O Dia Europeu da Cultura Judaica celebra-se no mesmo dia em quatro dezenas de países. No Porto, os visitantes contam com uma programação que envolve as principais instituições judaicas da cidade e que incluem restaurantes kosher, a galeria de pintura e muito mais.
A iniciativa é organizada em cooperação com a European Jewish Association, e tem como objetivo proporcionar uma “experiência enriquecedora e educativa que se cruza com o passado da própria cidade do Porto e de Portugal”, diz-se em comunicado de imprensa. “O evento que fazemos aqui é o mais completo da Europa”, explica Vivian Groisman da comunidade judaica local. “Os visitantes podem ver a maior sinagoga do país, o único museu do Holocausto da Península Ibérica, bem como um museu judaico moderno, e uma galeria de pintura com a história dos judeus portugueses”.
Na sinagoga Kadoorie, a sala de oração principal estará aberta, assim como a biblioteca, onde está patente a exposição de pintura. Ali vai também atuar o coro litúrgico Mekor Haim. No Museu Judaico, que se dedica à história dos judeus em Portugal e na diáspora, será possível conviver com a neta do capitão Barros Basto, conhecido como o “Dreyfus português”, fundador da moderna comunidade judaica do Porto, há um século.
São também atrações a réplica de uma carroça-prisão dos tempos da Inquisição e uma grande epígrafe dedicada às vítimas da Inquisição que nasceram na cidade. No Museu do Holocausto, local onde estão guardados objetos que os refugiados deixaram no Porto, em 1940, será possível visitar uma reprodução dos dormitórios de Auschwitz, a sala de nomes de vítimas do Holocausto. Os visitantes poderão também dialogar com o diretor do museu, Michael Rothwell, neto de judeus assassinados naquele campo.
Haverá ainda lugar para o testemunho, em português de Chaya Lassmann, que esteve no Bloco 10 de Auschwitz às mãos do “anjo da morte”, o médico Josef Mengele. O historiador César Santos Silva falará sobre este importante testemunho. No cinema do Museu Judaico serão exibidos “1506 – O Genocídio de Lisboa”, “Sefarad”, que relata os primeiros 100 anos da moderna comunidade local, e “O Kadish da Freira”, uma história real ocorrida em 1982 que será comentada pelo padre Jardim Moreira. Na sala de cinema do Museu do Holocausto será exibido um excerto do filme “A Luz de Judá”, que retrata a chegada de refugiados judeus ao Porto em 1940 e 1941.
O evento faz-se acompanhar de gastronomia kosher, que pode ser degustada num dos restaurantes das proximidades: o Kosher Ibéria (na Rua do Campo Alegre) e o Restaurante Kosher do Hotel da Música (Mercado do Bom Sucesso).