Pela Póvoa de Varzim: do mar, da gastronomia e das compras na rua

Rabanadas poveiras da Pérola do Mercado (Fotografia de Carlos Carneiro)
No verão, é a cidade das praias com cheiro a maresia e do buliço da marginal, mas, no inverno, tem magia no ar. Há um mercado onde tudo é mais fresco, e uma rua pedonal que é um centro comercial ao ar livre, polvilhada de recantos e sabores.

Foram 11 anos de obras, sem nunca fechar as portas, muitas dores de cabeça e mais de quatro milhões de euros investidos, mas, hoje, o MERCADO MUNICIPAL DA PÓVOA DE VARZIM é aposta ganha. O projeto é da autoria do arquiteto Rui Bianchi e faz jus à tendência dos velhinhos mercados que, um pouco por toda a Europa, ganham, por estes dias, nova vida. E se, esteticamente, é bonito e moderno, tudo mais é fruto de mais de 40 anos de história e um saber fazer que passa de geração em geração.

“A frescura das nossas hortaliças, do nosso peixe e da nossa carne. As flores, o comércio tradicional… É tudo mais fresco e as pessoas aqui conversam. Nos hipermercados parece um filme de mudos”, diz Maria Dinis, 72 anos de vida, 60 a vender peixe, 43 no mercado poveiro. A avó era peixeira, a mãe também. Maria nasceu entre robalos e fanecas. Por estes dias, viu por ali a PRAÇA DE NATAL trazer mais gente. Saúda a iniciativa.

Em 2010, aquando do incêndio que destruiu o terceiro piso do mercado, quase desanimou. A obra é, agora, um orgulho: bonito, limpo, funcional. No terceiro andar, fotografias antigas lembram que aquele é um espaço com história. Em cada banca, um rosto a confirmar.

Mercado Municipal (Carlos Carneiro)

No total, são mais de duas centenas de comerciantes. No primeiro piso há frutas, legumes e talhos; no segundo fica o peixe; mais acima calçado, roupa, pão, queijo e flores; finalmente, no quarto piso, há hortaliças, vendidas pelos pequenos agricultores que vêm das aldeias.

Do lado de fora, o desengraçado bloco de betão e azulejo deu lugar a um edifício forrado com reguado de madeira. Há quase duas dezenas de lojas. O café PÉROLA DO MERCADO é uma delas. Ali, faz-se a melhor rabanada poveira. Não é em fatia. É redondinha, feita, como manda a tradição, em pão biju descascado.

Rabanada poveira o ano inteiro
O doce sai das mãos das irmãs Maria Teresa Almeida e Lurdes Lourenço. Abriram o Pérola do Mercado neste espaço em 2008. Em 2017, participaram no Concurso Delícia de Rabanada, criado pela autarquia para promover aquele que é, hoje, um dos ícones da gastronomia local. Ganharam logo o primeiro prémio. A partir daí, não mais pararam. Sempre no pódio. Este ano, somaram mais uma vitória.

“É a flor da casa. Fazemos rabanadas todos os dias, o ano inteiro”, afirma Teresa, sorrindo. “Quem prova, aprova” e, ali, chegam clientes de todo o norte. Por estes dias, Teresa e Lurdes quase não dormem. São milhares de rabanadas por dia. Há quem goste dela mais tradicional, com açúcar e canela, outros juntam-lhe a calda de vinho do Porto e frutos secos, o doce de ovos ou a deliciosa receita da casa: o creme de limão.

Lurdes Lourenço e Maria Teresa Almeida, da Pérola do Mercado (Fotografia de Carlos Carneiro)

Rua abaixo, depressa se chega à Praça do Almada. Ali, na Praça do Natal, há artesanato, doces, salgados e bebidas para todos os gostos. A Casa do Pai Natal já deu lugar à Casa dos Reis e, até 5 de Janeiro, na tenda gigante, há espetáculos para os mais pequenos, de entrada livre, sempre às 18 horas.

Dali à Rua da Junqueira é um pulinho. Do calçado ao ouro, da roupa aos brinquedos, passando pelo café moído na hora, pelos livros ou pelos gadgets, há de tudo na principal rua comercial da cidade. O comércio tradicional está quase todo concentrado ali, onde as lojas-âncora de marcas conhecidas se misturam com o atendimento personalizado dos estabelecimentos com décadas de história.

Pedonal desde 1955, pela mão do então presidente da Câmara, Major Mota, a rua, que deve o seu nome ao extenso juncal que por ali havia, é das mais antigas em Portugal a proibir a circulação automóvel. À entrada, na Praça da República, junto à Capela de Santiago, a estátua em bronze de tamanho real lembra a visão do Major.

No Theatro, livros rimam com comida
Se a fome já aperta, o restaurante/livraria THEATRO merece uma visita. Abriu portas em 2017 pela mão de quatro amigos: o livreiro de terceira geração, Alberto Bago; o irmão, Eduardo Bago; Luís Milhazes, filho e neto de ourives; e Jaime Oliveira, antigo engenheiro das Nações Unidas, que, desde a primeira hora acreditou na ideia maluca dos “meninos” da Rua da Junqueira. Hoje, o número 10 da Rua Santos Minho – um velho teatro, o primeiro da Póvoa, inaugurado em 1910 – é sinónimo de casa cheia, e aquilo que ia ser um “extra” tornou-se a principal ocupação de Alberto, Eduardo e Luís. O segredo? “Todos os dias trabalhar para fazer melhor, qualidade dos produtos e, acima de tudo, querer ser diferente.”

Restaurante Theatro (Fotografia de Carlos Carneiro)

Ali, há comida caseira “com um toque de chef”, uma recheada carta de vinhos e, em cada mesa, um livro a convidar à leitura ou, em jeito de provocação, a sugerir tema de debate entre duas garfadas. À entrada, a enorme mesa de livros não engana. Ali, é mesmo uma livraria. O pé direito é enorme, o espaço amplo e, de cada ângulo, livros, sempre muitos livros, “super-presentes, sem se imporem”. O “industrial chique” domina a decoração. A cozinha é ao fundo, num contentor de camião TIR, onde tudo é feito à vista. A bochecha bourguignon, o tomahawk, o robalo, o bacalhau e os risotos estão no top de vendas.

Restaurante Theatro (Fotografia de Carlos Carneiro)

Seguindo a Rua da Junqueira até ao fim, dá-se de caras com o mar. O painel de azulejos de Fernando Gonçalves à entrada do porto de pesca conta a história da Póvoa. Ali em frente, o Casino e a estátua de Fernando Pessoa. Vai ser ali, na noite de 31, que acontecerá a Passagem d’Ano. A festa começa às 22.30 horas. Sai do Chão (tributo a Ivete Sangalo), Paulo Baixinho & Os Companheiros D’Aventura e o DJ João Duque vão animar a noite, que terá fogo-de-artifício à meia-noite. A entrada é livre.

De volta à marginal, o ar do mar, infalível, convida a um passeio. E se decidir prolongar a estadia, não faltam propostas: a JUNQUEIRA 76 GUEST HOUSE e o SARDINES AND FRIENDS HOSTEL são opções muito em conta. Depois, mesmo frente ao mar, ao lado do Casino, há o mítico Grand Hotel da Póvoa, agora batizado THE ONE GRAND HOTEL.

Sardines & Friends Hostel
(Fotografia de Miguel Pereira)

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Morada
Mercado Municipal da Póvoa de Varzim, Praça Marquês de Pombal, 17
Telefone
918 951 380
Horário
Das 7h às 18h, de segunda a sábado. Encerra ao domingo e feriados.


GPS
Latitude : 39.3999
Longitude : -8.2245
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Mapa da ficha ténica Mapa da ficha ténica
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Morada
Rua Santos Minho, 10, Póvoa de Varzim
Telefone
918803798
Horário
Das 12h às 15h e das 19h às 23h. Não encerra.


GPS
Latitude : 41.3797649
Longitude : -8.762336699999992
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Mapa da ficha ténica Mapa da ficha ténica
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Morada
R. da Ponte, 4
Telefone
962 083 329


GPS
Latitude : 41.3785847
Longitude : -8.762533399999938
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Mapa da ficha ténica Mapa da ficha ténica

Praça do Almada: Das 15h às 20h, de domingo a sexta; até às 22h ao sábado. Inclui comboio turístico a ligar a Praça do Almada e o Largo do Passeio Alegre (todos os dias, das 10h às 20h) e pista de gelo junto ao mar. Até 5 de janeiro



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