Pescadores, sargaceiros e moinhos na praia da Apúlia

O Trilho das Masseiras começa e acaba junto dos moinhos da praia da Apúlia. (Fotografia: Rui Manuel Fonseca/GI)
É uma das praias mais queridas do Norte. O areal longo, protegido da nortada pelo cordão dunar com moinhos de vento, os barcos de pesca coloridos, a pequena lota e a marginal corrida a mesas com sabor a mar, fazem dela o refúgio de muitas famílias.

Quem entra na vila pela Avenida da Praia, antes de chegar ao areal é recebido por uma estátua, em frente à igreja de Nossa Senhora da Guia, a representar uma das figuras mais características da zona, o Sargaceiro da Apúlia. A apanha do sargaço, muito abundante naquela costa, era uma das principais atividades a que se dedicavam os habitantes locais durante o verão, e está muito associado ao folclore apuliense. O sargaço era seco e utilizado como fertilizante nos campos agrícolas das redondezas.

A praia da Apúlia, escondida entre Esposende e a Póvoa de Varzim, no extremo sul do Parque Natural do Litoral Norte, tem atraído muitos veraneantes ao longo dos anos, que encontram no seu estreito e longo areal refugiado no abraço de altas dunas, algum abrigo da nortada. Esses ventos fortes do Norte foram durante séculos o motor dos moinhos que ainda hoje vemos encavalitados nas dunas – existia outro núcleo mais a sul, que desapareceu com a erosão costeira -, agora desprovidos da sua função original e transformados em casas de férias. São acessíveis através de passadiços em madeira, de onde se tem vista privilegiada para o mar. Este cenário é o postal que se leva na memória da praia da Apúlia, um destino muito apreciado particularmente por famílias.

Praia da Apúlia (Fotografia: Rui Manuel Fonseca/GI)

 

A riqueza em iodo é outro dos atrativos da praia, distinguida com Bandeira Azul pela primeira vez em 1987 e ininterruptamente desde 2003, atestando a qualidade da água. Ela atinge uma temperatura média da água 19 graus e é propícia à prática de alguns desportos aquáticos, como windsurf, kitsurf e pesca desportiva. Junto ao mar, as rochas criam pequenos charcos onde as crianças podem brincar, e na marginal há lugar para bares de praia, cafés e restaurantes, e até um campo de jogos ao ar livre e parque infantil. Por ali passa também um dos percursos do Caminho Português da Costa para Santiago de Compostela.

As barraquinhas listradas a azul e branco, os barcos de pesca coloridos e a pequena lota da Apúlia, na rua dos Sargaceiros, onde se vê chegar pela manhã cedo o peixe fresco, completam o quadro costeiro. Mais a norte, afastada do rebuliço da vila, na comunidade piscatória do lugar de Cedovém, a praia – não vigiada – parece quase selvagem. O pequeno bar de pescadores no cimo de uma duna é um dos tesouros que se encontra a caminhar pelo areal. Daí a nada entra-se no pinhal de Ofir, e adiante há mais praias a conhecer.

Como ir?
De carro, a partir do Porto, o melhor é seguir pela A28 e, de Braga, pela A11. Também há autocarros diretos destas cidades para a Apúlia.
Acesso a deficientes: sim
Bandeira azul: sim
WC e chuveiros: sim
Estacionamento: sim

O QUE FAZER AO REDOR DA AREIA

# Comer peixe fresco e hambúrgueres
Na Apúlia Norte, a marginal de Cedovém é corrida a restaurantes que trazem para a mesa o que de melhor o mar dá: peixe grelhado e marisco são as estrelas. Já na zona sul, de frente para a praia, na Lanchonete Portuguesa os protagonistas são os hambúrgueres criativos. Tudo começou em 2015 com um projeto de street food que levava Clarinhas de Fão, limonadas e sumos naturais às praias de Esposende. Nesse mesmo ano, a Lanchonete Portuguesa encontrou poiso fixo na Apúlia, e começou a dedicar-se aos petiscos. O hambúrguer de “Baca”, em bolo do caco, é um dos mais populares, mas todos os meses há uma nova combinação para conhecer. “O último tinha foie gras”, recorda Daniel Cepa, o mentor do projeto. Aos hambúrgueres juntam-se ainda tacos, costeletão e a afamada sangria de espumante, feita na mesa, assim como limonadas e sumos de fruta.

 

# Caminhar entre moinhos e masseiras
Os moinhos de vento construídos sobre o cordão dunar da praia da Apúlia são ponto de partida do Trilho das Masseiras, um percurso circular de sete quilómetros integrado na rede municipal de percursos pedestres que atravessa a lagoa da Apúlia, zonas agrícolas, mata e regressa à costa. A caminhada de três horas segue o “percurso do vento e do Homem” e leva a conhecer os campos em masseira – uma forma de cultivo -, covas largas e retangulares, cavadas nos solos arenosos, com água doce no fundo. Nos cantos – os chamados “quatro vales” – são cultivadas vinhas, para proteger a zona central da areia lançada pela nortada. Junto à costa passa também a Ecovia do Litoral Norte, que liga Esposende a Viana e se prolonga até Caminha.

Trilho das Masseiras (Fotografia: Rui Manuel Fonseca/GI)

 

# Observar a biodiversidade da lagoa
A lagoa da Apúlia é um dos pontos de paragem recomendados do Trilho das Masseiras. É considerada um Habitat Prioritário para a Conservação da Natureza, por ser zona de nidificação de muitas aves migratórias. Para se ter uma perspetiva mais completa desta paisagem protegida coberta por vegetação, e que serve de abrigo a diversos animais, foi erguida uma torre de observação com 12 metros de altura (o equivalente a três andares), construída maioritariamente em madeira, para não destoar da envolvente natural. Do topo do miradouro, acessível por uma escada em caracol, podem ser vistas algumas aves de rapina de pequeno porte, patos-reais e garças, e permanecendo em silêncio ouve-se ainda o coaxar dos anfíbios.

Torre de observação da lagoa da Apúlia (Fotografia: Rui Manuel Fonseca/GI)

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