Há quem diga que este ainda é o segredo mais bem guardado da costa atlântica, muitas vezes apenas descoberto por quem se aventura de bicicleta, de mota, ou julga tratar-se tão só de um (gigante) miradouro. Na verdade, a praia do Vale Furado é tida como a mais bela paisagem a caminho do oeste. Mas não é só a bela vista que encanta os apaixonados por este destino, que só há poucos anos passou a ser vigiado.
Todo o percurso até à praia deslumbra quem se aventura descer (e ainda mais subir): o caminho faz-se pela escadaria que vai atravessando as casas e os jardins, embora ameaçados pela erosão e advertências da APA (Agência Portuguesa do Ambiente), que há dois anos alertou para os perigo de derrocadas. Pode bem acontecer que daqui por uns anos já não seja possível aquele passo de mágica que é dormir e acordar embalado pelo som das ondas, almoçar nas varandas com vista para o imenso oceano. Por ora, as dezenas que ali construíram casas têm esse privilégio.

Vale Furado é uma das praias dentro do concelho de Alcobaça. (Fotografias de Nuno Brites/GI)
Lá em baixo, a praia está desenhada entre as falésias. O nome fica a dever-se precisamente a elas: corroídas pela erosão dos ventos, deram lugar a um sem-fim de pequenas nascentes de água doce, contribuindo para um equilíbrio perfeito entre o doce e o salgado do mar.
Apesar de ser mais perto da Nazaré (fica a cerca de 12 km), é uma das praias que integra o concelho de Alcobaça. Há duas formas de lá chegar: um caminho mais sinuoso que leva à pequena cascata, ou um outro, mais fácil e direto à praia, no fundo do vale. Ali estende-se o areal, maior ou menor consoante as marés. Porém, há sempre uma certeza: é uma das praias mais indicadas para quem procura dias de descanso. E silêncio, apenas quebrado pelas ondas do mar.
Acesso a deficientes: não
Bandeira Azul: sim
WC e chuveiros: não
Estacionamento: sim
O que fazer ao redor da areia
Restaurante Mad
Slavo Husar deixou a Eslováquia em 2010 para trabalhar na região. A vida deu muitas voltas, tantas quantas gosta de dar à cozinha de fusão com produtos tradicionais. Foi ele que inventou cada uma das receitas que ali se servem na louça de grés, sob as mesas de madeira clara. Quem chega só precisa de saber duas coisas: não há multibanco e é sempre melhor reservar. O resto, Slavo trata. Seja da manteiga picante ou do queijo, a abrir caminho para as entradas de camarão dynamite ou da beringela búlgara. Depois, tudo é uma descoberta. Como está aberto o ano inteiro, o Mad conquistou já uma legião de seguidores, que não dispensam a seleção de vinhos, sidra e sangria, ou ainda as surpreendentes sobremesas. Nuns e noutros pratos há flores comestíveis. Slavo herdou o gosto da floricultura dos tempos de menino, quando o pai trabalhava nessa área, na antiga Checoslováquia.

O camarão dynamite e o polvo com batata doce, no restaurante Mad.

O eslovaco Slavo Husar.
Cascata de água doce
Há quem se aventure até ao Vale para apreciar a cascata de água doce, que resiste ao tempo. Outrora eram mais, provocadas pela erosão que esculpiu as falésias. Os mais pequenos deliram com esta surpresa, que resulta afinal num equilíbrio perfeito entre a água doce e o salgado do mar.

A cascata de água doce situada na praia.
Ciclovia Atlântica
Muitos só descobrem o Vale Furado por causa da ciclovia da estrada atlântica. Os amantes de duas rodas param muitas vezes no miradouro, surpreendidos com aquela paisagem de cortar a respiração. Esse percurso começa a norte, na Praia Osso da Baleia, e só termina Salir do Porto, junto à praia de São Martinho do Porto, em pleno oeste.

A ciclovia da estrada atlântica passa junto a esta praia.