São João em Vila do Conde: sardinhas, marchas e fogo no rio Ave

Vila do Conde. (Fotografia de Artur Machado/GI)
Dois ranchos rivais, um centro histórico engalanado, fogo-de-artifício no rio, Toy e uma pedrinha na fonte. Assim se faz a festa do padroeiro São João em Vila do Conde.

A rivalidade entre os dois ranchos da terra tem cem anos. É ela que faz do S. João de Vila do Conde uma festa única e cheia de tradições de outros tempos. Há cascatas espalhadas pela zona histórica, manjericos e alho-porro, cantares ao desafio, farturas e carrosséis, sardinhas assadas, marchas luminosas na avenida central, fogo-de-artifício junto ao rio Ave e festa pela noite. No final, a pedrinha na fonte de S. João e um segredo para revelar.

O programa começa bem antes da grande noitada: hoje mesmo há cantares ao desafio. Na Igreja Matriz, o Rancho da Praça. Do outro lado, junto ao Mosteiro de Santa Clara, o Rancho do Monte. Traja-se a rigor e ergue-se a voz a plenos pulmões, numa espécie de cantares ao desafio. São os cantares a S. João que, a uma semana do dia, anunciam as festas do padroeiro.

A estátua do padroeiro. (Fotografias de Artur Machado/GI)

Desde sábado, inauguraram-se as cascatas. São 12 espalhadas pela zona histórica da cidade e ficam até 26 de junho. Segui-las é uma boa forma de percorrer os sítios mais pitorescos da festa.

Comer e beber

À beira-rio, não faltam opções para comer sardinha assada. Na grande noite, Paulo Rodrigues, do Alfândega, não tem mão a medir. É dele o assador. Ali, chegam a vender-se 1500 sardinhas em meia dúzia de horas. Em frente à nau quinhentista, com uma esplanada virada para o rio, em pleno centro da festa, o Alfândega está em lugar privilegiado. Na noitada de S. João, a dose com dez sardinhas, batatas e pimentos vai custar 30 euros. No Bar da Praça, ali a dois passos, mais esplanada, mais sardinhas assadas. Ali, a iguaria típica dos santos populares mistura-se com o rancho – um dos protagonistas da festa – e o jantar é entre cantigas de outros tempos, t-shirts e cachecóis do rancho, entre “pracistas de alma e coração”.

Paulo Rodrigues, do restaurante Alfândega. (Fotografias de Artur Machado/GI)

Desfile na avenida

A noite mais longa do ano começa com as marchas luminosas dos ranchos do Monte e da Praça. Nos carros alegóricos, preparados em segredo, em esferovite ou madeira, seguem réplicas dos monumentos da terra. Pelo meio, são centenas, de arcos e balões na mão, a desfilar pela avenida, a partir das 22h. Findo o desfile, a festa segue na “casa” de cada um: a Praça dança na praça de S. João, junto ao mercado; o Monte, no monte do Mosteiro, junto a Santa Clara.

Vila do Conde, 10/06/2022 – Reportagem sobre São João, em Vila do Conde.
Decoração das ruas para a festa do S. João.
(Artur Machado / Global Imagens)

O fogo-de-artifício no rio, com direito a cachoeira na ponte sobre o Ave, é à 1h30. A beira-rio, o Mosteiro ou a Capela do Socorro têm vista privilegiada. Depois, a festa segue com o Toy, no palco no Cais da Alfândega.
Há farturas e carrochéis para os mais pequenos no jardim da avenida Júlio Graça. Para os jovens é junto ao rio, a nascente da ponte, na avenida do Ave. Antes da noite acabar, é tradição atirar a pedrinha. “Quem conseguir acertar [no nicho da Fonte de S. João – situada na rua D. Nuno Alvares Pereira, junto ao Mosteiro], este ano irá casar”.

Animação infantil no Cais da Alfândega.

Ida à praia

No dia do padroeiro de Vila do Conde à noite, há mais uma tradição para cumprir: a ida à praia. Milhares seguem de mãos dadas ao som da música do seu rancho, a cantar e a dançar, até à frente marítima da cidade. Compete-se pelo rancho que leva mais gente, canta mais alto, tem a festa mais animada. A noite fecha à meia-noite com a sessão de fogo preso na Praça D. João II.




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