Ponte de Lima: 4 sítios onde dormir entre vinhas

Quinta do Ameal, em Refoios do Lima. Fotografia: Igor Martins/GI
Um paço com 700 anos e quintas com belos jardins, floresta e animais - sempre com videiras pelo meio. Eis o que se encontra em Ponte de Lima, quando se cruzam alojamento e enoturismo.

1. Paço de Calheiros – casa do conde vinhateiro

Fotografia: Igor Martins/GI

O Paço de Calheiros continua a ser ocupado pela família que o construiu, sendo o Francisco Calheiros (que preserva o título de conde de Calheiros) a imagem de marca de todo o espaço. Gere o negócio de agroturismo na quinta ao mais pequeno pormenor, foi pioneiro no turismo rural em Portugal e no enoturismo, produzindo vinho proveniente de algumas vinhas com mais de cem anos.

Francisco Calheiros criou e preside desde 1983 à TURIHAB, Associação do Turismo de Habitação a maior e a mais importante do setor, com mais de 120 casas associadas. E há muito anos que o conde percebeu que o enoturismo seria “a grande novidade, a grande explosão do turismo rural”. Em volta do imponente Paço de Calheiros foi plantada nova vinha para branco loureiro. Manteve-se uma pequena parcela de vinhão que já existia desde a fundação da casa. “Antigamente bebia-se mais tinto do que branco e foi o turismo que veio alterar os hábitos de consumo, nomeadamente através da popularização das castas alvarinho e loureiro”, explica Francisco Calheiros.

A quinta é visitada com regularidade por investigadores e alunos da Escola Superior Agrária que ali fazem a recolha de braços de videiras antigas. No paço, o conde tem uma “filha” da videira mais antiga do mundo e que é já uma das principais atrações. Veio da Eslovénia, país do qual Francisco Calheiros é cônsul honorário no Porto.
Com quase 70 anos, continua a acordar cedo para certificar-se que toda a área de alojamento está impecável para receber os turistas. “Visitam as vinhas, as adegas e fazem a prova dos vinhos. Na época das vindimas pisam as uvas. Este ano, o nosso presente de Natal será o envio de uma garrafa de vinho para os nossos visitantes que ajudaram na produção do ano passado”, conta.

Francisco Calheiros quer levar o nome da casta loureiro ainda mais longe e estabelecer uma relação com regiões vitivinícolas congéneres à do Vale do Lima, como Souternes, entre Bordéus e Toulouse, ou a Calábria e a Campânia, em Itália. Outro dos seus planos é criar, dentro da rota dos Vinhos Verdes, pacotes de oferta turística que inclua o enoturismo, tal como acontece na Áustria.

 

2. Quinta do Ameal – uma mata de luxo ligada ao vinho do porto

Fotografia: Igor Martins/GI

A Quinta do Ameal, localizada em Refoios do Lima, vai muito além daquilo que se pode escrever sobre ela. Mal o visitante passa os portões em ferro penetra num luxuriante jardim, encostado a uma mata virgem com as mais variadas espécies de árvores e plantas do Alto Minho. Situada entre o Gerês e Viana do Castelo, a quinta tem 800 metros de margem do Rio Lima, 30 hectares, dos quais 15 de vinha e oito de mata.

O proprietário, Pedro Araújo, tem o vinho a correr no sangue. É bisneto de Adriano Ramos Pinto, que se notabilizou na produção de vinho do Porto, mas atualmente é considerado um dos maiores produtores de Vinho Verde. Foi quando a família vendeu a empresa criada em 1880 ao grupo francês Louis Roederer que Pedro comprou o Ameal.

Recuperou o edificado e todo o espaço construído foi transformado em suítes únicas, decoradas por Pedro ao mais pequeno pormenor. Paralelamente avançou com a produção de vinho. A aposta foi na casta loureiro e o tiro não podia ser mais certeiro, apesar das muitas vozes contrárias a essa opção.

“Muitas vezes chamavam-me louco porque achavam que a casta loureiro nunca poderia dar bons vinhos. Passados 20 anos de trabalho, os nossos vinhos são uma referência a nível nacional e internacional, reconhecidos pelos críticos e classificados como vinhos ímpares, atingindo as maiores notas em termos de pontuação nos eventos onde marcamos presença”, afirma o empresário.

“A ideia foi pegar na casta e revolucionar um pouco o loureiro”. Uma casta esquecida na produção de vinhos, por não ser considerada boa e por dar origem a vinhos que não duravam mais de seis meses. Hoje, Pedro Araújo tem vinhos com excelente potencial de envelhecimento e que surpreendem com 15 e 20 anos. Um vinho com assinatura de autor exportado para 15 países (60% da produção) e que pode ser provado por quem visita o Ameal.

 

3. Quinta do Luou – entre floresta e animais

Fotografia: Igor Martins/GI

Este espaço de turismo rural deve o nome ao lugar de Luou, na freguesia de Santa Cruz, a 30 minutos das praias. Foi ali que Filipe Malheiro e Luísa Reymão se instalaram quando se casaram há mais de 20 anos. Não propriamente na quinta mas numa casa pequenina que começaram a alugar a turistas. Um deles, de origem holandesa, acabou por a comprar.

“Foi ali que tudo começou”, diz Luísa para a antiga habitação mesmo junto aos vários hectares de vinha cuja produção não está, de momento a ser comercializada. “A empresa está a passar por uma reorganização”, explica Filipe, acrescentando, contudo, que o alojamento e o enoturismo continua a funcionar nas duas casas que compõem a quinta de turismo de habitação.

O espaço, a casa principal da quinta designada por Casa do Luou e as duas casas de menor dimensão e rusticas, a Casa do Alpendre e a Casa do Tanque, têm capacidade para 25 pessoas. Por isso, a preferência vai para a receção de grupos.

A Quinta do Luou vai proporcionar já este verão provas de vinhos, acompanhadas sempre por refeições. “Temos sete hectares de vinha e a intensão é aumentar a área de produção”, explica Filipe que, juntamente com os irmão, herdou o espaço dos pais.

A quinta dedica-se ainda à exploração florestal e à criação de gado (tem 45 cabeças de raça barrosã) e possui ainda uma capoeira onde os mais novos podem alimentar patos e galinhas e recolher os ovos. Há ainda a antiga adega, uma construção tradicional que mantém dois lagares em pedra e onde o visitante prova o vinho e obtém informação como ele é armazenado e como é feita a rotulagem.

 

4. Casa da Cuca – paixão de família pelo vinho

Fotografia: Igor Martins/GI

Terá sido a partir de Moreira do Lima que a fama dos vinhos verdes brancos da Região do Vale do Lima se espalhou. Aqui o loureiro é a casta rainha e a produção da vinha cobre a bucólica e muito minhota paisagem desta freguesia de Ponte de Lima.

No lugar do Couto respira-se história. Neste lugar mágico, rodeado pelo Monte de Santo Ovídeo, pela serra da Senhora do Minho e pelo Monte Antelas encontra-se a Quinta da Cuca, gerida pela família Amorim. Um projeto de alojamento no espaço rural que oferece também experiências gastronómicas e enoturismo.

“A tradição agrícola da nossa família provém da Casa da Guarda, da família da nossa mãe mas esta paixão pela nossa terra e pelas suas tradições partiu do meu pai e da minha mãe”, conta José Carlos Amorim.

Carlos, o pai, foi professor de Eletricidade e Madalena, a mãe, explorava uma mercearia. Com os anos foram adquirindo terras e plantando vinha. O legado foi entregue aos dois filhos, José Carlos e a Sandra, ele fisioterapeuta, ela podologista, ambos apaixonados pelo projeto vinícola que, este ano, vai para a sexta colheita. No total são quatro hectares de vinha a que se junta uma pequena percentagem de vinhão, o verde tinto que a família continua a produzir mais para manter a tradição.

“Os anos da crise foram complicados e optamos por fazer a primeira experiência e assim nasceu o Vinho Branco Cuquinha e o tinto vinhão Carcaveira Velha”, explica José Carlos. Neste momento tem em mãos uma nova experiência que poderá revolucionar toda a produção familiar. Trata-se do vinho de algumas vinhas de Cainho e de Galeguinho, castas em tempos passados bastante comuns na região.

Há duas unidades de alojamento: a Casa da Cuquinha mais antiga e a Casa da Cuca, construção centenária, recuperada para oferecer o conforto dos dias de hoje. O nome vem da antiga proprietária: a Cuca era a mulher que vendia leite e que percorria a aldeia de cântaro à cabeça.

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.

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