O maior balão de ar quente do mundo já está em Coruche

O maior balão de ar quente do mundo destaca-se ao centro. (Fotografia de Paulo Spranger/GI)
Até domingo, Coruche é a capital portuguesa dos balões de ar quente com 30 balões nos céus, inclusive o maior balão de ar quente do mundo a voar comercialmente com passageiros. Há voos todos os dias às 07h, e na sexta-feira, sábado e domingo um reforço às 16h.

Quarenta e dois metros de altura, um cesto para 34 passageiros, três mil metros de tecido e cerca de 650 mil pés cúbicos de volume são alguns dos números que caraterizam o maior balão de ar quente do mundo a voar comercialmente com passageiros. A aeronave é a grande atração do III Flutuar – Festival Internacional de Balonismo Coruche by Cepsa, organizado pela Windpassenger, e apesar de só ter sido insuflado na manhã desta terça-feira, 29 (não podendo voar por causa do tempo instável), impressionou pela sua dimensão.

“É um sonho que ele sempre teve. Ele sempre quis ter este balão”, começa por contar à Evasões Carol Negri, mulher de Guido dos Santos, o fundador da Windpassenger e diretor técnico do festival. Apaixonado por balões de ar quente desde criança, Guido recorda que tudo se deveu ao pai, Carlos Santos, que viu um balão do género, pela primeira vez, em 1978, em Utrecht, na Holanda, onde residia. Quando voltou para Portugal, em 1896, já estava a pilotar balões em importantes campeonatos.

Alguns dos balões participantes no festival. (Fotografia de Paulo Spranger/GI)

Guido, de 42 anos, cresceu de olhos postos no céu e nos balões que o pai pilotava e, inicialmente, ajudava a pilotar, de equipas holandesas e espanholas. Voltou para Portugal com 18 anos e já em 2002 herdou do pai a atividade, instalada na zona de Coruche. Aí nasceu a Windpassenger, focada em voar só com passageiros. “Começámos com um balão que levava só um piloto e mais quatro pessoas e agora estamos aqui com um balão que dá para 34 pessoas”, recorda, a olhar para a sua mais recente aquisição.

Na manhã desta terça-feira, dia de arranque do festival, era Guido que estava, de luvas calçadas, a coordenar as operações para insuflar o majestoso balão de matrícula portuguesa CS-BCW, perante o olhar atento de dezenas de pessoas. A operação começou de madrugada, às 06h30, com a chegada das equipas nacionais, europeias e uma brasileira, com os respetivos balões, ao descampado da Quinta das Baleias, em Coruche, que serve de zona de descolagem.

O balão de ar quente demorou quase uma hora a ser insuflado até ficar na vertical. “Ele é tão grande que precisamos de dar tempo para entrar primeiro o ar frio [com recurso a uma ventoinha] e depois o ar quente”, explica Carol. O ar quente é libertado através de queimadores, um sistema alimentado a gás propano e que, através de uma pequena pega, permite ao piloto controlar a altitude da aeronave.

Esse é praticamente o único controlo que existe sobre o balão, uma vez que não é dirigível. “O balão é leve como ar, vamos sempre ao sabor do vento”, explica a mulher de Guido. Para que não haja imprevistos e estejam reunidas todas as condições de segurança, antes de voar os pilotos da empresa acompanham a evolução da meteorologia e estudam os ventos até minutos antes da partida. Para descanso de todos, a aeronave que acabaram de batizar – vinda diretamente da República Checa, onde foi construída – tem cintos de segurança.

Há balões para todos os gostos e vários ostentam patrocínios. (Fotografia de Paulo Spranger/GI)

No cesto cabem 34 passageiros, dois dos quais piloto e co-piloto, obrigatoriamente. A entrada faz-se através de uns apoios para os pés e tem de ser coordenada entre os passageiros que saem e os que entram, para manter a estrutura estável. Na Windpassenger, Guido dos Santos é a única pessoa habilitada a pilotá-lo, cumprindo assim o sonho de voar no maior balão de ar quente do mundo a fazer voos comerciais com passageiros.

“O voo de balão, além de ser muito calmo, é quase como se fosse uma terapia e a maneira como o balão se desloca pelo ar é muito bonita. Até é aconselhável para quem tem vertigens, para vencer o medo”, acrescenta o responsável técnico do festival. Na primeira manhã, porém, o tempo não permitiu fazer a vontade às dezenas de ansiosos por voar (a maioria jornalistas), mas pode ser que até domingo se reúnam condições para o balão e restante companhia levantarem efetivamente voo.

O balão Vincent Van Gogh é uma estreia em Portugal. (Fotografia de Paulo Spranger/GI)

Com este novo membro da frota da Windpassenger, Guido dos Santos espera elevar para quatro mil a média de passageiros transportados de balão por ano (até agora foram três mil pessoas). Em vinte anos, mais de 30 mil. No festival, que já vai na terceira edição, os números são bem menores, mas mesmo assim costumam voar entre 200 a 300 pessoas (tanto em voos cativos como em voo livre sobre a vila de Coruche e arredores). Há uma banca da empresa no local para se comprar os bilhetes.

No III Flutuar – Festival Internacional de Balonismo Coruche by Cepsa, que decorre de hoje a domingo, 3 de novembro, com uma série de outras atividades, participam 30 equipas de balonismo, seis nacionais e as restantes europeias, de países como a Bélgica, Holanda, Alemanha, Áustria e Suécia. Tanto o balão Bidu – vindo do Brasil numa homenagem à primeira personagem do cartoonista brasileiro Maurício de Sousa – como o balão com o formato do rosto de Vincent Van Gogh são estreias absolutas em Portugal.

 

ARTIGO ATUALIZADO às 23h01 de 30/10/2019.

Segundo informação disponibilizada na página oficial do evento no Facebook, o voo matinal programado para 31 de outubro foi “cancelado devido a chuva, nevoeiro e presença de nuvens a baixa altitude em toda a região”. O local de descolagem dos balões foi também alterado, para o Açude do Monte da Barca, “por questões técnicas e de segurança e devido à direção do vento na área de Coruche”, informou a Câmara Municipal de Coruche no Facebook.




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