se uma vista de 360º sobre o território: a Serra do Larouco a nordeste, o Gerês a sudoeste, e o rio Cávado a banhar a vila.

Do cimo da Torre de Menagem do Castelo de Montalegre tem-se vista panorâmica sobre a vila (Fotografia: Paulo Magalhães/GI)

Antes de partir dali à descoberta do território que chama, podemos ficar a conhecer mais sobre a história, as tradições e o património de Montalegre, um pouco mais abaixo, no ECOMUSEU DO BARROSO. Mostrar tudo o que o concelho tem para oferecer, valorizando o património cultural e natural da região é o objetivo deste museu, reaberto em meados do ano passado, depois de uma transformação das áreas expositivas.

As salas de exposição permanente levam a conhecer os recursos e tradições do Barroso – Património Agrícola Mundial -, num percurso sensorial, com jogos de toque e cheiro que nos fazem descobrir o linho, o burel, a batata, a urze, a carqueja e o musgo de carvalho, por exemplo.

Também existem salas de exposição temporária, que dão espaço a artistas locais. E ainda uma sala dedicada àquele que é certamente o maior promotor de Montalegre, o padre António Fontes. Inaugurada dias antes do primeiro confinamento, em 2020, a exposição revela as muitas facetas da figura icónica: o padre, o homem, o escritor, o etnógrafo… Com base no espólio do próprio padre Fontes, faz-se uma viagem pela vida do criador da Sexta 13, um dos maiores eventos culturais de Montalegre. É uma noite de celebração da cultura popular, cujo ponto alto é habitualmente a queimada, uma bebida à base de aguardente que “esconjura todos os males” e aquece os ânimos.
Na receção do museu, existe uma loja de produtos locais – compotas, infusões, sabonetes, artesanato – e ainda um quadro interativo que permite, por exemplo, ver em 360º o interior do Mosteiro de Pitões das Júnias, normalmente inacessível. Mas o grande objetivo é incentivar os visitantes a deslocarem-se aos lugares e descobrirem o território a palmo. Existem até dois trilhos pedestres que começam ali mesmo, à porta do museu. É só meter pés ao caminho.

 

Mesas de conforto
O centeio e o milho da terra com que são alimentados os animais, e o frio do Barroso, são alguns dos elementos que, no entender de Graça Fernandes, fazem o fumeiro de Montalegre tão especial. Duas semanas no sal e mais duas ao fumo completam a equação de que resultam os chouriços, as alheiras e demais enchidos e fumados que a cozinheira faz em casa, como aprendeu com a mãe.

Restaurante 7 Maravilhas (Fotografia: Paulo Magalhães/GI)

Muitas dessas especialidades provam-se no cozido à Barrosã do 7 MARAVILHAS, o restaurante que o marido João Martins abriu em Vilarinho de Negrões, quase a flutuar nas águas da albufeira do Alto Rabagão. João nasceu e cresceu na aldeia e desde cedo viu o potencial daqueles dois palheiros – em ruínas, quando os comprou em 2004 – junto à albufeira, que agora entra pelas janelas do restaurante, quase literalmente. “No inverno, está-se aqui a almoçar e a água quase bate no vidro”, assegura o proprietário.

Cabrito assado do restaurante 7 Maravilhas (Fotografia: Paulo Magalhães/GI)

 

O restaurante abriu em julho de 2020, com os sabores regionais na mesa: o cozido, o cabrito assado (só ao fim de semana ou por encomenda), a posta barrosã e uma longa lista de sobremesas, de que se destacam a tarte de café, o pudim de abóbora, as rabanadas e a mousse de castanha, no tempo dela.

Na margem norte da albufeira, somos facilmente surpreendidos por outra cozinha inspirada nos produtos da terra. O RESTAURANTE DIAS abriu originalmente em 1979, pela mãe e a avó do chef António Dias – um dos promotores da Grande Rota do Cozido Barrosão, que durante os próximos meses leva o prato a vários restaurantes do país -, na altura voltado essencialmente para o serviço de diárias. Há uma década, António regressou a Montalegre para assumir o negócio de família, depois de vários anos a trabalhar em restaurantes e hotéis na Catalunha, onde estudou cozinha, um gosto que ganhou com a avó.

António trabalha os produtos da região com uma frescura sedutora, numa carta que muda pelo menos três vezes no ano. “Adapto as técnicas modernas da cozinha aos pratos da minha região e em cada um tento sempre introduzir o máximo de produtos endógenos”, assegura.

É o caso da almôndega de compota com amêndoa laminada, numa base de água de fumeiro, com legumes da horta, rebentos e ervas aromáticas; ou o bacalhau com crosta de alheira e o naco de vitela com redução de vinho do porto e mel, que acompanha com esmagada de batata, cenoura e trufa branca, legumes da horta e mousse de beterraba. O peixe do mar também ali chega, dois dias por semana.

Bacalhau com crosta de alheira do restaurante Dias (Fotografia: Paulo Magalhães/GI)

As sobremesas estão normalmente a cargo da mulher Ana Maria, que é pasteleira, mas António também dá cartas. As memórias de infância de ir com o avô à feira, onde comia sempre morangos e uma fartura, inspiraram uma trouxa de leite-creme, com uma massa crocante coberta com açúcar e canela, e morangos a acompanhar. É o sabor da felicidade.

 

A tradição do burel
Carlos Medeiros e a mulher Elsa Gonçalves começaram a fazer porta-chaves e estojos em burel para oferecer aos amigos e ocupar os tempos livres. Mas não levou muito até começarem a surgir encomendas e desafios para peças mais elaboradas. Hoje, na sua OFICINA DO BUREL, loja/atelier no centro da vila, vendem saias, capas, vestidos, calções, macacões, incluindo vestuário e acessórios para homem e criança, e também peças de decoração. “Tudo o que o burel nos deixar fazer nós fazemos”, admite Carlos. São peças únicas e cheias de cor. Com as sobras de cada projeto fazem peças mais pequenas, de forma a “aproveitar ao máximo a matéria-prima”. A novidade deste ano são os casacos feitos exclusivamente de retalhos.

Antigo moinho recuperado
Escondido junto a um riacho pitoresco, a poucos minutos da albufeira do Alto Rabagão, este moinho recuperado, parece uma casa de conto de fadas, ainda mais logo pela manhã, quando enquadrado pelo manto branco da geada. O restauro manteve a construção original, e a mó – agora um elemento central da sala de estar – mas aumentou o edifício para o dobro do seu tamanho original. O MOINHO DE BRIÃO tem agora capacidade para acolher até seis pessoas – existe um quarto, sofá-cama na sala e mais duas camas no mezanino – e está ainda equipado com uma acolhedora lareira e kitchenette.

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Passeio de inverno por Freixo de Espada à Cinta, entre brumas e vinhas

Na ancestral vila raiana, delimitada pelo rio Douro, o vinho, a azeitona, a amêndoa e a laranja fazem parte de um cardápio servido numa paisagem de brumas envolta em muitas histórias. LM

Na primeira luz da manhã, Freixo de Espada à Cinta acorda com um nevoeiro suave instalado no vale da PRAIA DA CONGIDA, onde o Douro separa Portugal e Espanha. Este é bem visível das janelas do novo HOTEL FREIXO DOURO SUPERIOR, sobranceiro à vila, virado para ela e para o nascer do Sol. O hotel abriu portas no verão passado e é o primeiro quatro estrelas a instalar-se aqui.

Com piscina interior, sauna, banheira de hidromassagem, quartos espaçosos com varanda, não se deixou aqui nada ao acaso, incluindo o restaurante. O chef responsável Diego Ledesma, que na vila está à frente do restaurante Cinta D’Ouro, convidou um seu conterrâneo espanhol Miguel Cotobal para gerir a cozinha do hotel. Natural de Saucelhe, é a primeira vez que trabalha deste lado da fronteira. “Antes de vir para Portugal, estive no estrela Michelin Victor Gutiérrez, em Salamanca”, conta.

O chef conhece bem a zona raiana mas teve de “aprender cozinha portuguesa” pois tinha de usar produtos como o bacalhau, aqui servido no forno com legumes e batatas ou com vinagrete e tomate, a alheira, a amêndoa, que acompanha o ensopado de borrego, e os cítricos. Não falta também a posta de vitela tradicional da região.

Outra versão deste prato encontra-se na CASA DE ALPAJARES, alojamento local gerido por Manuela Pelicano e o chef e produtor de vinho Marco Moreira da Silva. Apostando no atendimento personalizado, com apenas seis quartos, a casa tem uma boa sala de refeições (que funciona apenas por reserva) onde se pode experimentar uma gastronomia “de forte pendor raiano, com os melhores produtos das duas margens do Douro”, refere Marco.

Nas mesas de ambos os restaurantes o que se bebe é o vinho do Douro Superior, principalmente o produzido em Freixo e que Pedro Martins e Manuel Caldeira, da QUINTA DOS CASTELARES, consideram o melhor da região. Situada na Serra de Poiares, a sua história remonta aos anos 1970, quando Manuel Caldeira comprou um pedaço de terra para plantar vinhas. “Na aldeia de Poiares morava Gastão Taborda, o engenheiro que não deixou desaparecer a touriga nacional. Quando eu estava a começar a plantar, ele recomendou que eu plantasse a serra toda, pois aqui estão ‘as melhores massas vínicas do Douro’”, conta Caldeira, que sabiamente seguiu o seu conselho. Foi só em 2010, quando Pedro Martins, engenheiro do Porto, se mudou para Freixo e se juntou ao projeto, que surgiu a marca. “Em 2011, iniciámos a vindima mas só em 2013 começámos a comercializar”, conta. Isto porque para eles “fazer vinho não é só espremer uvas, tem muita paixão”. No início “esgotávamos o vinho em seis meses”, lembra. Por isso, decidiram construir uma adega própria, inaugurada em 2015.

Na loja há uma espécie de altar com as referências da marca, sendo as três garrafas de cima os topos de gama: o Quinta dos Castelares Manuel Caldeira, o Sublime, 100 por cento touriga nacional, e o branco Bicho-da-Seda, que remete para a história da sericultura em Freixo.

Esta pode conhecer-se a fundo no MUSEU DA SEDA E DO TERRITÓRIO, no centro da vila. Mas antes de lá se chegar, percorra-se as ruas tendo em atenção as suas fachadas de estilo manuelino. Tantas, que a vila é chamada a mais manuelina de Portugal. “Estas fachadas só se podem entender com a expulsão dos judeus de Espanha, em 1492”, diz o historiador Jorge Duarte, técnico da autarquia. Sendo Freixo uma vila de fronteira, recebeu muitas famílias sefarditas. Como forma de distinção, porque tinham algum dinheiro, “decoravam as fachadas com a estética em voga na época”, explica. No museu, onde Jorge Duarte trabalha, é contada a história de Freixo, desde que era um pedaço de lodo do supercontinente Laurásia até ao século XX. Os vestígios dos primeiros humanos – que numa rocha junto ao rio deixaram gravado o que hoje é conhecido como CAVALO DE MAZOUCO – os castros, a romanização, a vida rural, toda uma vasta história é abordada no museu.

Na secção dedicada à seda, aprende-se como se passa do casulo para o fio e no andar de cima, três senhoras tecem a linha, produzindo diversos tecidos, não deixando morrer esta arte.

(Fotografia: Rui Manuel Ferreira/GI)


Comer na vila

A experiência de emigração da família Araújo na Suíça está à vista no restaurante ZONA VERDE, que une gastronomia regional e comida de tradição italiana. O restaurante abriu em 2005, quando a família regressou à terra. José Carlos Araújo aprendeu a cozinhar com a mãe e está à frente do espaço, que serve postas, bacalhau, polvo e pizas. Novidade na vila é O HISTÓRICO, espaço de petiscos pensado por Derek Sendim, com decoração que remete para as tabernas históricas. Aqui, bebe-se vinhos e cervejas e come-se chouriça, moelas ou codornizes.


Produtos Arribas do Douro

Miguel Massa, engenheiro, vivia no Porto quando decidiu voltar a Freixo para tomar conta das terras da família. O pai, médico, era já em 2006 o maior produtor de azeitona de conserva da Península Ibérica. Mas o negócio estava “meio absoleto” e Miguel apostou na criação da marca ARRIBAS DO DOURO para produtos gourmet, como pasta de azeitona, azeite e vinhos. Na fábrica, há uma pequena loja onde se pode adquirir os produtos.

(Fotografia: Rui Manuel Ferreira/GI)


Trilhos e miradouros

No Parque Natural do Douro Internacional há trilhos para percorrer pontuados por miradouros que justificam a caminhada. Penedo Durão e o Assumadouro são dois deles.

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Diversão nas alturas: um passeio de inverno pela Serra de Estrela

Desportos de inverno, sabores tradicionais, natureza e ar puro. Na montanha mais alta de Portugal continental, a Serra da Estrela, há novidades e clássicos para toda a família: adultos, crianças e animais de estimação. CF

Ir à Serra da Estrela desperta um entusiasmo quase infantil, que emerge logo na subida até à Póvoa Velha, aldeia no concelho de Seia. Foi lá que o Rui Mendonça fixou morada, vindo de Lisboa, e criou as CASAS DO PASTOR para acolher visitantes ávidos de natureza e respetivos animais de estimação. Os bichos são bem-vindos ali como no restaurante ALPHA TAURI, onde Rui serve os pequenos-almoços. Com o avançar do dia, aquele edifício-miradouro, a cerca de 900 metros de altitude, vira espaço de cozinha de autor assente em sabores locais.

As Casas do Pastor estão situadas em Póvoa Velha, aldeia no concelho de Seia. (Fotografias: Miguel Pereira da Silva/GI)

Os animais de estimação são bem-vindos neste alojamento.

Na ementa, há cabrito assado e pratos de caça (o mais pedido é o crocante de veado), mas também algumas surpresas, como o lombo de atum com legumes assados e creme de pistacho. O restaurante, gerido pelo chef Filipe Pinto, nasceu em agosto de 2020, esteve uns meses fechado, devido à pandemia, e reabriu em maio passado. Tem lareira e uma esplanada com vista desafogada: de dia, há o verde salpicado de casas; à noite, o céu estrelado.

Cabrito assado e pratos de caça são propostas na carta do restaurante Alpha Tauri.

O chef Filipe Pinto.

De belas paisagens se faz, também, o caminho até ao cume da segunda montanha mais alta de Portugal (a primeira é o Pico, nos Açores). Brincadeiras na neve ou mera contemplação justificam uma visita à TORRE, a 1993 metros de altitude, no centro do Parque Natural. Há ainda o apelo dos produtos serranos, sobretudo depois de provar o queijo e o presunto estendidos a quem passa pel’ A LOJA DO BRÁS, no Centro Comercial da Torre. Outra atração é a ESTÂNCIA DE SKI SERRA DA ESTRELA, que permite esquiar ou fazer snowboard. O forfait, passe que dá acesso às pistas e aos meios mecânicos, pode ser comprado ali ou online.

Seia, Serra da Estrela. (Fotografia: Miguel Pereira da Silva/GI)

A estância de Ski Serra da Estrela.

A Loja do Brás, no centro comercial Torre.

Não muito longe, nas Penhas da Saúde, ergue-se a POUSADA DA SERRA DA ESTRELA, com 92 quartos, duas piscinas (uma delas interior e aquecida), spa e demais confortos para toda a família. Há uma sala com brinquedos para os miúdos, e são permitidos animais nos quartos e no jardim, pagando uma taxa de 25 euros por noite. Aquele edifício imponente, que funcionou como sanatório até 1969 e esteve ao abandono, reabriu em 2014, pela mão do grupo Pestana. Foi recuperado segundo projeto de Souto de Moura, sem perder os traços originais.

Pousada da Serra da Estrela soma mais de 90 quartos.

O cabrito serrano com arroz de forno, no restaurante da Pousada da Serra da Estrela.

No restaurante da Pousada não faltam, igualmente, histórias. Basta pensar no bacalhau à Assis, criado pelo dono de uma pensão local, que teve de alimentar os hóspedes de improviso, durante um nevão. O resultado foi uma espécie de bacalhau à Brás, mas com cenoura e presunto, conta o chef Agostinho Martins, minhoto rendido aos produtos da região, como a truta, o cabrito, o pão ou a cherovia. Esta última chega-nos na forma de doce, encerrando a degustação, e o panorama, lá fora, mais parece um prolongamento da sobremesa. Só por aquela visão sobre as montanhas, já se sai revigorado.

As muitas faces do pão

Quatro salas temáticas, bar-biblioteca, restaurante e mercearia compõem o MUSEU DO PÃO, que encara o pão português de múltiplas perspetivas: etnográfica, política, social, histórica, religiosa, artística e lúdico-pedagógica. O percurso expositivo inclui peças tão diversas como alvarás régios, senhas alimentares, sacos de pão saídos de enxovais ou a escrivaninha de Fernando Pessoa.

A açorda de borrego Serra da Estrela DOP do restaurante do Museu do Pão.

Alguns dos produtos da zona de mercearia do Museu do Pão.

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Um passeio de inverno pela Ericeira, entre bicicletas e surf

O surf corre nas veias da Ericeira, mas não é o único motivo de visita. Em redor da vila há trilhos para pedalar, petiscos e cervejas artesanais, bonitas paisagens e um novo alojamento para dormir com todo o conforto, em casal ou em família. AR

De ténis, calções e capacete na cabeça, Guilherme Caetano pedala energicamente à frente do grupo, enquanto o estacionamento de Ribeira de Ilhas vai ficando cada vez mais mais para trás. “Esta praia é uma das que integra a Reserva Mundial de Surf da Ericeira, única na Europa e que permite que tanto principiantes como surfistas mais experientes possam surfar sete ondas de classe mundial”, explica, parado no topo da falésia e com o sol a pôr-se em tons de laranja.

Passeios de BTT organizados pela empresa Liquid Earth
(Fotografia: Leonardo Negrão/GI)

O desafio é percorrer 15 quilómetros circulares, de dificuldade média-fácil, num passeio de BTT pelos caminhos que contornam a reserva, por cima das escarpas. Mas a LIQUID EARTH, empresa de desporto e turismo de aventura sediada na vila, também organiza tours de bicicleta pela vila, aulas de surf e outras atividades de adrenalina ou cultura. Quem segue igualmente no passeio é Rui Silva, engenheiro civil muito viajado, mas que sempre guardou um carinho especial pela Ericeira.

(Fotografia: Leonardo Negrão/GI)

“Sempre tive ligação à Ericeira, por via da minha família e dos meus amigos. Era onde vinha passar férias”. Surfando a onda do turismo, Rui e a mulher Catarina investiram no alojamento ERICEIRA PRIME VILLAS, num terreno muito próximo do do centro e das praias. São seis vilas rodeadas de natureza, nas quais nada falta: quarto duplo ou twin, sala com kitchenette totalmente equipada, zona de estar com sofá-cama e secretária e um terraço equipado. Três das casas têm piscina própria.

No amplo jardim em baixo encontra-se a piscina comum, onde as crianças podem brincar sob o olhar atento dos pais. “O nosso espaço é muito procurado por famílias, e no caso de terem bebés ou crianças pequenas também disponibilizamos berços, carrinhos de passeio, cadeiras de refeições, banheiras de bebé e braçadeiras para utilizar nas piscinas, entre outros”, explica Rui. A pedido, é possível fazer também aulas de ioga e surf e levar um animal de companhia para a vila.

Aqui, tudo parece girar em torno do surf, prática que terá surgido entre o povo polinésio e chegado ao mundo ocidental no século XIX, segundo conta a história. Hoje é impossível não associar este desporto ao Havai e a outras estâncias mundiais, tal como às portuguesas praias da Nazaré, Santa Cruz, Cascais ou da Costa da Caparica. Por ser um dos mais concorridos destinos de surf na Europa, a Ericeira passou de vila piscatória e balnear a uma internacional “meca do surf”.

A magia do lugar surge em grande parte retratada na exposição coletiva de fotografia “LUZ E CORES DA ERICEIRA”, instalada em vários painéis na rua pedonal Dr. Eduardo Burnay, no centro histórico, até 28 de fevereiro. O município de Mafra desafiou 22 fotógrafos do concelho a captar a Ericeira e a costa do município pelas suas lentes e o resultado, à vista de todos, é um notável conjunto de fotografias em que predominam os azuis e os amarelos do mar e do pôr do sol.

No centro da vila, a luz quente é refletida pela calçada portuguesa e pelas casas brancas e azuis, e todas as ruas, travessas e ruelas desembocam em miradouros sobre o mar. É igualmente aqui que se encontram muitos e bons restaurantes de peixe – o ouriço-do-mar, considerado por alguns o “caviar” local, também é estrela da gastronomia -, mas como nem tudo o que vem à rede é peixe, vale a pela conduzir até Carvoeira para conhecer o BOTÃO BEER BACON.

Enquanto Tanimara tira cervejas artesanais à pressão (a de castanha assada é a mais sazonal), Giordano Dal Pozzo está na cozinha a ultimar os pratos de carne fumada, desde uns irresistíveis croquetes à combinação de batata, queijo e pastrami (peito de vaca fumado 10 horas) ou um hambúrguer de pulled beef (aba de costela) servido em pão produzido localmente. As cervejas exaltam os sabores do fumeiro, combinação que não podia resultar melhor para aquecer as frias noites de inverno.


Restaurante Índigo reabre em março
Encerrado durante o mês de fevereiro para melhoramentos, o ÍNDIGO, na praia da Foz do Lizandro, espera reabrir com a mesma decoração e amplas esplanadas. A carta manterá propostas de partilha como carpaccio de novilho, tártaro de atum, tacos de camarão e cortes como o de vazia simental maturada e picanha de black angus americano. De quarta a sábado à noite, funcionará como bar e club.

(Fotografia: Leonardo Negrão/GI)

 

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Passeios pela costa, um refúgio acolhedor e uma destilaria: o inverno na Costa Vicentina

Se no verão aqui “as águas brilham como prata”, no inverno há pastos verdes e um novo turismo rural para descobrir, assim como gin para aquecer a alma e trilhos de cortar a respiração, em frente ao mar.

“Havia um pessegueiro na ilha/Plantado por um vizir de Odemira/Que dizem que por amor se matou novo/Aqui, no lugar de Porto Covo”. A eterna canção de Rui Veloso ecoa instintivamente na cabeça de quem percorre a zona em frente à Ilha do Pessegueiro, na costa do sudoeste alentejano. Mas da falésia não se avista nenhum pessegueiro na ilha – apenas o forte homónimo mandado construir por D. Pedro II, no século XVII, para defender a costa dos piratas e corsários.

Aberto apenas a visitas previamente marcadas com o município de Sines, o forte surge associado a outro motivo de passeio, tanto a pé como em BTT. Afinal, é em Porto Covo que o TRILHO DOS PESCADORES e o Caminho Histórico da emblemática Rota Vicentina se cruzam. Dali pode-se partir tanto para um como para o outro, sendo útil saber de antemão que ao contrário do histórico (que percorre acessos rurais), o costeiro é arenoso e fisicamente mais exigente.

“O trilho pode ser feito durante todo o ano, mas a melhor temporada é entre outubro e novembro e entre janeiro a maio”, aconselha Margarida Ferreira, responsável do muito próximo e recém inaugurado MONTE DA BEMPOSTA. A pensar nos caminhantes que estão dispostos a fazê-lo em etapas de um dia, o turismo rural criou um pacote com quatro noites com pequeno-almoço, três jantares, transporte para os trilhos e um piquenique diário, a partir de 432 euros por pessoa.

Monte da Bemposta, Turismo Rural
(Fotografia: Leonardo Negrão/GI)

Ainda antes de os dourados raios de sol se extinguirem no horizonte, o staff acende as lareiras em redor da piscina e desce as proteções do alpendre, ligando os aquecedores. As noites no Alentejo da Costa Vicentina são frias e húmidas, até durante o verão. Mas há uma lareira acesa na sala de refeições e um cesto de pão com manteiga e azeitonas a chegar à mesa, seguidos de peixinhos da horta e salada de polvo com tempero caseiro. Basta reservar o jantar até às 18h.

(Fotografia: Leonardo Negrão/GI)

A carta há de mudar com a chegada da primavera. Até lá, são sabores reconfortantes os lombinhos de porco com puré de batata doce e os filetes de peixe-galo com arroz de tomate, entre outras propostas. Já o recolhimento aos aposentos é feito em 16 unidades, de tipologias entre suíte e apartamento T3. A maioria são estúdios com mezanino e kitchenette, com chão aquecido na casa de banho, alpendre privado e uma decoração simples, a lembrar as casas alentejanas.

O inverno traz uma maior tranquilidade aos oito hectares do Monte da Bemposta, sem que falte o que fazer a miúdos e graúdos: há bicicletas, campos de padel com raquetes e bolas incluídas, passeios a cavalo ao fim de semana, aulas de ioga e surf mediante marcação e cavalos, lamas, burros e alpacas para alimentar no meio da natureza. Quem quiser conhecer a região fora de Porto Covo tem como sugestão a VILA DO GIN – BLACK PIG, a meia-hora de carro, em Vila Nova de Santo André.

O projeto arrancou em 2007 com a plantação do primeiro pomar de medronheiros do Alentejo (cujo fruto é destilado, juntamente com a alfarroba, para fazer o próprio álcool), e com a criação do porco alentejano. Com a destilaria em pleno funcionamento, o mediterrânico Black Pig não mais parou de ganhar prémios em concursos nacionais e internacionais, até dar origem, pelas mãos do seu destilador Miguel Ângelo Nunes, ao “primeiro parque temático de gin do mundo”.

São 15 hectares de área visitável e com 300 lugares sentados ao ar livre, onde tudo gira em torno do gin Black Pig. Com tantos espaços e atrações para diferentes faixas etárias, os adultos podem visitar a destilaria (onde são feitos gins, aguardente de medronho e rum) e provar gins no showroom, enquanto as crianças se aventuram no Gin Safari puxado por um trator ou vão à descoberta da fauna e flora do montado alentejano. É aí que tudo começa e acaba, com base num ciclo 360.


Comer no Alma Nómada
No restaurante do parque de campismo Yelloh! Village Costa do Vizir, em Porto Covo, a decoração lembra o calor da praia. No menu há petiscos, almoços e jantares ao sabor do peixe e marisco da costa e carnes maturadas como o Kobegal Super Premium com 60 a 90 dias de maturação, acompanhado com coleslaw e batata rústica para duas pessoas. A cozinha privilegia os produtos locais e sazonais, juntando-lhes um toque de criatividade. A carta de vinhos tintos, brancos e espumantes opta por pequenos produtores.

(Fotografia: DR)

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