O novo baloiço da Aldeia Velha é inspirado numa tradição única no mundo

O baloiço da Aldeia Velha tem vista para a Serra da Estrela e até Espanha. (Fotografia: DR)
Erguido a quase 900 metros de altitude, na serra do Homem de Pedra, o novo baloiço panorâmico da freguesia de Aldeia Velha (concelho do Sabugal, distrito da Guarda) oferece vistas entre Portugal e Espanha, mas o seu interesse de visita não se esgota aí. O formato, inspirado num forcão, remete para uma tradição única no mundo.

O novo baloiço da Aldeia Velha oferece uma vista panorâmica para Aldeia Velha e as aldeias vizinhas, para o vale que abraça a Guarda e para as serras fronteiriças que se estendem da Serra da Estrela até Espanha. Mas a largueza da paisagem que dele se alcança com o olhar não é o único atrativo. O próprio formato marca a diferença, ou não tivesse sido inspirado no forcão, um instrumento de madeira essencial na Capeia Arraiana, a principal tradição da região.

A estrutura que os visitantes veem e que sustenta dois baloiços individuais tem cerca de sete metros de largura e quatro de altura e pesa cerca de 350 kg, segundo o presidente da Junta de Freguesia da Aldeia Velha, Paulo Ramos, e é uma réplica em tamanho real do instrumento utilizado na Capeia Arraiana. Esta manifestação tauromáquica – que se distingue de todas as outras porque a lide do touro bravo é feita coletivamente e com o recurso ao forcão – é uma das mais identitárias tradições culturais do concelho.

Por ser única no mundo, foi-lhe inclusive atribuída a classificação de património cultural imaterial nacional. E foi nela que membros da junta de freguesia, do Centro Recreativo e Cultural de Aldeia Velha e do Conselho Diretivo dos Baldios de Aldeia Velha (uma associação de compadres) se inspiraram para criar este baloiço, contou à Evasões José Nunes, elemento de duas destas entidades. O objetivo foi divulgar o símbolo da tradição, mas também o património e pontos de interesse envolventes ao baloiço.

A atração turística encontra-se na serra do Homem de Pedra, mais concretamente no cabeço da Nossa Senhora dos Prazeres, a quase 900 metros de altitude. Nas imediações ergue-se uma capela em honra da santa e os visitantes deparam-se, ainda, com um conjunto de pedras de xisto e granito “milenares, que formavam um castro da Idade do Ferro (1200-1000 a.C.)” e que terão dado abrigo a um povoado fortificado “popularmente designado por Sabugal Velho”, explica Ricardo Amaro.

Para ali chegar de forma fácil, pode-se colocar as direções do baloiço no GPS do Google Maps, seguir as indicações e estacionar o carro no estacionamento do parque de merendas. Daí ao local do baloiço há que subir cerca de 200 metros a pé. É um local com “caminhos, serras e matos por onde muitos dos habitantes da raia sabugalense trilharam as rotas do contrabando, lutando pela subsistência e antecipando, com risco próprio, o comércio livre entre os dois lados da fronteira”, lê-se no descritivo de Ricardo Amaro.




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