Serra d’Arga: mergulho na natureza (com o mar no horizonte)

Vila Praia de Âncora, no concelho de Caminha. Fotografia: Rui Manuel Fonseca/GI
Nesta serra minhota, património, cultura e natureza andam de mãos dadas, principalmente neste mês de agosto, época de romarias e de um festival de arte. Esta é também a melhor altura para se descobrir o que a serra tem para oferecer de espaços naturais e a gastronomia da região.

É no Alto Minho, distribuída pelos concelhos de Caminha, Ponte de Lima e Viana do Castelo, que se encontra a serra d’Arga, um conjunto montanhoso de origem granítica que ocupa 4493 hectares.
Além de ser o berço do rio Âncora, a serra guarda um património natural valioso, que inclui mais de 500 espécies de plantas e de 200 espécies de animais, entre elas, o lobo e a salamandra-lusitânica.

Culturalmente, nesta altura do ano, a serra está a fervilhar, com uma iniciativa única em Arga de Baixo, que já vai na 21ª edição, e leva a arte de 40 artistas ao coração da Serra d’Arga, e uma romaria, tida como a mais genuína do Minho. Todos os anos, centenas de caminhantes e peregrinos, em finais de agosto, escalam a serra até um santuário rodeado de rochas escarpadas, num lugar de enorme paz e uma vista bonita.

 

Centro Interpretativo da Serra d’Arga

Fotografia: Pedro Granadeiro/GI

Saias bordadas tradicionais, meias de lã de ovelha e miniaturas de carros de bois são alguns dos objetos expostos no CISA, instalado numa antiga casa da Guarda Florestal, e que dá a conhecer os modos de vida serranos. Ali, os visitantes podem aprender mais sobre a Serra d’Arga, recorrendo à ajuda de painéis explicativos sobre o território, património, população, fauna e a flora. A tradição mineira, muito intensa durante a II Guerra Mundial, está representada nos dois mostruários em vidro, nos quais se observa a exposição de geologia, resultado de uma colaboração com a Universidade do Minho.

 

Santuário de São João d’Arga

É no topo da serra que surge discreto, no meio da vegetação, o Santuário de São João d’Arga. O conjunto de traços românicos tardios, que inclui o mosteiro e a capela, está classificado como Monumento Nacional, e de lá avista-se uma bonita panorâmica sobre o rio Minho.

Anualmente, acolhe a Romaria de São João d’Arga, que leva centenas de romeiro e peregrinos devotos a São João Baptista, a escalar a serra até ao santuário, partindo de Caminha. Alcançado o destino, muitos são os que cumprem a tradição de dar três voltas à igreja e entregar duas esmolas – uma a Deus e a outra ao diabo. Seja por devoção ou diversão, quem sobe a serra, este ano nos dias 28 e 29 de agosto, encontrará tocadores de concertinas, romeiros a cantar ao desafio e despique de bandas. Tudo isto regado a chiripiti, uma mistura de aguardente com mel.

 

Cerquido Village & Spa

Fotografia: Gonçalo Delgado/GI

Foi na aldeia do Cerquido que Filipe Pimenta, diretor do Centro Equestre Vale do Lima, montou três casas para turismo rural com um spa. A primeira, em 2015, era uma casa da aldeia que foi recuperada. Depois, foram construídos dois bungalows de madeira (para quatro pessoas), devidamente encaixados na encosta para não ferir a paisagem. A parede de vidro do spa transforma o sítio numa varanda com vista panorâmica sobre o vale do Lima.

 

Arte na Leira

Mais de 40 artistas, portugueses e estrangeiros, consagrados e promissores, ligados à pintura, escultura, fotografia e cerâmica, têm o seu trabalho exposto, até dia 25 de agosto, na leira e dentro de portas, na Casa do Marco, em Arga de Baixo. A surpreendente iniciativa Arte na Leira une a arte contemporânea à ruralidade da serra, há 21 edições, organizadas pelo pintor, ceramista e escultor Mário Rocha, que também apresenta alguns dos seus trabalhos. A entrada é livre.

 

Festival Gastronómico do Bife de Espadarte

Até domingo, ainda há tempo para provar as sete criações à base de peixe espadarte, em Campo do Castelo, Vila Praia de Âncora. O espadarte al dente, uma receita que junta esparguete e um guisado do peixe, juntou-se, nesta sexta edição do festival, a outras sugestões como a vinagreta, a chorinha, os hambúrgueres, o bife e o arroz. Este ano foi criado um voucher para os peregrinos que pode ser levantado nos postos de turismo e em alguns albergues do Norte. Pela quantia de 5 euros, é possível escolher um prato, bebida, sobremesa e café. Até 18 de agosto, das 12h às 24h. Pratos desde 5 euros. Entrada livre.

 

Conhecer a serra de jipe e fazer broa

Fotografia: Rui Manuel Fonseca/GI

Bruno Correia, da Caminha 4X4, proporciona uma visita diferente à serra, guiando os clientes mais aventureiros por caminhos pedregosos, a bordo de um jipe UMM. O passeio, com a duração de três horas, dá lugar a ver o cume da serra, onde se encontra o Santuário da Senhora do Minho, com uma das melhores panorâmicas sobre a área envolvente e o Santuário de São João de Arga. Incluído está o almoço num restaurante tradicional.

Da mesma forma, os irmãos Filipe e Agostinho Correia dão a conhecer a serra, recorrendo a meios que não incluem o carro, como a bicicleta ou o burro. Quem gosta de ter os pés bem assentes na terra, pode optar pelos trilhos e caminhadas. Ao todo, são quase dez programas dedicados à Serra D’Arga, com diferentes durações e níveis de dificuldade, que abordam cascatas, a flora e a fauna da serra, e os moinhos da aldeia da Montaria. Destaca-se, contudo, o workshop da broa de milho da Montaria, em que os participantes põem as mãos nesta tradição que vem desde o século XVI. Passeio desde 35 euros por pessoa. Caminhadas desde 30 euros por pessoa (piquenique incluído).

 

Anta da Barrosa

Fotografia: Rui Manuel Fonseca/GI

Este monumento megalítico, cuja datação remonta ao terceiro milénio a.C., localiza-se no lugar da Barrosa, em Vila Praia de Âncora, Caminha, e é um dos mais bem preservados da Península Ibérica. A sua principal função era sepultar os chefes mais importantes do clã.

 

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