Sacos amigos da tradição e do ambiente

Com os seus taleigos e sacos Branco Chá, Antónia Gomes pretende desencorajar o uso de sacos de plástico e de papel. (Fotografia: Rui <span class="pba_ort_error">Oliveira/Global</span> Imagens)
Ao velho gosto pela costura, Antónia Gomes aliou o interesse pela sustentabilidade. Os seus sacos feitos com tapeçaria típica e pano, que levam a etiqueta Branco Chá, têm por base excedentes de fábricas e armazéns essencialmente locais.

Em miúda, Antónia Gomes passava tardes a fazer roupas para as bonecas. Sempre gostou de costura e manualidades, mas só fez disso vida quando perdeu o emprego (vendia equipamentos médicos). Hoje trabalha num ateliê, na Póvoa de Varzim, entre a máquina de costura e desperdícios têxteis que servem de base aos seus sacos com a etiqueta Branco Chá. “Branco é transparência e chá é quente; um equilíbrio, como se fosse o yin e o yang”, diz.

O projeto começou em 2013, por brincadeira, até que se tornou sério. Antónia sentia vontade de criar com as mãos, tinha um familiar ligado ao setor têxtil e conhecia muitos armazéns. Quando ficou mais sensível à questão da sustentabilidade, procurou soluções nesse sentido e, em 2017, virou-se para a tapeçaria: por que não transformá-la em sacos?, pensou ela, que desde cedo vira o artesanato como algo muito rico, mas nem sempre tão apelativo em termos de design.

Hoje, os sacos com mais procura são os que se baseiam na tapeçaria típica da Póvoa, de onde vêm quase todos os excedentes de armazéns e fábricas que utiliza na Branco Chá. Esses campeões de vendas levam o nome da marca e são feitos localmente, com o contributo de tecedeiras. Antónia indica como quer que teçam e termina os sacos no ateliê: cose-os, aplica-lhes os bolsos e as alças, que podem ser feitas com cós de calças ou couro envelhecido. São peças únicas, personalizáveis em função das matérias-primas disponíveis – as quais, de outra forma, acabariam no lixo.

Além dos sacos Branco Chá, com preços entre 54 e 60 euros, há os taleigos, que podem ser levados, ao ombro, para o café ou para a praia – daí terem forros impermeáveis. Custam 12 euros. A pedido de clientes surgiram, entretanto, as senhoritas, sacos de pano mais pequenos, para andar na carteira, inspirados naqueles que as mulheres usavam na mão nos anos 1920. Esses estão disponíveis por 9 euros.

O objetivo é manter tradições portuguesas e travar o recurso a sacos de plástico e papel. Uma missão que tem chegado longe: já seguiram encomendas para o Qatar e as Ilhas Maurícias. Antónia comunica pelas redes sociais, por vezes participa em mercados e tem peças em lojas selecionadas (a Uva, na Póvoa, a Padaria Águas Furtadas, no Porto, e a Maria Granel, em Lisboa). O ateliê é só para trabalhar – na companhia da boneca Barriguita que vestia a seu bel-prazer, quando era criança.

 

Branco Chá
Tel.: 927660067
Web: instagram.com/branco_cha

 

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