De tuk-tuk por Faro entre museus, cozinha de autor e um hotel novo

Passeios de tuk-tuk todo o ano, novos e ecléticos restaurantes e património preservado é o que se encontra no dinamismo constante da cidade de Faro, a capital do Algarve.

Sofia Cavaco roda a chave do seu tuk-tuk de seis lugares e o motor quase nem se ouve. “Como é elétrico não polui nem é ruidoso, e mesmo quando chove podemos trabalhar, porque colocamos uma cobertura”, explica. Quando fundou a FAR ECO-TUK com o marido, há seis anos, não havia nenhuma empresa deste género. Com o Jardim Manuel Bívar nas costas, a primeira paragem deste mini-tour pela zona histórica e centro da cidade é na entrada do Arco da Vila, na muralha, um dos mais nobres exemplares neoclássicos no Algarve.

A porta portuguesa contrasta com a Porta Árabe, um arco em ferradura que era no século XI a entrada na cidade muçulmana de Santa Maria Ibn Harun (Ossonoba desde os fenícios). Depois da conquista do Algarve por D. Afonso III, os portugueses batizaram a cidade como Santa Maria de Faaron, o que terá dado origem a Faro. A cronologia histórica avança à velocidade com que o tuk-tuk percorre as ruas estreitas e empedradas até ao Largo da Sé, morada da Catedral de Faro e do Paço Episcopal, onde o bispo reside ainda hoje.

Guiando os passageiros para fora da cidade velha, Sofia mostra ainda os vestígios das muralhas seiscentistas e outros pontos de interesse arquitetónico e cultural, antes de terminar o percurso. A quatro minutos a pé dali, numa travessa com arte urbana, pode-se recarregar baterias no LOS LOCOS, o restaurante da chef Josefina Cardeza, natural de Buenos Aires, e do marido e filho da terra Duarte Lagoas, design de animação e fotógrafo. O espaço tem apenas uns “orgulhosos 47 metros quadrados”, mas não lhe falta o essencial, nem brunch ao fim de semana.

Na pequeníssima cozinha, Josefina compõe pratos com produtos sazonais, esteticamente simples mas muito saborosos, e não hesita ao recomendar bons vinhos. A carta muda frequentemente e inclui petiscos como beterraba com cogumelos e requeijão, bolinhas de queijo azedo com creme de café e amêndoas e gyosas de farinheira com molho de malagueta. Nos principais há por estes dias carabineiro grelhado com açorda de sapateira e molho agridoce e, para sobremesa, uma leve criação com gelado de chocolate branco e couve-roxa.

Carabineiro grelhado com açorda de sapateira e molho agridoce. (Fotografia de Leonardo Negrão/GI)

Faro está a tornar-se, de forma inegável, um destino cada vez mais interessante para quem gosta de comer bem. Outro dos exemplos é o novo EVA MARKET E STEAKHOUSE, com entrada independente pelo piso térreo do hotel AP Eva Senses, junto à marina. Além de cortes como entrecôte e filet mignon, o chef Tiago Santos utiliza o forno Josper para cozinhar carne de porco a baixa temperatura, que é servida numa deliciosa sandes de pão tostado com batatas fritas e maionese doce. Esta é a aposta para o horário do lanche, das 16h às 19h.

Diferente é o apelo do restaurante HÁBITO, no piso superior do hotel 3HB, na Baixa. Residente em Sta. Luzia de Tavira, a capital do polvo, o chef Adérito Almeida faz questão de utilizar o máximo de produtos da Ria Formosa na conceção da carta, cuja base é tradicional mas com “acentuada atenção ao detalhe” no empratamento. Assim se explicam o ceviche de ostras, a muxama de atum com requeijão de São Brás, pólen de abelha e figos, o polvo em tempura com arroz de coentros e grelos e as originais sobremesas que são autênticos tratados de gastronomia e cultura local.

Antes ou depois do jantar, vale a pena subir ao mais alto terraço do hotel para admirar o casario, a marina e a ria, na companhia de uma moderna lareira de chão. Mais acolhedores ainda são os 104 quartos e suítes de várias tipologias deste que é o primeiro e único cinco estrelas da cidade. De inverno, pode-se trocar a piscina de rebordo infinito pela interior com hidromassagem, jatos de água, sauna, banho turco e duches de contraste; manter a forma física no ginásio; reservar mesa no italiano Forno Nero (no piso térreo); ou simplesmente aproveitar para ler e descansar.

Um dos quartos do hotel 3HB Faro. (Fotografia de Leonardo Negrão/GI)


+ Os novos tesouros nacionais

Depois de o mosaico romano do Deus Oceano, descoberto na antiga vila de Milreu (Estoi), ter sido classificado como tesouro nacional há três anos, foi a vez de os bustos de Adriano e Agripina receberem o mesmo estatuto, em 2021, constituindo um novo motivo de visita ao Museu Municipal de Faro. Esta classificação atesta “a importância e raridade destas peças no contexto arqueológico local”, explicou o município em comunicado. Mas há muito mais para ver.

Além dos artefactos romanos que remontam ao tempo em que Faro era Ossonoba, existe uma secção dedicada aos vestígios islâmicos e o seu legado cultural, assim como outras salas com coleções de brasões e pinturas de importantes artistas nacionais e internacionais dos séculos XVI e XIX. O facto de o museu funcionar dentro do antigo convento feminino de Nossa Senhora da Assunção, com os claustros visitáveis, torna também a visita um bom programa de inverno.


+ Comida asiática do chef Rui Sequeira

Dumplings, baos, gyosas, pad thai e nasi goreng. Os farenses estão cada vez mais familiarizados com os nomes e o sabor destas especialidades asiáticas desde que o chef Rui Sequeira abriu o Monky, numa zona residencial fora do centro da cidade. Depois do Alameda, o jovem farense de 29 anos viu-se “forçado” a dar um espaço físico a este conceito de take-away e delivery, que virou sucesso no confinamento. A decoração foi feita pelo próprio, com elementos vindos do Japão e um grande macaco pintado numa das paredes.

Mas o país do sol nascente é apenas um dos que têm a sua gastronomia honrada no Monky. A carta também viaja pela Tailândia, Indonésia, Índia e Sri Lanka para levar para a mesa tentações como o couvert (pão nan, papadam, hóstias de camarão e sweet chilli) e delícias como tártaro de atum com picante, manga e pani puri, gyosas de porco e vegetais e bao de camarão crocante com cebolete. No capítulo dos pad thai e caris há múltiplas opções, mas vale a pena deixar espaço para a pannacotta de lichias com granizado de goiaba. Os mais afoitos podem arriscar pedir o cocktail Amagi Wasabi (vodka, wasabi e matcha), que é de muito difícil arrependimento. Em alternativa há cervejas e vinho.

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.



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