Corre paralela à arterial Fontes Pereira de Melo, no entanto o seu ritmo é mais compassado. No verão, graças às copas frondosas dos plátanos que ocupam o seu passeio central, a Rua Viriato fica quase um sítio de recato. Quase, entenda-se: não deixa de ter trânsito, ainda que se tenha falado de torná-la pedonal em parte, no âmbito das obras recentes do Eixo Central. Ficou essa parte por fazer, mas uniformizou-se aquilo que fazia dela uma rua única na cidade (porventura no país): até finais de 2016, aqui circulava-se ao contrário, pela esquerda, provavelmente uma reminiscência do tempo em que Portugal conduzia à inglesa. Tempo esse que terminou em junho de 1928.
O jogo dos opostos não se fica por aí. Se hoje estes quatrocentos metros de cidade homenageiam o herói lusitano do século II – também ele uma figura simultaneamente de contracorrente e controversa –, até ao edital municipal de 7 de agosto de 1911, movido pelo fervor republicano, a rua ostentava o nome de Barros Gomes, ministro da monarquia constitucional, detentor da pasta dos Negócios Estrangeiros ao tempo da cedência ao Ultimato Inglês. Em caso de dúvida do porquê desta renomeação, repare-se no pendor anti-britânico do hino A Portuguesa, oficialmente adotado um par de meses antes. Curioso é que se tenha mantido o «jeito inglês» de conduzir por mais um século.
Arquitetura de autor
No final da rua, de um lado fica a Maternidade Alfredo da Costa, projeto de Ventura Terra. Do outro, a Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves, traçada por Norte Júnior para o pintor José Malhoa em 1905 – e hoje convertida em museu de pintura portuguesa e artes decorativas.
Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.
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