“Urban junglers”: as histórias de quem vive rodeado de plantas em casa

Sofia Manuel (mais conhecida por A Tripeirinha) rendeu-se às plantas de interior. (Fotografia: DR)
Bárbara Morais, Sofia Manuel e Pedro Trindade vivem rodeados de plantas, integrando-as na decoração da casa, e cuidam delas com atenção, amor e carinho. E mostram que a moda vai muito além da componente estética das partilhas nas redes sociais.

Bárbara Morais (@tinynest183/Projeto Alma Verde), Sofia Manuel (@atripeirinha) e Pedro Trindade (@peace.of.plant) têm um denominador comum: cresceram em apartamentos de cidade, mas nunca viraram as costas à natureza, seja por terem passado férias no campo, por terem crescido nos quintais dos avós ou por se aproximarem do tema graças aos percursos académicos e profissionais. Recuperaram a paixão pelas plantas na idade adulta, uma vez estabelecidos em casa própria, e agora não querem outra coisa.

“Esta paixão pelas plantas saltou uma geração, os meus pais não ligam nenhuma. Os nossos avós é que são os plantfluencers”, ri-se Sofia Manuel, de 31 anos, natural do Porto e mais conhecida por A Tripeirinha na sua página de Instagram com mais de 44 mil seguidores. Formada em Engenharia Civil, trabalhou em Moçambique, e quando voltou decidiu mudar de vida para ser programadora de software, no Fundão. Quando arranjou casa, uma “muito
antiga”, com o namorado, começou a colecionar plantas. São “bem mais de 250”.

(Fotografia: Laura Vergine Photography)

“Ainda hoje tenho um aloevera, que não sei como resistiu aos meus primeiros momentos de plant killer”, diz, com o jeito nortenho com que fala nos seus vídeos explicativos sobre plantas, gravados desde o início deste ano. Às quartas-feiras costuma fazer um live no Instagram para responder às dezenas de dúvidas dos seguidores, e no YouTube tem vídeos sobre como e quando trocar os vasos, controlar as pragas, cuidar das plantas no inverno e que espécies são
pet-friendly (não tivesse ela dois gatos e um cão a andar pela casa).

 

Plantas salvas do lixo
Bárbara Morais, arquiteta portuense de 26 anos, reconhece que “é tudo muito bonito, mas não é tão fácil quanto isso” ter uma casa cheia de plantas bonitas e fotogénicas. Casas de áreaspequenas, como a sua, podem ser um desafio e obrigam a distribuir as plantas verticalmente, em prateleiras ou suspensas em cabides de macramé, por exemplo. E depois há que contar com toda a despesa inerente. O melhor é comprar de forma informada e não por impulso, pois
nem todas são indicadas para qualquer casa ou divisão.

Quando comprou casa e esteve de licença de maternidade, Bárbara optou por recuperar primeiro plantas do lixo e fazer os próprios substratos com terra apanhada ao pé de casa. “Uma vez encontrei duas yuccas gigantes, plantei uma no jardim e levei outra para dentro. Tornou-se viral no Instagram”, conta. A noção de sustentabilidade sempre a acompanhou, e deu origem ao projeto de renovação de interiores Alma Verde, em que ajuda a “dar uma segunda vida às divisões da casa sem ter se gastar dinheiro quase nenhum”.

 

Fonte de bem-estar
“A parte estética é a mais superficial. O processo de criar uma planta é o que não se vê numa fotografia”, concorda Pedro Trindade, arquiteto paisagista apaixonado pelo Planting Design. Habituado que estava às plantas de exterior, o conimbricense de 33 anos levou a jardinagem para dentro de casa e criou a página Peace of Plant, para mostrar como estes seres vivos têm “o poder de criar ambientes acolhedores e saudáveis” e de tornar as pessoas “mais bondosas e sensíveis”.

Quando se sente mais agitado faz momentos de pausa no meio das plantas, à semelhança da Tripeirinha, que se deita no chão da sala só a olhá-las. A par de Bárbara, são unânimes em sublinhar as capacidades retemperadoras de ter plantas em casa, e o quão recompensador é cuidar do seu bem-estar. “As plantas não podem ser vistas só como objeto de decoração. São seres vivos com necessidades e esse caminho é muito bonito”, diz Sofia Manuel.

 

Dicas para iniciantes
É natural que se cometam erros de principiante. A Tripeirinha recomenda regar as plantas só
quando a terra do vaso estiver mesmo seca, ou simplesmente a mudá-las de sítio para
apanharem mais ou menos luz.




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