Felgueiras: passear entre 900 séculos de história, campos e arvoredo

O Mosteiro de Santa Maria de Pombeiro. (Fotografia de Igor Martins/Global Imagens)
O Mosteiro de Santa Maria de Pombeiro, em Felgueiras, foi um dos mais importantes mosteiros beneditinos do Entre-Douro-e-Minho, sofreu um incêndio que quase o destruiu e hoje é Monumento Nacional, recebendo visitas e concertos.

É rodeado por campos e arvoredo, formando uma bucólica paisagem, que se encontra o Mosteiro de Santa Maria de Pombeiro, um dos mais importantes mosteiros beneditinos do Entre-Douro-e-Minho, do século XII até à extinção das ordens religiosas.

O monumento pertencente à Rota do Românico encontra-se na freguesia de Pombeiro de Ribavizela, em Felgueiras, e data da segunda metade do século XI. Tudo indica que terá sido fundado por D. Gomes Echiegues e sua mulher Gontroda. Em 1102, D. Teresa, mãe de D. Afonso Henriques, concedeu carta de couto ao mosteiro, dotando-o de propriedades e contribuindo para o período de prosperidade que se seguiu, graças também a diversas doações durante a Idade Média.

A localização estratégica do mosteiro, na intersecção de duas das principais vias da época medieval, uma que ligava Porto a Trás-os-Montes e uma segunda que ligava a Beira ao Alto Minho, tornou-o relevante, servindo guarida à corte e hospedagem aos viajantes que por ali passavam.

A história do monumento, que carrega mais de 900 anos, foi atribulada e marcada tanto por momentos de fulgor como de destruição. Um dos maiores golpes que o mosteiro sofreu foi o incêndio provocado pelo saque das invasões francesas, em 1809, que apenas poupou a fachada e a igreja.

Em 1813 começou a trabalhar-se na reconstrução, e as obras resultaram em novas celas a nascente, na fachada norte do claustro, de estilo neoclássico; na biblioteca, na casa do Capítulo e em duas alas que não chegaram a ser concluídas devido à extinção das ordens religiosas, em 1834. O mosteiro passou para as mãos do Estado, e em 1910 foi classificado como Monumento Nacional.

A obra merece ser vista com tempo para se apreciar o registo dos vários estilos que atravessaram a igreja, materializados na talha rococó trabalhada pelo frei José de Santo António Ferreira Vilaça, um artista beneditino, nas torres maneiristas e nas arquivoltas do pórtico de entrada de final do Românico. O órgão de tubos, do auge do barroco, vai fazer-se ouvir num concerto do Ciclo Internacional de Concertos de Órgão, no dia 4 de novembro, pelas 21.30 horas. O momento será protagonizado pelo Coro Madrigal (França) e pela Orquestra António Fragoso. A entrada é livre.



O que fazer em redor

# 1 – Comer no Brasão

António Carvalho abriu o Brasão, no lugar da Refontoura, há 45 anos, e uma década depois tomou as rédeas da cozinha. Pelo caminho abriu dois restaurantes de renome, mas acabou por assentar no Brasão, onde faz brilhar o receituário tradicional, em pratos como a sopa de garoupa, o cabrito assado, o boi no bafo e as várias propostas de polvo e de bacalhau. Um deles, o bacalhau da revolta (lombos confitados e assados com pimento vermelho), foi distinguido no concurso A Revolta do Bacalhau 2017 com um diploma de ouro. Também a carta de vinhos, com mais de 500 referências de todo o país, já foi distinguida em vários momentos, como comprovam os diplomas que adornam as paredes.

(Fotografia de Miguel Pereira/GI)


#2 – Dormir na Quinta de Maderne

Desde 1988 que a Quinta de Maderne, um projeto familiar de Manuel e Eufémia Faria, em Várzea, produz vinho verde. Mais recentes são as propostas de alojamento que se traduzem em dois confortáveis quartos numa das casas em pedra da propriedade. Para passar o tempo, exploram-se os 50 hectares ocupados pela vinha de onde se produz o vinho verde, os espumantes e o rosé, campos de cultivo, bosque, adega, piscina e campos de jogos. Por reserva, Eufémia prepara um saboroso jantar, acompanhado pelos vinhos da quinta – que podem ser comprados numa pequena loja, antes de abandonar Maderne.

(Fotografia de Miguel Pereira/GI)


#3 – Conhecer a Villa Romana de Sendim

É um sítio ímpar na região de Entre Douro e Minho, com morada no Lugar do Agrelo, na freguesia de Sendim. Por lá observam-se de perto as ruínas de uma casa edificada entre meados do século I e inícios do século II e habitada até ao século VI. Esta villa romana, que pertenceria a um abastado dominus, estava dividida em áreas como o peristilo, a cozinha, a capela, os quartos e umas termas artificiais, com caldário, tepidário e frigidário. No Centro Interpretativo, mesmo ao lado, há cerâmicas, moedas em bronze, objetos em metal e outras peças do dia-a-dia, do espólio exumado nas escavações arqueológicas.




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