Ao longo dos próximos dias, estamos a publicar reportagens pelas aldeias e vilas por onde passa a Grande Rota do Parque Nacional da Peneda-Gerês. Esta localidade é uma de várias.
A 800 metros de altitude, dois grandes blocos de granito seguram uma ponte suspensa com uma vista impagável sobre os verdejantes vales do rio Cabril e do rio Cávado. O imponente (e impróprio para quem tenha vertigens) MIRADOURO DO FAFIÃO, criado no topo da aldeia que lhe dá nome, é uma das novas atrações panorâmicas do Parque Nacional da Peneda-Gerês e tem tido presença crescente no Instagram no último ano. Para lá chegar, basta seguir a sinalização junto ao campo de futebol e seguir pela subida curta, mas acentuada. Com sorte, é recebido à chegada pelos grupos de borboletas que aqui costumam pairar.
Aproveitando-se a subida até ali, é obrigatório passar por um dos ex-líbris naturais da aldeia. Trata-se do POÇO VERDE, um conjunto de lagoas com água cristalina que se torna num local acolhedor a qualquer altura do ano, por estar abrigado por vales cobertos de pinhal, carvalhal e giestas. Não há sinalização até este santuário de mergulhos, mas seguindo estas indicações não há como enganar: na estrada de terra batida junto ao campo de futebol e ao parque de merendas, segue-se pela primeira saída à direita e depois pela primeira que surge à esquerda. A partir daí é só ir em frente até ouvir o curso da água a correr pelos penedos, a cerca de quilómetro e meio dali. Até ao Poço Verde, é sempre a descer. A parte mais difícil é a subida de regresso, mas vale a pena o esforço. A ponte que ali se encontra também permite estender a toalha para banhos de sol, nos meses mais quentes, mas o mesmo também se faz nos rochedos de maior dimensão, mais junto à água.
Quem não se deixou cansar pela caminhada de ida e volta ao Poço Verde pode aproveitar balanço e seguir pelo Trilho do Pão, do Azeite e dos Miradouros, sinalizado junto ao novo miradouro. Durante cerca de 14 quilómetros, o caminho montanhoso faz-se por alguns dos locais já mencionados neste artigo, mas também por antigos lagares, campos agrícolas e carreiros de pastores. Calçado confortável é obrigatório.
Conhecer a aldeia de Fafião implica voltar atrás no tempo, até às tradições que a marcaram. Os rebanhos de ovelhas eram uma das principais fontes de rendimento da população de então, o que criou a necessidade de se criar o FOJO DOS LOBOS, uma armadilha ancestral espalhada pela encosta, feita de altos muros de pedra para evitar que os lobos comessem o gado da zona. Este pedaço de história a céu aberto tem mais de 60 metros de comprimento e é um dos maiores à escala ibérica. De resto, a armadilha acabou por batizar o restaurante mais conhecido da aldeia, situado junto ao fojo, e o próprio lobo tornou-se num símbolo da aldeia. É este o animal que vemos a uivar, de cabeça apontada para o céu, numa estátua de ferro forjado à entrada – ou saída, depende da rota – da aldeia, à beira da estrada que liga Fafião à Barragem de Salamonde.