Uma roadtrip pelo lado mais primitivo do Douro

O Douro Superior oferece paisagens mais agrestes. (Fotografia: Artur Machado/GI)
Apesar dos postais de socalcos, a região duriense não acaba no Pinhão. Ainda à boleia da EN222, descobre-se um território com cenários mais agrestes, de encostas íngremes e rochosas, com o Parque Arqueológico do Côa no caminho.

Caminho para Vila Nova de Foz Côa – Freixo de Numão (Fotografia: Artur Machado/GI)

O Baixo e o Cima Corgo são os destinos mais populares de quem segue em direção ao vale vinhateiro, atraído pela paisagem em socalcos, mas o território que mereceu a classificação de património da humanidade vai muito além do Pinhão. Descobre-se ainda, à boleia da EN222, por entre vinhas de altitude, planaltos e cenários agrestes: o Douro Superior.

Um desvio pouco depois de atravessar São João da Pesqueira leva ao Miradouro de São Salvador do Mundo. Dali vê-se a fronteira que marca o início desse Douro primitivo, a Barragem da Valeira, ladeada de encostas íngremes e rochosas, rendilhadas de mato mediterrânico.

Mais adiante, no caminho em contracurvas que leva a Vila Nova de Foz Côa, ao contornar uma encosta ergue-se ao longe, numa das colinas, as ruínas do castelo de Numão – também pretexto para um desvio – e a paisagem vai ficando cada vez mais árida à medida que se aproxima o destino, e espreita o Douro Internacional.

Ali aguarda outro património mundial para descobrir, a arte rupestre do Vale do Côa. É no museu, incrustado no alto da montanha onde o rio Côa encontra o Douro, que começam as visitas do Parque Arqueológico de Foz Côa, criado com o objetivo de preservar aqueles achados pré-históricos.

 

Nas salas de exposição encontram-se outros vestígios e réplicas de algumas das rochas gravadas no Vale do Côa e noutros sítios da Europa, mas para verdadeiramente apreciar as gravuras é aconselhável fazer uma visita in situ.

No núcleo de arte rupestre da Penascosa está a primeira rocha descoberta, em 1991/92, pelo arqueólogo Nelson Rebanda, e também a última, encontrada no ano passado. «É o grupo central, onde se encontra a maior concentração de arte do período mais antigo do Paleolítico Superior», explica Aldina Regalo, uma das guias do parque, ao volante do jipe onde conduz os visitantes aos vários pontos de visita. São mais de 80 sítios com arte rupestre e 1200 rochas gravadas ao longo de 20 quilómetros, o maior conjunto mundial de arte paleolítica ao ar livre.

 

As visitas guiadas ajudam a identificar e descodificar as gravuras. O que à primeira vista pode parecer um emaranhado de traços no xisto, a um segundo olhar, mais atento e moroso, percebem-se as figuras – cavalos e auroques (uma espécie já extinta de bovídeo), na sua maioria -, gravadas pelos povos primitivos do Vale do Côa há milhares de anos.

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.

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