Alcobaça e Caldas da Rainha são epicentro internacional da cerâmica

Alcobaça e Caldas da Rainha são por estes dias o epicentro internacional da cerâmica. Até dia 20 de setembro, o encontro, que se realiza pela primeira vez em Portugal, traz centenas de artistas de todo o mundo às cidades, para conversas e palestras que celebram a tradição e a inovação na arte cerâmica. Em paralelo, e a pretexto do congresso, os dois municípios prepararam uma rica programação cultural, aberta ao público, e que inclui exposições, visitas livres a ateliês de cerâmica, entre outras iniciativas.

Cerâmica nacional e internacional em Alcobaça
São três as exposições a visitar no Armazém das Artes, em Alcobaça. No âmbito do 51.º Congresso Internacional de Cerâmica, a Academia Internacional de Cerâmica (AIC) organizou uma convocatória, dirigida a todos os seus membros, da qual resultou a seleção de 45 artistas de 26 países, concontribuiram com peças para a recém inaugurada exposição “Cerâmica Mediterrânica e a sua Influência Global”, patente até 30 de novembro.

Armazém das Artes (Fotografia de Maria João Gala)

José Aurélio, no Armazém das Artes.
(Fotografia de Maria João Gala)

No mesmo espaço, é ainda de visitar a coleção que revisita a década em que José Aurélio se dedicou à cerâmica. A exposição “José Aurélio — Uma Retrospectiva de Cerâmica” prolonga-se até março do próximo ano e oferece uma visão inédita sobre a obra de um dos mais importantes escultores nacionais.

Também até março, a galeria acolhe a exposição “45/24 Pratos da Guerra, Pratos de Paz”. Trata-se da recriação de uma antiga iniciativa da Olaria de Alcobaça, que, nos anos 40, assinalava os avanços dos aliados na II Guerra Mundial nas suas louças. Nesta nova abordagem, artistas contemporâneos, entre os quais José Aurélio, Liliana Sousa e Sofia Areal, dialogam com as peças históricas, refletindo sobre temas universais como a guerra e a paz.

Exposição “45/24 Pratos da Guerra, Pratos de Paz”, no Armazém das Artes (Fotografia de Maria João Gala)

Mosteiro de Alcobaça (Fotografia de Maria João Gala)

Além das exposições, outra forma de redescobrir o património histórico e a tradição cerâmica do concelho passa por explorar o percurso camoniano – no centro da cidade, há um conjunto de peças em cerâmica, criadas por empresas do concelho, que reinterpretam o romance de D. Pedro I e Inês de Castro, a partir de um episódio de Os Lusíadas -; conhecer o conjunto escultórico em terracota “Morte de S. Bernardo”, criado pelos monges barristas do Mosteiro de Alcobaça; ou visitar o Museu Raul da Bernarda, que celebra mais de 135 anos de cerâmica local.

Museu Raul da Bernarda (Fotografia de Maria João Gala)

Museu Raul da Bernarda (Fotografia de Maria João Gala)

Ateliês abertos e uma festa da criatividade nas Caldas da Rainha
A programação cultural da co-anfitriã do congresso integra também um conjunto de novas exposições, que vêm juntar-se a outras coleções em mostra permanente, que celebram a riqueza da cerâmica local.

Só no Centro Cultural e de Congressos (CCC) há três mostras para visitar. Até 30 de novembro é possível conhecer o trabalho de oito ceramistas portugueses na exposição “Cerâmica Contemporânea Portuguesa”. Já a exposição “Azulejo” resulta de um convite da Academia Internacional de Cerâmica aos seus membros para criarem um azulejo coletivo, inspirado no tema do congresso. A completar o conjunto está a mostra “Fusion of Vision”, criada por membros Benelux da AIC, que reflete os conceitos de fusão e confusão que definem a era contemporânea. Pode ser vista até dia 20 de setembro.

Exposição “Cerâmica Contemporânea Portuguesa”, no Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha (Fotografia de Maria João Gala)

O Centro de Artes das Caldas da Rainha também se junta ao programa, com três propostas de visita: “Cerâmica Contemporânea nas Caldas da Rainha – Obras da Colecção Municipal”, patente no Espaço da Concas até 11 de novembro; “Linguagem”, de Sílvia Jácome, no Museu Barata Feyo; e a Colecção de Arte Popular de Victor Santos, na Casa Amarela, visitável até dia 20 de setembro.

Casa Amarela (Fotografia de Maria João Gala)

Quem quiser ir mais longe e conhecer de perto o processo criativo dos artistas, por estes dias será lançado um guia que destaca os principais ceramistas das Caldas e os seus ateliês, que durante esta semana estarão abertos ao público.

A propósito do encontro, comerciantes e artesãos locais também se juntaram para transformar as vitrinas das lojas em galerias de arte, onde estarão expostas várias peças de cerâmica originais. Pelas ruas da cidade há ainda a descobrir a Rota Bordaliana, com recriações em grande escala de algumas das figuras cerâmicas mais emblemáticas de Bordallo Pinheiro.

Nomeada cidade Criativa da UNESCO, no dia 18 de setembro, Caldas convida a participar numa festa que celebra produção criativa. O “Bazar à Noite – Edição Congresso” acontece na emblemática Praça da Fruta. Das 17h às 23h, o local, tradicionalmente conhecido pelo seu mercado de frutas e legumes, acolhe um mercado noturno dedicado à moda, música, design, ilustração, cerâmica e muitas outras áreas onde os artistas e artesãos locais expressam a sua criatividade.