Rasmus Forman: conhecer Portugal à boleia de um dinamarquês

(Fotografia de Pedro Correia/Global Imagens)
Com os compatriotas que visitam o nosso país este dinamarquês partilha a cultura do povo e não esquece de explicar as origens e as circunstâncias sociais e políticas que fazem Portugal.

Primeiro apaixonou-se por uma portuguesa e só depois, volvida mais de uma década, se rendeu a Portugal. Na verdade, a história da relação de Rasmus Forman com o nosso país começa em Berlim, onde conheceu Sofia Meireles durante um intercâmbio, no âmbito do programa Erasmus. Viveram em Cabo Verde e na Dinamarca até Rasmus “ganhar coragem para mudar” rumo ao país onde durante mais de uma década veio de férias. Quando muitos portugueses estavam a emigrar de Portugal, devido à crise, este dinamarquês fez o caminho inverso – tornou-se imigrante.

Vila do Conde foi a terra escolhida para viver e ver crescer os filhos, de 13 e 15 anos. Agora o seu trabalho é mostrar aos compatriotas este bocadinho de Portugal. “Eles apenas conhecem Lisboa, Madeira e Açores”, diz Rasmus, a quem cabe mostrar um pouco do Norte do País. “São pessoas na maioria com mais de 60 anos, reformadas ou pelo menos já sem filhos a cargo e muito ativos. Ao lazer querem aliar conhecimento”, assim traça o perfil dos seus clientes. E é cultura, no sentido mais lato que lhes proporciona, a partir de Vila do Conde. Os roteiros podem ser de seis dias e começam, todos, no Monte de Santa Luzia, em Viana do Castelo. “Iniciamos no Castro, dali têm a visão da terra, do mar e também do viver dos povos que primeiro povoaram a região”. Ao longo dos seis dias, visitam ainda uma quinta no Minho, o Porto medieval e num outro dia o Porto moderno, que inclui Serralves e a Casa da Música. Em Vila do Conde, faz-se o contacto com os Descobrimentos. No roteiro, está naturalmente a nau quinhentista. Rasmus olha para a cultura em banda larga. Por isso, a feira semanal vila-condense integra o tour e os dinamarqueses adoram, diz com um sorriso rasgado.

Ligado a uma empresa turística com sede na Dinamarca, Rasmus quer mostrar as raízes do País que escolheu para viver. Procura a palavra certa e, de repente, ei-la que surge: identidade É isso que pretende transmitir aos seus convidados. Assim, num dos dias, em encontro informal, há espaço para os turistas ouvirem dois jovens portugueses a partilhar a experiência de como é iniciar a vida adulta em Portugal. Tomam, deste modo, “consciência de quão diferente é a realidade dos dois países. “Lá é mais fácil”, reconhece. Também não se esquece de sublinhar: Portugal só desde há poucos dias vive há mais tempo em democracia do que em ditadura. Uma realidade completamente desconhecida para o povo do Norte da Europa, com uma democracia constitucional há mais de 150 anos.

Sem perder de vista o objetivo de proporcionar férias com conteúdo, Rasmus adapta os seus roteiros. Quando falamos, tinha acabado de chegar de Santiago de Compostela para onde guiou um grupo pelo caminho central, para poder contactar com o Portugal rural. Outros passeios seguem pelas quintas vitivinícolas, do Alto Minho e do Alvarinho, passando – de outra forma não podia ser – pelas quintas do Douro, as mais clássicas das grandes empresas inglesas, mas também por pequenos produtores locais, até ao Dão, de preferência coincidindo com a Feira de S. Mateus, em Viseu.
A Vila do Conde regressa sempre, lugar cheio de potencial, ainda não descoberto pelo turismo. No que depende de Rasmus, a cidade continuará como base dos seus passeios. “Com esta atividades também quero envolver as pessoas da terra. Nesse sentido, as dormidas são na margem do Ave e nas noites de fado, num restaurante local, as guitarras são dedilhadas por músicos da terra.

Três sítios preferidos de Ramus em Portugal:

Feira semanal de Vila do Conde

Ramus escolhe a da cidade onde vive, mas poderia ser outra, Barcelos, por exemplo.

Minho

Porque lhe recorda o verde da Dinamarca.

Viseu

As noites de verão no centro histórico de Viseu.




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