Sónia Dias: “A macrobiótica é muito sobre o voltar às origens”

Sónia Dias (Fotografia: Mariana Sabido)
Sónia Dias é consultora de nutrição e bem-estar, e acredita que uma alimentação saudável é a chave para uma vida feliz e equilibrada. Na sua primeira obra, o “Livro Base da Macrobiótica”, mostra como a mudança de pequenos hábitos pode fazer a diferença.

Um problema de saúde levou Sónia Dias a descobrir os poderes curativos dos alimentos e os benefícios da macrobiótica. Agora junta toda a sua experiência num livro, que espera inspirar mais pessoas a adotar um modo de vida saudável e consciente, e em sintonia com a Natureza. No final, partilha 40 receitas para todos os dias.

Este é o seu primeiro livro. O que a levou a escrevê-lo?
Para ser honesta nunca tinha pensado em fazer um livro, achava que já havia muita oferta no mercado, mas o convite da editora veio desmistificar isso. Fazia todo o sentido trazer uma abordagem que ainda não foi aprofundada, que é toda a filosofia subjacente à alimentação. Há muitos livros sobre o assunto, mas muito poucos vão beber aquilo que é a macrobiótica na sua génese, que é uma filosofia de estilo de vida. Tem uma vertente profundamente ligada ao ser humano e como ele se pode potenciar para viver uma vida feliz e em harmonia, para além da alimentação. O primeiro contacto que tive com a macrobiótica foi há quatro anos, quando fui tirar o curso no Instituto Macrobiótico. Na altura também pensava que a macrobiótica era só uma dieta, e agora a minha missão é desmistificar isso.

É uma espécie de guia de introdução à macrobiótica, onde conta um pouco do seu percurso pessoal de descoberta. O que motivou essa mudança de estilo de vida?
De uma forma simplificada, é pegando nos alimentos e percebendo quais são os que nos trazem equilíbrio, saúde. Quando estamos numa condição ótima de saúde, temos a capacidade de ter toda a nossa energia canalizada em concretizar os nossos sonhos. Quando temos a saúde comprometida, estamos preocupados com crises de ansiedade, com depressões, ou com problemas do foro emocional. E com os alimentos nós equilibramos o nosso estado emocional, equilibramos o nosso estado mental e dessa forma temos a capacidade de alcançar a nossa felicidade. Dá-nos uma mente mais focada naquilo que nós queremos concretizar.

O que distingue a dieta macrobiótica de outras dietas, como a vegetariana, por exemplo?
Para mim, a macrobiótica traduz-se em simplicidade, é muito sobre o voltar às origens, voltar a observar como é que os nossos avós e bisavós se alimentavam, que era essencialmente daquilo que vinha da terra. A macrobiótica diz-nos para comer aquilo que a Natureza nos dá a qualquer momento, o que é sazonal e local. Não há necessidade de ir buscar algo que vem de outro continente, porque o nosso corpo está preparado para receber os alimentos que são do nosso meio.
Outros regimes, como o vegetariano ou o vegan não contemplam a ingestão de carne, e nesse sentido a macrobiótica é muito mais flexível, apesar dos alimentos de origem animal serem uma componente muito pontual. E além disso tem uma filosofia profundamente ecológica.

Apesar dos alimentos de origem animal não serem proibidos, neste livro todas as receitas são veganas. Porque é que tomou essa opção?
Porque tem a ver comigo e com a minha identidade no Orinam desde o início. Tudo o que é produtos de origem animal, ou altamente processados e refinados, fica completamente de fora, e recomendo tudo biológico. As pessoas já ingerem muitos produtos de origem animal naturalmente, então não preciso de estar a promover esse consumo. Mas também não sou fundamentalista. Não vou dizer que de vez em quando, se calhar uma vez por mês, se me apetecer, não como uma boa carne. Acredito no que o corpo nos pede. Tomei a decisão de ser tudo vegano no livro porque as pessoas acham que é difícil ou que não se consegue encontrar receitas, e que não têm sabor. E naquelas 40 receitas provo que é possível não utilizar produtos de origem animal e ter na mesma pratos com sabor e com bom aspeto.

São receitas que faz no seu dia a dia?
Sim. O que eu fiz foi dar um “twist” àquilo que é a cozinha do dia a dia, porque acredito que a macrobiótica deve modernizar-se um pouco. Optei por misturar um bocadinho daquilo que são os nossos hábitos em Portugal, como uma boa sopa à portuguesa, daquela que as nossas avós faziam, e que é possível ser macrobiótica.

Quais são os ingredientes essenciais a ter na dispensa para quem se está a iniciar na macrobiótica?
O primeiro passo é deixar de consumir produtos processados, farinhas brancas e açúcar refinado. E substituí-los por produtos integrais: cereais como o arroz, o millet, a cevada, centeio, aveia, tudo na forma integral. Depois, muitos vegetais. Tudo o que a nossa terra nos dá sazonalmente. Ir buscar inspiração às bancadas dos produtores de mercadinhos locais e não dos supermercados, que já são uma miscelânea de coisas de todo o Mundo. E, por fim, as leguminosas, que são a fonte de proteína vegetal. Eu acredito que com estes três ingredientes e eliminando os outros já se faz uma transformação.

O livro e o site
Em 2017, Sónia Dias criou o Orinam Living, um site e página de Instagram onde partilha conselhos sobre alimentação e bem-estar que possam “inspirar outras pessoas na mudança”. Promove também cursos de alimentação natural, meditação e desenvolvimento pessoal.

“Livro Base da Macrobiótica” de Sónia Dias | Ed. Influência | 192 pág. | PVP: 17,69 euros

 




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