É tempo de semear: como escolher e cuidar das ferramentas da horta

(Foto: João Manuel Ribeiro/Global Imagens)
Estamos na melhor altura do ano para começar uma horta, seja na varanda ou no quintal e é essencial ter as ferramentas certas. O agrónomo Luís Alves explica como escolher e fazer a manutenção de peças como tesouras de poda e ainda dá algumas dicas sobre o que vestir para trabalhar na terra,ao ar livre.

Tal como acontece na nossa cozinha, também na nossa horta precisamos de ter as ferramentas certas e a funcionar com precisão. Mesmo que a nossa horta seja o parapeito soalheiro de uma janela, uma pequena varanda ou um terraço, ter uma boa tesoura de poda é fundamental. Por essa razão, o agrónomo Luís Alves sugere que, depois de feita a sementeira, o hortelão se dedique às suas ferramentas e que aprenda a escolher bem na hora de comprar e também a cuidar bem delas.
“A tesoura de poda é o Santo Graal das ferramentas agrícolas. Devemos comprar uma de boa qualidade que dure muito tempo”, sublinha o fundador do Cantinho das Aromáticas.

Tesoura de poda clássica e tesoura de poda de colheita, da marca Felco

Na loja física e online desta quinta urbana de agricultura biológica, aliás, vende tesouras de poda e outras ferramentas das suas marcas preferidas.
“Uma tesoura de poda barata fica cara ao longo do tempo porque se vai estragar, mas também porque não cumpre bem a sua função”, assinala Luís. Na hora da compra, deve optar por tesouras cujas lâminas e molas se possam substituir. E deve ainda pegar na tesoura, manuseá-la e perceber se ela é funcional. “A tesoura deve ser ergonómica e deve conseguir abri-la e fechá-la apenas com uma mão”, refere o agrónomo.

As ferramentas que cada hortelão precisa dependem naturalmente da dimensão da sua horta e jardim e dos desafios que nelas enfrenta – para quem tem relva, sebes e arbustos, as exigências são outras. Mas Luís sugere uma gama essencial: tesoura de poda clássica (com uma lâmina e um batente), tesoura de colheita (com duas lâminas), serrote com lâmina retrátil (para quem precisa de cortar ramos de pequenos arbustos) e ainda ancinhos, sachos de cabo ou de mão e enxadas (para quem tem um espaço maior para sachar).

Por fim, reserve algum tempo do horário que dedicar à agricultura para cuidar das ferramentas. “É preciso limpá-las bem depois de cada utilização e guardá-las penduradas para aumentar a sua durabilidade”, afirma Luís Alves. Pode ser necessário olear algumas (veja a lista de boas práticas ao lado) e não se esqueça de guardar a tesoura de poda distendida (ou então, se for para não usar algum tempo) de lhe retirar a mola.

Serrote com lâmina retrátil, da marca Felco, e avental da marca portuguesa Yaki&Co

O vestuário para trabalhar na terra pode (e deve!) ter estilo, mas não no que diz respeito às cores – essas devem ser sempre neutras. “Há cores proibidas, como o amarelo ou o laranja, assim como perfumes fortes ou cremes perfumados, porque aumentam a probabilidade de sermos picados por vespas ou abelhas”, avisa Luís Alves. Roupa confortável em tons neutros, de preferência tons terra, é o ideal. E sobretudo “um bom par de luvas” para evitar a formação de calos nas mãos quando se trabalha com ferramentas. Um avental também é importante, especialmente se tiver um grande bolso central para guardar sementes e ferramentas. Luís gosta da marca portuguesa (e de Gaia) Yako & Co, que produz aventais utilitários em couro, couro vegan e tecido.

BOAS PRÁTICAS DE MANUTENÇÃO DAS FERRAMENTAS AGRÍCOLAS

1. Limpar bem as tesouras depois de cada utilização e ter o cuidado de olear as lâminas e a mola com um óleo próprio (como o da máquina de costura) regularmente. Esta operação depende do uso que se der à ferramenta, mas deve ser feita pelo menos três vezes por ano.

2. Quando se for guardar a tesoura de poda por um período de tempo grande, deve-se tirar a mola ou então guardá-la distendida. E olear sempre antes de guardar.

3. Não usar pedra esmeril para afiar as tesouras de poda porque pode destemperar o aço. Usar antes uma pedra própria, de cerâmica.

4. Ter o cuidado de desengordurar as lâminas depois de podar plantas que libertam óleos essenciais, por exemplo aromáticas como o alecrim e a alfazema. Pode usar para isso o álcool simples.

5. Para voltar a fixar o cabo das enxadas, que fica solto quando ela está muito tempo sem utilização, deve-se mergulhar a ferramenta em água durante um dia, para expandir o cabo. Em alternativa, pode colocar uma cunha de metal.

O AGRICULTOR

Luís Alves (Foto: Pedro Correia/Global Imagens)

Luís Alves, portuense, sempre se sentiu atraído pela terra e pela agricultura, optando muito cedo por esse caminho. Foi estudar para a Escola Agrícola Conde de São Bento, em Santo Tirso e daí para o curso de Engenharia Agrícola da Universidade de Trás-os-Montes. De volta ao Porto, geriu durante seis anos os 18 hectares dos jardins da Fundação de Serralves. Há 18 anos, fundou o Cantinho das Aromáticas, um projeto de produção de plantas aromáticas e medicinais em agricultura biológica urbana, em Canidelo, Vila Nova de Gaia, cujas infusões têm ganho diversos prémios internacionais. É pai de dois filhos.

 

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