Grande Rota Peneda-Gerês: entre aves migratórias na aldeia raiana de Tourém

Grande Rota Peneda-Gerês: entre aves migratórias na aldeia raiana de Tourém
Tourém. (Foto: Rui Manuel Fonseca/GI)
Na pitoresca aldeia de Tourém, que divide a albufeira do rio Salas com a fronteira espanhola, passeia-se junto a casas rústicas de pedra, fornos onde se coziam centenas de pães de centeio por dia e um centro dedicado ao estudo das aves migratórias. E há trilhos pedestres para fazer.

Ao longo dos próximos dias, estamos a publicar reportagens pelas aldeias e vilas por onde passa a Grande Rota do Parque Nacional da Peneda-Gerês. Esta localidade é uma de várias.

 

É o recorte mais a norte no Parque Nacional da Peneda-Gerês, formando uma espécie de dedo encaixado entre as aldeias galegas de Guntumil e Randín, e partilha a albufeira do rio Salas com nuestros hermanos. E, por isso mesmo, os meses de fronteiras fechadas tiveram um impacto grande em Tourém, aldeia em zona planáltica onde se avistam as serras do Gerês e do Larouco.

“Tem sido complicado, sem os turistas espanhóis”, confessa Jaime Afonso Barroso, presidente da junta há oito anos, enquanto faz uma visita guiada pelo ECOMUSEU DO BARROSO – CENTRO INTERPRETATIVO DA AVIFAUNA, construído num antigo estábulo. Neste que é um dos seis núcleos do museu dedicado às terras do Barroso, criado há uma década. Ao longo de dois pisos, mostra-se em imagens e artefactos o trabalho agrícola e doméstico de outros tempos, entre os arados em ferro que eram puxados pelo gado, as pipas de vinho, antigos ferros de passar e os teares de antigamente, onde se trabalhava a lã. Ou os búzios que se usavam para aglomerar os bezeiros – rebanhos ou manadas -, pelas ruelas da aldeia, antes de seguirem para os pastos. “Pensava que já não sabia tocar isto, mas ainda não perdi o jeito”, ri-se Jaime, ao soprar pelo búzio.

O Ecomuseu do Barroso – Centro Interpretativo da Avifauna foca-se nas tradições agro-pastoris e nas aves migratórias da região.

Jaime Afonso Barroso é o presidente da Junta de Freguesia de Tourém desde 2013.

O centro interpretativo foca-se também nas aves migratórias que aqui nidificam, sendo a aldeia um local exímio para a observação de dezenas de espécies como águias-reais, falcões-abelheiros, cartaxos-nortenhos e picanços-de-dorso-ruivo. É também nesta localidade que se aposta na anilhagem das aves, um passo importante na educação ambiental e no estudo do comportamento destas espécies.

À entrada do Centro Interpretativo da Avifauna estão sinalizados percursos pedestres circulares. O TRILHO DO CONTRABANDO mostra os caminhos usados pelos comerciantes e contrabandistas em tempos idos, ligando Tourém à aldeia espanhola de Randín ao longo de 12 quilómetros. Já o TRILHO DAS AVES, quase sempre em terreno plano, é dedicado à observação das mesmas, durante cerca de quilómetro e meio, sempre junto da Natureza e até à ponte de Tourém, que atravessa o rio Salas até Espanha.

A Igreja S. Pedro de Tourém, onde se fazem as missas de fim de semana.

Pelas ruas do centro histórico da aldeia, uma das mais baixas em altitude no concelho de Montalegre e, por isso, mais abrigada e com um clima mais ameno, passeia-se entre casas rústicas de pedra, algumas com seteiras nas fachadas, pequenas frechas de defesa onde cabiam canos da espingarda. “Afinal, estamos numa aldeia raiana”, adianta Jaime. Ruma-se a passo lento até à IGREJA DE SÃO PEDRO, onde decorrem as missas ao fim de semana. Está adornada por fileiras de grandes cruzes em pedra à entrada e uma placa com palavras de Miguel Torga, transmontano que passou por aqui na década de 1960. “Percorro as ruas da aldeia pavimentadas de cagalhetas e entro na igreja onde o escudo real é uma pedra de ara de fervorosa celebração lusitana. Apetece-me assentar arraiais e ficar a ser português assim o resto da vida”, lê-se.

O forno comunitário da aldeia.

A escassos metros dali, entre carvalhos, lameiros e árvores de fruta como macieiras e pereiras, chega-se ao FORNO COMUNITÁRIO, que já foi o ponto de encontro das gentes de Tourém. Hoje, só o usam para festas pontuais na aldeia, mas “há 25 anos cozia-se aqui pão de centeio e milho todos os dias”.

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.




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