Com um simples toque no ecrã do quiosque interativo, Paulo Almeida Fernandes, coordenador do serviço de investigação do Museu de Lisboa – Palácio Pimenta, viaja até às vésperas do dia 1 de novembro de 1755, quando Lisboa era pólo de grandes contrastes económicos e sociais e a Casa da Ópera ainda estava de pé. Tudo graças ao equipamento tecnológico articulado com a maquete pensada pelo historiador Gustavo de Matos Sequeira, nos anos 1950, e que volvido mais de meio século continua a ser uma peça-chave para compreender a rica história do lugar.
Enquanto os robôs no teto iluminam, dinamicamente, 87 pontos de interesse e 22 modelos de edifícios civis e religiosos num plano de dez mil miniaturas, com locuções sonoras, os visitantes descobrem como era a cidade estendida entre Alcântara e Santa Apolónia antes do terramoto destruir, sobretudo, o edificado em leito de rio, correspondente àquela que seria a futura Baixa pombalina. Os seis planos originais de reconstrução da cidade, trabalhados pelos engenheiros militares de Marquês de Pombal, estão expostos pela primeira vez no primeiro piso.
Em meados de setembro, o Museu de Lisboa reabriu ao público com uma nova cara, tendo as maiores obras incidido no primeiro piso. “Com quatro salas novas – 31 no total -, ganhámos 100 anos de história, ou seja, todo o século XX”, conta o responsável. “Demos destaque às peças e menos às legendas, criando vários níveis narrativos através de gavetas que as pessoas podem puxar para ler; e no primeiro piso as peças estão expostas em ilhas, criando maior afetividade”. Uma forma interativa de conhecer a história da capital, que respira desde o período paleolítico.
Dos primeiros povoadores fixados em Monsanto até à conquista cristã por D. Afonso Henriques em 1147 a cidade esteve sempre habitada, conforme mostram os vestígios arqueológicos, mas a primeira ideia de cidade foi forjada pelos fenícios, e não pelos romanos. Séculos adiante, o Paço da Ribeira assumiria toda a importância – uma vez símbolo do poder real e da riqueza das colónias -, tanto é que acompanha praticamente toda a exposição, mostrando diferentes faces. A evolução urbanística é retratada até ao bairro herdado da Expo’98, ao longo do primeiro piso.
O museu destaca ainda um notável acervo de peças de cerâmica portuguesa dos séculos XVI a XX, cansando-as com os azulejos do palácio de veraneio do século XVIII onde está instalado. Já a Sala dos Fundos acolhe, até ao dia 19 de janeiro, a exposição “Cheira Bem, Cheira a Lisboa”, sobre a história da perfumaria na cidade desde a primeira fábrica – a Thomas Mendonça e Filhos, instalada em 1850 na Calçada do Combro – até à atualidade. São mais de 150 anos de aromas enfrascados, batons e pós de arroz que se dão a conhecer a partir da coleção privada de Afonso Oliveira, que ao longo de 40 anos angariou quase cinco mil objetos.
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