Há um novo tour sobre a vida e obra de Amália pelas ruas de Lisboa

Pedro Vaz vai guiando os visitantes pelas ruas de Lisboa, ao mesmo tempo que se ouvem canções de Amália. (Fotografia: DR)
No mês em que Amália Rodrigues faria 100 anos de vida, o guia-intérprete Pedro Vaz lançou um tour sobre a vida e obra da artista portuguesa, para ouvir, contemplar e entender a história da cidade e do país.

A história de vida de Amália Rodrigues confunde-se com a História de Portugal e do mundo. Escutá-la – sobretudo nestes tempos estranhos – é um exercício que qualquer português devia fazer, e foi a pensar neles que Pedro Pinheiro Vaz, guia-intérprete nacional, desenhou o novo tour “Viver Amália”, sobre a vida e obra daquela que foi um das mais icónicas artistas nacionais.

“Este circuito é inédito porque nunca ninguém se lembrou de fazer um tour a pé só sobre a Amália”, afirma Pedro Vaz, confesso admirador da artista que viu atuar pela primeira vez com 14 anos, no Coliseu dos Recreios. Corria o ano de 1985. “Nessa altura já ela tinha dado a volta ao mundo 30 vezes”. Aquele concerto, em que foi acompanhar a mãe, marcou-o até hoje, aos 49 anos.

“Nunca imaginei que ela viesse a ter o impacto que teve na minha vida. Aquele magnetismo marcou-me tanto que fiquei até hoje apaixonado pela figura dela”, admite. Cada concerto que Amália dava em Portugal era para si uma data importante, não perdia um. Em 1988, foi mesmo convidado para pertencer ao grupo Amalianos, criado em 1973 por uma amiga da fadista.

(Fotografia de Global Imagens)

“A Amália descreveu-o como um grupo de pessoas que gostam da Amália de forma absoluta”, conta. A cantora, mas também intérprete, atriz e poetisa convidava os amigos para autênticas tertúlias, e Pedro ainda sabe de cor o que cada um levava para petiscar: “queijinhos, carapaus, pataniscas”… E ainda guarda autógrafos, dedicatórias e fotografias desses tempos.

Podia ser uma vedeta mundial, mas tanto se dava com “os aristocratas como com as gentes do povo”, elogia o guia. Era transversal. Ninguém nos Amalianos era figura conhecida. De uma forma ou de outra, a paixão por Amália Rodrigues foi acompanhando o percurso de Pedro. A ideia de criar um tour sobre a artista já germinava há cinco anos. No seu website tem, aliás, um percurso sobre fado e Amália que nunca vendeu.

 

O percurso
Achando-se “com tempo” – a última visita guiada que fez em Lisboa, para um grupo de norte-americanos, foi no dia 10 de março -, Pedro Vaz lançou-se na criação do tour, estreado a 1 de julho, dia em que Amália Rodrigues faria 100 anos de vida (a data foi a escolhida pela fadista na altura, ainda que o registo de nascimento indique o dia 23 de julho).

O percurso dura entre três a três horas e meia. Começa na Rua Martim Vaz, junto ao número 86 da casa onde Amália nasceu, e termina na Rua de São Bento, na casa onde veio a morrer. Pelo meio, percorre algumas das mais icónicas ruas de Lisboa, como a Praça Camões, a Rua do Capelão, o largo de São Pedro de Alcântara e o Largo do Carmo.

(Fotografia: DR)

Cada paragem corresponde a um capítulo: Infância e Família, Uma carreira que começa, Internacionalização, 25 de Abril, Consagração e Eternização. Cada pessoa tem um par de auscultadores para ir ouvindo as explicações de Pedro (podendo afastar-se até 100 metros) e ao longo do percurso vão-se ouvindo canções cantadas por Amália – não só fados, porque ao contrário do que a maioria pensa, Amália também cantou músicas de outros géneros, noutros idiomas, e tradicionais portuguesas.

O “Viver Amália” acontece todos os sábados, com ponto de encontro na Calçada de Santana, 180 (frente à sede do Inatel) às 09h30, e só aceita 10 pessoas, de forma a respeitar as regras em vigor para ajuntamentos na Área Metropolitana de Lisboa. As inscrições custam 15 euros por pessoa, são por ordem de chegada e podem fazer-se através dos contactos [email protected] e 912 165 566. Agora, só há vagas para o mês de agosto.

Amália da Piedade Rebordão Rodrigues nasceu em Lisboa a 23 de julho de 1920 e morreu a 6 de outubro de 1999. Viveu 79 anos e teve uma carreira de quase 60, tendo atuado a solo em Portugal apenas 40 anos depois de iniciar a sua carreira de sucesso em todo o mundo. É amplamente considerada uma das mais brilhantes artistas do século XX e está sepultada no Panteão Nacional.




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