Sexta-feira 13: hoje há bruxas, feiticeiros e diabos em Montalegre

Milhares de pessoas visitam Montalegre nesta sexta-feira 13. (Fotografia: Rui Manuel Ferreira/Global Imagens)
Hoje há bruxas à solta, esconjuros e fogueiras e uma festa de arromba à volta disso, porque a tradição se repete na vila do Barroso.

Montalegre voltará hoje a rebentar pelas costuras, com milhares de pessoas de todo o país a festejar a segunda (e última) sexta-feira 13 do ano. A Noite das Bruxas celebra-se ali desde 2002, graças ao padre Lourenço Fontes – que se tornou um ícone local – e acabou por se transformar numa das maiores festas de rua do país. O concelho barrosão ficou conhecido como “capital do misticismo” e as ruas do centro, aconchegadas pelo castelo, ganham movimento de festival de música… com adereços do imaginário do bruxedo.

Os habitantes de Montalegre já estão habituados a montar a festa: todas as entradas na vila e o Centro Histórico são enfeitados com figuras de bruxas e outros adereços alusivos a um dia de “azar”. Lojas e cafés enchem-se de feiticeiras, diabos, morcegos e outras figuras míticas, e os restaurantes prepararam ementas a condizer. A Câmara Municipal aposta forte na animação de rua, com destaque para a encenação teatral “O profeta do fim”, esta noite, no castelo, seguida da famosa queimada do padre Fontes – durante a qual ele recita um longo esconjuro.

E como a maioria dos participantes na Sexta 13 não resiste a uma boa caracterização de bruxa, diabo ou outra figura horripilante, durante o dia há vários pontos em Montalegre onde é possível ser pintado gratuitamente. Convém levar um agasalho a mais, pois Montalegre é terra fria. A pensar nos menos avisados ou menos resistentes às baixas temperaturas, a Câmara distribui fogueiras pela vila. Na Rua Vítor Branco, paralela à Rua Direita, está instalada uma esplanada, na qual é possível deliciar-se com produtos regionais.

O FUNDADOR

PADRE FONTES
O padre António Lourenço Fontes continua a ser a figura mais emblemática do Barroso. Por ser o impulsionador da Sexta 13 em Montalegre e do Congresso de Medicina Popular de Vilar de Perdizes chegou a ganhar o título de “Dom Bruxo”. Passados 17 anos desde o início da celebração da Sexta 13 no seu concelho, continua a ser aguardada com muita expectativa a hora do esconjuro da queimada.

Padre António Lourenço Fontes. (Fotografia: Rui Ferreira/GI)

QUEIMADA À MEIA-NOITE
A mistela feita à base de aguardente num caldeirão – a que se juntam pedaços de maçã, limão, grãos de café, água, vinho, mel e açúcar – vai ser distribuída por todos os que quiserem aquecer a noite. Antes, serão “despejados” no caldeirão todos os males que atormentam os portugueses, para que pelo poder do fogo e da bênção possam ser esconjurados.

SUPERSTIÇÕES
São vários os comportamentos que servem para justificar uma eventual falta de sorte em sexta-feira 13: cruzar-se com um gato preto, abrir um guarda-chuva dentro de casa, passar debaixo de um escadote, partir um espelho, não descer da cama com o pé direito ou deixar cair um pente, entre outros.

O QUE VISITAR AO REDOR DA FEIRA

CASTELO DE MONTALEGRE
O castelo de Montalegre abriu ao público este ano após muitas décadas de encerramento. Tantas são que é difícil encontrar alguém no concelho que se lembre de o ver aberto. A visita a esta fortaleza mandada construir pelo rei D. Afonso III no final do séc. XIII é obrigatória. Depois de subidos muitos lanços de escadas, chega-se ao topo da torre de onde se desfruta de uma vasta panorâmica sobre a vila e arredores.

ECOMUSEU DO BARROSO
Trata-se de um museu de território dedicado à divulgação das tradições de Barroso. A sede fica junto ao castelo de Montalegre e há vários polos em aldeias, como a Corte do Boi em Pitões das Júnias, o Centro Interpretativo das Minas da Borralha em Salto, o da Vezeira ou o de Fafião. Saber mais em www.ecomuseu.org

PARQUE NACIONAL
A parte mais ocidental do concelho de Montalegre está inserida no Parque Nacional da Peneda-Gerês. A paisagem passa a maior parte do ano pintada de verde, com muitas vacas barrosãs nos lameiros delimitados por muros de pedra. O território é Património Agrícola Mundial.

A MESA
A gastronomia tradicional de Montalegre inclui a posta de vitela barrosã, o cozido à barrosã (feito com batata, couve, fumeiro e carnes de porco), pão de centeio, chouriças, salpicões, presunto, mel, compotas, entre outros.

PROGRAMA DE SEXTA 13

13h13 horas: Abertura da Feira do Esconjuro

Palco de Castelo
23 horas: Encenação “O profeta do fim”, seguido da queimada do padre Fontes e de um espetáculo piromusical.

Palco da Praça do Município
21 horas: Espetáculo com o grupo “Ús Sai de Gatas”
01 horas: Concerto de rock pelos portuenses Black Cherry




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