Ler um livro pode ser uma tarefa solitária, mas também um ofício de grupo, como acontece nos clubes de leitura. O Silent Book Club tem uma proposta diferente: ler sozinho, mas acompanhado. Nascido em São Francisco, Califórnia, em 2012, este projeto já está espalhado pelo mundo e há um ano chegou ao Porto pela vontade de Margarida Silva e Iris Scherer.
As fundadoras do primeiro “clube silencioso do livro”, Guinevere de la Mare e Laura Gluhanich, tiveram a ideia porque gostavam muito de ler em conjunto “mas eram introvertidas, por isso, não se reviam nos formatos de clubes de leitura que já existiam, pois sentiam pressão para ter de partilhar ideias sobre os livros escolhidos”, conta Margarida. Este formato parecia retirar espontaneidade às relações que se podiam criar, por isso, lembraram-se de fazer um grupo em que cada um traz o seu livro e lê em silêncio durante uma hora. Quem quisesse, no final, podia partilhar impressões sobre o que estava a ler ou simplesmente ir embora.

Iris Scherer e Margarida Silva, fundadoras do Silent Book Club Porto (Fotografia: DR)
A ideia pegou e desde esse ano já foram criados cerca de 1500 clubes em mais de 50 países. Iris descobriu o formato em Cascais e sugeriu a Margarida abrir um no Porto. “Revemo-nos neste movimento que promove a leitura e o silêncio”, diz. Para ambas, o Silent Book Club é muito diferente de ler sozinho. “Há uma energia que flui quando há mais gente, uma partilha imaterial. As pessoas entram no mesmo espaço, com a mesma abertura mental para algo que estão a descobrir.” Neste “espaço de tranquilidade partilhado” não há imposições. Cada um leva o livro que quer ler, físico ou digital, e ninguém tem de falar no final se não quiser.
Para divulgar este novo “capítulo” (assim se chamam os clubes que seguem o formato), Margarida e Iris contactaram a marca e o processo foi muito fácil. Quem quer abrir um “chapter” só tem de ver se há algum já perto e depois seguir o que está delineado (informações no site silentbook.club). Depois, pode utilizar o material de divulgação já definido.
A primeira sessão portuense foi em janeiro de 2024 e apareceram 23 pessoas. “Algumas dessas continuam a ir”, afirma Margarida. Como cresceu muito ao longo de um ano de atividade, a estrutura tornou-se pequena e cada vez há mais leitores a oferecerem-se para organizar as sessões, o que inclui escolher os espaços onde estas se realizam uma vez por mês, sempre aos domingos à tarde.

No final de cada sessão, os livros são fotografados em conjunto (Fotografia: DR)
Outra das ideias dos encontros Silent Book Club é ficar a conhecer espaços diferentes da cidade, fazer disso “parte da experiência”. Cafés tradicionais, modernos, co-works, cinemas, hostels, vale tudo. “Só não conseguimos ainda fazer num parque ao ar livre, por causa do tempo.”
Margarida Silva lembra que nos primeiros seis meses foi “desafiante convencer donos de estabelecimentos, principalmente pequenos negócios, a abrir portas à iniciativa”, mas agora não faltam convites. A próxima sessão, dia 26 de janeiro, comemora um ano da iniciativa e vai decorrer num espaço mais amplo, a Biblioteca Municipal Almeida Garrett. A participação é grátis mas requer inscrição. Todas as informações estão disponíveis no Instagram do grupo.
Próxima sessão: 26 de janeiro, às 15h, na Biblioteca Municipal Almeida Garrett, Jardins do Palácio de Cristal
Silent Book Club Porto
Web: silentbook.club (internacional)
Web: instagram.com/silentbookclubporto
Outros grupos em Portugal: Cascais, Oeiras, Lisboa, Coimbra, Idanha-a-Velha/Monsanto, Bragança,
Paredes de Coura, Vila do Corvo