Hospital de Bonecas: dois séculos a recuperar memórias

Manuela Cutileiro, do Hospital de Bonecas. (Fotografia de Paulo Spranger/GI)
O trabalho de restauro minucioso dá nova vida a bonecas e brinquedos cheios de memórias. É assim há quase 200 anos no Hospital de Bonecas, no Rossio, onde estão expostos quatro mil exemplares de todo o mundo.

Desde que tem memória, que Manuela Cutileiro se lembra de crescer entre estas salas. Está ligada ao Hospital de Bonecas há três décadas, concretizando a quinta geração familiar a cuidar das memórias de outros tempos. “É uma questão afetiva. Aqui lidamos com os sentimentos das pessoas e não com objetos”, explica a diretora-geral da casa nascida em 1930 e que se veste de várias camadas: loja no piso térreo, museu e hospital no superior.

Reza a lenda que uma senhora de nome Carlota remendava bonecas na porta 7 da Praça da Figueira, em Lisboa, na altura uma ervanária. Dois séculos depois, o Hospital de Bonecas recebe exemplares de bonecas, peluches e brinquedos para restaurar, vindos de todo o mundo, sendo um dos últimos hospitais de bonecas à escala global. “É um trabalho que requer paciência e muita imaginação, até porque nunca nos aparecem bonecas iguais. Esse desafio diário é a parte divertida”, conta a responsável desta que é uma Loja com História, com uma equipa fixa de cinco elementos.

O Hospital de Bonecas funciona como loja, museu e oficina para reparo de bonecas e brinquedos variados. (Fotografias de Paulo Spranger/GI)

Na zona museológica, estão expostos quatro mil bonecas e brinquedos, alguns com 200 anos.

O trabalho de restauro é minucioso e varia, consoante o estado do brinquedo que chega, “desde meia-hora a seis meses”, ri-se Manuela. Consensual é a dedicação a cada. “Tratamos todos os doentes de igual forma”, adianta a diretora, antiga educadora de infância. Além de se restaurarem cabeças, cabeleiras, olhos e outros membros, também se fazem peças de vestuário para os brinquedos que chegam, inclusive trajes tradicionais portugueses.

Manuela Cutileiro é a responsável pelo espaço, situado na Praça da Figueira.

Pelas várias salas do espaço museológico, onde coabitam exemplares restaurados na própria casa e outros oferecidos, faz-se uma viagem ao tempo neste piso onde funcionou em tempos uma escola. É aqui que estão expostas mais de quatro mil bonecas de vários tamanhos, materiais (papelão, plástico, porcelana, pano, etc) e épocas, das mais modernas às que somam 200 anos. O legado e a dedicação fá-los ser visitados por turistas de todo o mundo e por turmas. “Os miúdos adoram vir cá e ver como se brincava antigamente”, remata Manuela.

O trabalho de restauro de bonecas é de minúcia e difere sempre, consoante o tipo de boneca e o estado em que chega.

O Hospital de Bonecas recebe exemplares vindos de todo o mundo, para reparar.

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