Douro: novidades entre vinhas e à mesa

Quinta da Roêda. (Fotografia de André Rolo/Global Imagens)
A chegada da primavera trouxe não só a floração das videiras como um percurso guiado por uma aplicação às vinhas da Quinta da Roêda, um almoço caseiro com uma vista singular na Quinta do Panascal e um novo chef, entre outras novidades, ao restaurante de The Vintage House Hotel.

A encosta ondulante pincelada por vários tons de verde parece mergulhar nas águas calmas daquele troço do rio Douro que passa defronte à Quinta da Roêda, propriedade da Croft. Neste socalco que faz as vezes de um miradouro, somos convidados a apreciar a paisagem tipicamente duriense e a aprender algumas curiosidades sobre a propriedade. Como a origem do nome da quinta dever-se à “arrueda”, o som que as águas faziam ao correr sobre as rochas, antes da construção das barragens na décadas de 1970 e 80. Estamos na Paragem 5 – Rio Douro, de um total de 11 que compõem o percurso À Descoberta da Quinta da Roêda, disponível através de uma aplicação acabada de lançar. Segundo Miguel Campos, responsável de enoturismo das quintas da Roêda e do Panascal, foi a elevada procura pelas visitas guiadas que levou à criação deste recurso digital, que permite aos visitantes um passeio de forma independente pelas vinhas, guiados pela informação fornecida pela aplicação e replicada nas placas instaladas em cada uma das 11 paragens.

Quinta da Roêda. (Fotografia de André Rolo/Global Imagens)

Quinta da Roêda. (Fotografia de André Rolo/Global Imagens)

O trajeto, que demora uma hora e meia, arranca à saída do Centro de Visitas, instalado nos antigos estábulos da quinta, e dá a conhecer as sete castas que ali se desenvolvem e que dão forma aos vinhos do Porto vintage da Croft. Permite saber mais sobre o solo de xisto, a praga da filoxera que assolou a região, as vinhas velhas da Roêda, e leva-nos ainda à Casa da Viticultura, à Casa do Alambique e à Casa dos Lagares, passando por diversas oliveiras que fornecem as azeitonas para o azeite Quinta da Roêda, bem como as sombras para os piqueniques.

Quinta da Roêda. (Fotografia de André Rolo/Global Imagens)

Quinta da Roêda. (Fotografia de André Rolo/Global Imagens)

Estes acontecem em qualquer dia, sob marcação prévia. Depois de um Croft Pink de boas-vindas, é só escolher o lugar para estender a toalha, desfrutando da vista na companhia de diversos petiscos salgados e doces e de uma garrafa de vinho, entre outras bebidas.

Também de passeio e de gastronomia se faz a oferta da Quinta do Panascal, em Valença do Douro, a oito quilómetros do Pinhão. Esta que é a principal propriedade da Fonseca, produtora de alguns dos mais premiados vinhos do Porto vintage, foi uma das primeiras quintas a apostar no enoturismo. Já lá vão 31 anos, e as visitas continuam a fazer-se, seja com um almoço tradicional, seja com a Experiência Panascal, que junta uma visita com audioguia ao longo dos vinhedos e dos lagares com uma degustação comentada de vinhos do Porto no final.

Quinta do Panascal. (Fotografia de André Rolo/Global Imagens)

Quinta do Panascal. (Fotografia de André Rolo/Global Imagens)

Quinta do Panascal. (Fotografia de André Rolo/Global Imagens)

A refeição, que se desenrola num terraço, por baixo de uma ramada, e que tem como pano de fundo o cenário do vale do rio Távora, um afluente do Douro, é cozinhada por D. Mila e D. Lúcia, duas mulheres da terra, que não fazem “comida para o Instagram”, avisa com um sorriso Miguel Campos. Embora tímidas, expressam-se sem embaraço através dos cozinhados que chegam à mesa, como o cabrito assado, a lasanha de legumes e o suave leite-creme. Devido à personalização da experiência, esta deve ser marcada com antecedência.

The Vintage House Hotel. (Fotografia de André Rolo/Global Imagens)

O percurso segue para o The Vintage House Hotel, detido pela holding The Fladgate Parternship, à semelhança das quintas referidas. Esta referência hoteleira incontornável no Pinhão está numa “mudança de ciclo”, motivada pelo volume de procura “muito, muito grande”, superior ao período pré-pandémico, que levou ao aumento da área do restaurante. O objetivo é conseguir dar resposta aos muitos pedidos de refeições na área exterior, com vista para o Douro. Outro motivo que levou a esta mudança foi a saída do chef João Santos, cujo lugar é agora ocupado pelo chef Carlos Marques, que pretende fazer uma “revolução gastronómica”, praticando uma cozinha mais ousada e criativa, recorrendo aos produtos da região. O resultado é uma nova carta no restaurante Rabelo, mas também no bar Library, com sugestões mais informais, e no pool bar, que acabará por ser uma espécie de extensão da do bar. Ao almoço, vai passar a servir-se um menu, com entrada, prato, bebida, sobremesa e um Porto.

The Vintage House Hotel. (Fotografia de André Rolo/Global Imagens)

A vontade de Carlos Marques, que ocupou, nos últimos anos, o cargo de chef executivo nos cruzeiros turísticos da empresa Douro Azul e do restaurante do Tróia Design Hotel e, mais recentemente, o cargo de head chef no Six Senses Douro Valley Hotel, é adaptar a oferta gastronómica ao mercado atual, oferecendo uma comida mais saudável e sustentável, recorrendo a legumes e vegetais e bebendo inspiração das suas vivências e das tradições do Douro Superior.

Chef Carlos Marques. (Fotografia de André Rolo/Global Imagens)

A sopa da vindima, com feijão vermelho, couves e carnes fumadas, “é algo que faz parte da história duriense”. Um “prato de sustento” que se come “às quatro da manhã, para se fazer a vindima muito cedo”, explica. Outra proposta é o Frango, onde o chef recupera o seu prato preferido, “frango assado, com arroz de cenoura e saladinha”. Ali, o frango é servido num poleiro, acompanhado de batata frita caseira, cogumelos e cenouras assadas.

Na secção Das Lezírias, o Arroz, Carlos Marques explora este ingrediente que tanto gosta, e recorda a “panelinha de arroz” que a mãe lhe preparava com frequência. O cereal da lezíria ribatejana é apresentado em três versões, confecionado com cogumelos, garoupa e galinha pintada. No departamento das carnes, encontra-se bochecha de porco preto, posta e novilho. A costela oceânica do chef, nascido e criado junto ao mar, em Espinho, sobressai em criações como Raia, Bacalhau, Polvo e Garoupa. Sendo esta última uma criação focada no detalhe, um “fine dining puro e duro”, onde o peixe é trabalhado com espumante, caviar e cebolinho, resultando num prato delicado em sabor e em textura. Uma carta a apontar à estrela Michelin? “Temos condições para o fazer”, admite.

 

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.




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