Esta rua de Coimbra tem sabores açorianos e outras artes

À primeira vista, parece uma via como tantas outras, com prédios e automóveis, habitacional e de passagem, um dos canais de acesso ao Bairro Norton de Matos. Mas uma caminhada mais atenta pela Rua Carlos Seixas – compositor nascido em 1704, em Coimbra, e falecido em 1742 – permite descobrir negócios tão distintos como estúdios de tatuagens e piercings, restaurantes de comidas do Mundo ou uma mercearia só com produtos dos Açores. Há ainda cafés, centros de estética e outros serviços, sem esquecer a companhia de teatro Marionet, que tem um centro de documentação de artes performativas e ciência aberto a todos.

(Fotografia: Maria João Gala/Global Imagens)

#1 100% Açores, 122 A

“Aqui, é tudo açoriano; só nós é que não somos”, diz Fernando Freixo, que com a irmã Ana abriu, há cerca de um ano, a mercearia 100% Açores. A dupla de professores quis manter os laços com o território onde trabalhou durante anos, por isso, criou um espaço onde vende artigos exclusivamente daquele arquipélago, como queijos, enchidos, manteiga, fruta, doces e bebidas. Ali se encontra desde queijadas da Graciosa até sumos Kima. As prateleiras são reabastecidas à quinta-feira, “dia de romaria”. Fernando e Ana não imaginavam que houvesse tantos açorianos a residir na cidade – e na própria rua. Encontram-se ali, põem-se à conversa, descobrem pontos em comum. Para esses, é, além de loja especializada, uma espécie de Casa dos Açores. Encerra sábado à tarde e domingo todo o dia.

#2 Gonçalo Santos Barber Shop, 187

O que primeiro desperta a atenção, nesta “barbearia para cavalheiros”, de estilo vintage, são as paredes decoradas com imagens de artistas como James Dean, Elvis Presley, Rolling Stones ou AC/DC, e as referências a filmes como “E tudo o vento levou”. O chão é preto e branco, na sala há uma mesa de bilhar e um pequeno bar de onde pode bem sair uma cerveja ou um café. O leque de serviços inclui desde barba cortada à navalha, com espuma e toalha quente, até degradê com penteado quiff. Há ainda acessórios e produtos específicos para quem quiser continuar a cuidar da barba e do cabelo para lá daquela porta. Encerra ao domingo.

(Fotografia: Maria João Gala/Global Imagens)

#3 Mistys Ink, 209

A ligação de Rúben Alexandre ao mundo das tatuagens remonta aos seus 14 anos, quando fez uma que depois teve de reformular. Primeira lição: confiar a pele a quem percebe realmente do assunto. Entretanto, tornou-se tatuador “à antiga”, num estúdio onde começou por limpar, contactar com clientes, ver desenhos, até aprender sobre o funcionamento de máquinas e pigmentos. Nada como os “cursos de três dias” que há hoje. Tem loja em Coimbra desde 2013, há poucos anos nesta rua. O seu trabalho, já premiado em convenções, prende-se sobretudo com o tradicional e o neotradicional; mas também recebe artistas convidados de áreas mais específicas, como o realismo ou a aquarela. Os preços começam em 50 euros, no que respeita às tatuagens, e em 30 euros, no caso do body piercing. “Prefiro ter menos clientes, mas ter qualidade, prestar um bom serviço”, conclui ele, que agora só faz trabalhos por marcação. Encerra ao domingo.

(Fotografia: Maria João Gala/Global Imagens)

#4 La Divina Pizza Bar, 267

“Não se iluda; a única coisa que vai embora e depois volta é a sua fome”. A frase, bem humorada, integra a decoração deste restaurante fundado, há pouco mais de dois anos, por Milton Sacilotto e Flávio Matarazzi. Sendo ambos descendentes de italianos, não é de admirar que a ementa assente em pizas, em grande parte. A piza de leitão (tomate, mozarela, leitão assado com batata e laranja) e a piza paulistana (tomate, mozarela, frango, bacon e natas) são das mais pedidas, mas a casa também serve massas, saladas, wraps ou francesinhas. Aliás, de segunda a sexta, há pratos do dia com um toque mais português. Encerra ao domingo. Preço médio: 8,5 euros.

#5 Marionet, 277

A Marionet, companhia de teatro que combina artes performativas e ciência, tem aqui a sua sede. O espaço, que outrora acolheu uma loja de móveis, funciona sobretudo como escritório, embora, pontualmente, também seja palco de ensaios. Guarda o acervo da Marionet, nascida há 20 anos, e conta com um centro de documentação de artes performativas e ciência que pode ser consultado. São mais de 100 obras, entre peças teatrais que cruzam aquelas duas áreas e alguns ensaios. Nos planos está a realização de oficinas, por exemplo, de movimento e expressão corporal, em data a definir.

#6 Outcast Board Shop [Av. Cónego Urbano Duarte, 251]

Nuno Almeida e Tânia Simões são os mentores desta loja, que vende, essencialmente, material técnico de skate, roupa e acessórios. A Outcast Board Shop abriu, há cerca de um ano, na Rua Carlos Seixas, mas em setembro mudou-se para este outro espaço, na vizinhança. O projeto, que inclui uma vertente de manutenção e reparação de skates e aulas por marcação, tem uma mini rampa interior, para andar livremente de skate ou de patins – respeitando, claro, a lotação máxima da loja. É uma criação própria, como muito do que está ali: do balcão aos brincos, passando pelo relógio de parede, tudo resultou do reaproveitamento de madeira. Encerra sábado à tarde e domingo todo o dia.

(Fotografia: Maria João Gala/Global Imagens)