Na manhã de 5 de outubro de 1910, a proclamação da República era feita das varandas da Câmara Municipal de Lisboa. Poucas horas depois, D. Manuel II partia para exílio, a bordo do seu iate Amélia, da Praia dos Pescadores, na Ericeira. A partir daí, o último rei português viveu os restantes dias em Inglaterra e marcou este areal com o episódio histórico. Para avivar a memória, o momento é explicado numa placa na fachada da Capela de Nossa Senhora da Boa Viagem, quase colada à praia, com um miradouro exemplar sobre a mesma.
Com uma localização central e privilegiada junto à vila piscatória – onde há novidades para conhecer -, a Praia dos Pescadores está abrigada por um paredão curvado de 40 metros de altura, tornando-a mais acolhedora e protegida contra o vento, um fator importante quando se fala nesta zona do Oeste. A acessibilidade também é uma das suas mais-valias, munida de rampas de entrada e saída do areal em ambas as pontas. Na Praia dos Pescadores não falta zona de chapéus de palha, espreguiçadeiras, ecoponto, dois lotes de casas de banho públicas, um quiosque com saladas, tostas e sumos naturais, e ainda excertos de poemas de Fernando Pessoa à entrada do areal, retirados das suas mais épicas obras, como “Mensagem”.
A Praia dos Pescadores. (Fotografia: Sara Matos/GI)
O nome de batismo está representado pela zona portuária, onde se juntam dezenas de pequenas embarcações de pescadores. Entre pausas nos banhos de mar e de sol, com a toalha estendida na areia, caminha-se com cheiro a maresia no porto, seguindo depois até ao pontão, do qual se tem uma perspetiva panorâmica do areal e da vila, de costas para a água.
Sítios para visitar na vila
Uma nova tap room de cerveja artesanal
Há oito anos que quatro amigos, Teófilo Oliveira, Ana Dias, Andreia Silva e Luís Pereira, se uniram para dar asas à criatividade no mundo da cerveja artesanal. Na altura, estavam longe de imaginar que a 5 e Meio viria a ganhar medalhas em concursos internacionais e a sua própria tap room, que acaba de abrir. À torneira, provam-se clássicas como a imperial stout e a blonde ale, além de combinações mais experimentais, com sabores de manga e limão, por exemplo. Nesta casa, o céu é o limite, usando-se ingredientes como o pão saloio, cereal do Oeste, piripíri ou tinta de choco. Na 5 e Meio, o destaque vai, contudo, para a linha de cervejas envelhecidas que aqui se vendem, que maturam na garrafa e não em barrica, um processo ainda pouco explorado aquém e além-fronteiras. Na acolhedora tap room ou na esplanada, a cerveja acompanha-se com petiscos como sandochas de cachaço de porco, croquetes de carne fumada desfiada e queijo e bolinhas de grão e especiarias.
A 5 e Meio tem uma nova tap room na vila.
Pastéis de nata premiados
Não há quem não conheça os pastéis de nata d’O Pãozinho das Marias, a pastelaria que já soma duas moradas na vila da Ericeira, as duas com esplanada. A massa é crocante e ligeiramente mais salgada e o recheio aveludado, com travo a casca de limão. Num só dia, esta casa já chegou a vender oito mil unidades, ou não tivessem vencido, na edição de 2017 do festival gastronómico Peixe em Lisboa, o prémio de Melhor Pastel de Nata. N’O Pãozinho das Marias, como indica o nome, também há fabrico próprio de pão de centeio, milho, aveia, trigo sarraceno, alfarroba, com azeitonas ou nozes, por exemplo, e outros artigos de pastelaria, como pavlovas e bolo de chocolate, frutos vermelhos e pistáchio.
Os pastéis de nata d’O Pãozinho das Marias.
