Homenagear o Figurado de Barcelos na Baixa de Lisboa

Figurado de Barcelos.
Na Baixa Pombalina, o Figurado de Barcelos ganha palco e mostra que é muito mais do que o Galo de Barcelos. Debaixo do mesmo teto, convivem milhares de peças artesanais e certificadas, de 18 barristas locais.

Nasceu quase que de forma inocente, como uma atividade subsidiária da olaria, nos tempos livres. Na mesma altura em que se fabricavam tachos e outras peças utilitárias para venda nas feiras, reaproveitavam-se os espaços vazios nos fornos e o excedente de barro, criando-se pequenas peças para as crianças brincarem. Mas a evolução desta arte tradicional e o crescimento da procura tornaram o Figurado de Barcelos num dos ex-líbris do saber-fazer manual, não só na esfera barcelense como num plano nacional.

Uma arte certificada que ganhou, desde agosto do ano passado, uma montra privilegiada no centro da capital, na Baixa Pombalina, com a abertura da primeira loja totalmente dedicada ao Figurado de Barcelos, fora da zona onde nasceu. Colocados à entrada, os dois músicos de uma banda filarmónica, em tamanho grande, dão as boas-vindas a quem aqui entra nesta casa, onde moram mais de mil peças únicas e artesanais, pintadas à mão, da autoria de 18 artesãos locais.

Nesta loja, há milhares de peças artesanais e certificadas do Figurado de Barcelos. (Fotografias: DR)

A fachada da loja situada na Baixa de Lisboa.

E se é verdade que o Galo de Barcelos – a bandeira deste tipo de olaria, sendo o campeão de vendas na loja – aqui se vende em diversos formas e feitios, é certo que há outros motivos de inspiração, com peças em cores garridas, e para todas as carteiras, de cariz religioso e festivo ou ligadas a crenças, ao universo do bestiário, ao trabalho no campo e à vida quotidiana. Cada coluna expositora dedica-se a um determinado artesão, a solo ou em dupla, até porque se trata de uma atividade de cariz familiar vincado, como se notam, por exemplo, nas criações da dupla Irmãos Baraça, netos de Ana Baraça, um dos nomes-fortes do figurado, ou de António Ramalho, bisneto de Rosa Ramalho, uma das principais impulsionadoras desta arte.

Dentro da loja, o fado vai entoando e mostra-se em vídeo o trabalho minucioso de bastidores destes artesãos locais, que vão repondo o stock das prateleiras, volta e meia, com as novidades que vão criando ao longo do ano. O palco dado à olaria barcelense estende-se ao exterior, até porque a Figurado de Barcelos afixa murais rotativos, dedicados a um artesão, contando um pouco da sua história a quem passeia pelo cruzamento entre a Rua de São Nicolau e a Rua dos Sapateiros. Por estes dias, quem lá figura é Júlia Côta, uma das mais antigas barristas.

Dezoito barristas locais expõem aqui as suas criações.

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