É na Avenida do Conde que se desenrola muito do movimento de São Mamede de Infesta, originado, em grande parte, pela proximidade ao Polo Universitário e ao Hospital São João. Ao longo de quase 800 metros, e praticamente sempre sob a influência do edifício da Igreja de São Mamede Infesta, que se avista ao subir a rua desde a primeira curva, encontram-se negócios antigos, como a Feira da Louça, de 1935, e o Talho Flor d’Avenida, de 1947, e projetos recentes, caso da loja e ateliê Baldarte e do restaurante Madureira’s, ambos abertos no ano passado. O turismo não abunda, sem que isso altere a animação da rua, onde todas as pessoas parecem conhecer-se, saudando-se à porta das lojas.
O nome da avenida é uma homenagem ao comerciante português radicado no Brasil Rodrigo Pereira Felício, por ter contribuído “com avultados capitaes” para a “fundação de importantes estabelecimentos de credito” e para a “edificação de uma igreja na freguesia de S. Mamede da Infesta”, lê-se numa edição do “Correio Mercantil”, antigo jornal do Rio de Janeiro. Estas contribuições valeram-lhe o título nobiliárquico de Conde de São Mamede, criado por D. Luís I de Portugal, em 1869.
Feira de Velharias
Retomou-se a sua realização, no primeiro sábado de cada mês. Acontece junto à igreja, durante todo o dia.
01 | Igreja de S. Mamede | Largo da cruz
Foi construída em 1735 e financiada por Rodrigo Pereira Felício. Consta que o Conde “ficou chateado quando viu a Igreja porque não estava como queria”, partilha Maria José, da tabacaria Libolo. Segundo o blogue Monumentos Desaparecidos, o Conde “teria dito que queria uma Igreja com duas torres, como a do Senhor do Matosinhos”. Mas quando chegou do Brasil para a inauguração e “viu a igreja só com uma torre, deu meia volta e retornou ao Brasil, sem mais palavras”. O edifício foi submetido a uma reconstrução e uma ampliação entre os anos de 1864 e 1866 tendo ficado com aspeto que tem hoje.
02 | Feira da Louça | nº 6381
A cascata são-joanina que ainda dá cor à montra chama a atenção de quem passa. As pequenas peças em barro são um dos artigos da loja, uma das mais antigas da rua, e que já vai na terceira geração. O negócio foi iniciado pela avó Maria e fazia-se “numa barraca ao ar livre, no mercado”, não muito longe dali, conta o neto Jorge Salgueiro, que ao lado do irmão, Paulo, gere atualmente a casa. Depois de alguns anos como vendedora ambulante, Maria abriu a loja, corria o ano de 1935. O negócio passou para a filha e está agora com os netos, que criaram a loja online em 2012. Agora, a louça em barro feita em Barcelos e as utilidades domésticas, como cutelarias e porcelanas, vão para todo o mundo. Por exemplo, não há muito seguiu um conjunto de assadores de chouriço para a Rússia.
03 | Baldarte, nº 6274
Estela Queirós formou-se em Arquitetura, há 12 anos, em plena crise. Pensou emigrar, mas acabou por ficar e aprendeu a costurar com a sogra, Manuela Ferreira. Uns anos mais tarde, começaram a fazer peças para bebés e grávidas, e no ano passado abriram a Baldarte, que funciona como loja, atelier e ainda acolhe workshops – a serem retomados em breve – de tricot, crochet e costura criativa. A oferta de tecidos, fitas, rendas e outras aplicações permite aos clientes escolher o que pretendem – peças de roupa, ninhos, almofadas, animais, etc, – e terem a certeza de ficar com algo único e personalizado.
04 | Madureira’s | nº 6325
Abriu no ano passado, num espaço amplo e cheio de luz natural, com as especialidades que tornaram a marca Madureira’s conhecida – francesinha, bife ao alho, posta à chef. O bife wellington, os cachorros e as pizas também saem bem, e houve o cuidado de incluir na carta diversas opções vegetarianas – a francesinha é uma delas. Sugestões que desde junho também se provam na confortável esplanada, instalada nas traseiras. Uma das mais-valias do restaurante é o parque de estacionamento para clientes, que oferece ainda pontos de carregamento para carros elétricos.
05 | Café e Tabacaria Libolo | nº 6243/53
O curioso nome nada tem a ver com bolos. Libolo é um município da província do Cuanza Sul, em Angola, e foi a denominação escolhida pelo construtor, de nacionalidade angolana, para o prédio, com mais de 50 anos. Apesar de partilharem o nome, os dois negócios são independentes. O café está nas mãos dos irmãos António e José Couto há mais de 30 anos, e funciona todo o dia, sendo procurado sobretudo pelas francesinhas. Na tabacaria, gerida por Maria José, há jornais, revistas, payshop e “todos os jogos da Santa Casa da Misericórdia”, garante a responsável.
06 | Padaria S. Mamede | nº 5898
Segundo se sabe, por volta da década de 1930, funcionava neste lugar um forno onde se cozia broa. Trinta anos depois, tornou-se uma padaria e em 2012 o sr. Armando ficou à frente do negócio. Há um ano, ao pão juntou-se pastelaria vegana, que atrai clientes vindos da Maia, Gaia, Viseu, Mirandela e até de Espanha. O “vegassant”, ou seja, croissant vegano, foi o primeiro doce a ser lançado, e o sucesso foi tal que se seguiram folhados, bolas de Berlim, lanches, queques, brownies, salame, bolo-rei e até natas do céu e tarte holandesa. Recentemente, foi lançada a broa doce, também vegana, disponível à sexta e ao sábado.