Descobrir um largo cheio de sabores na Baixa de Santo Tirso

Um jardim florido, com bancos para sentar e apreciar os dias de outono, esplanadas cobertas e lugares de recolhimento, sítios para petiscar, adoçar a boca e reforçar a garrafeira lá de casa. Encontra-se tudo isto ao caminhar pelo Largo Coronel Baptista Coelho. A toponímia atribui o nome a um filho da terra, Alfredo Baptista Coelho, oficial do Exército Português, que se distinguiu principalmente pelo serviço em Moçambique. O coronel integrou também o Corpo Expedicionário Português enviado para a França durante a Primeira Guerra Mundial e chegou a ocupar, ainda que por pouco tempo, o lugar de Ministro das Colónias.

O largo está encaixado em plena Baixa tirsense, entre o Mercado Municipal e a Câmara, e na continuação da rua de Sousa Trepa. Em linha reta chega-se ao arvoredo do Parque D. Maria II, de onde se tem vista para o Mosteiro de São Bento e o Museu Internacional de Escultura Contemporânea.

De volta à praça, morada de lojas, hotéis, lugares com história – ali funcionou a redação do centenário Jornal de Santo Thyrso, o semanário mais antigo do concelho, até interromper a edição no ano passado -, como a Confeitaria São Bento, encontra-se um fervoroso núcleo de restauração: restaurantes, cafés, bares, que todos os dias se reinventam enquanto esperam a tempestade passar.

# 8 Villas | Rua de Sousa Trepa nº 2 a 6
Oito elegantes suites (ou villas), compõem o hotel de charme que se foi instalar em 2017 num prédio de três pisos classificado como Património Histórico Municipal. Durante a reabilitação, foi preservada a antiga fachada de azulejos verdes, e cada um dos quartos recebeu o nome (e as serigrafias) dos artistas portugueses Nadir de Afonso, Graça Morais, Paula Rego, Júlio Resende, Isabel Padrão, António Cruz, Seixas Peixoto e Vieira da Silva.

# CIZE – Food & Wine | nº 22
Ao fim de mais de uma década a trabalhar em cozinhas de renome cá dentro e lá fora, Miguel Cizeron agarrou a oportunidade de ter um restaurante em nome próprio onde pudesse dar asas à criatividade. Em julho abria o CIZE – Food & Wine, com uma carta de comida de autor, de base mediterrânica, que muda a cada 15 dias. “Sempre quis fazer algo criativo, e aqui há uma mistura flagrante de coisas”, assume Miguel, que além de uma forte ligação à cozinha francesa – o pai é francês -, vai buscar influências de várias paragens. O risoto de cogumelos é um dos pratos mais afamados, assim como o tornedó com batata rosti e molho de vinho do Porto. O vinho também tem ali um papel importante. O irmão de Miguel é produtor em Portugal e na Nova Zelândia, e os rótulos que produz encontram lugar à mesa do Cize. Encerra domingo e segunda-feira.

# Café Del Rock | nº 29
Rock n’ roll e motas são a alma deste pub forrado a madeira escura, paredes cobertas com fotografias de lendas da música e teto preenchido de guitarras. Quando nasceu, há 11 anos, o Café Del Rock tinha como missão divulgar este tipo de música e mais tarde passou a ser também ponto de encontro dos amantes das duas rodas. Tem um pátio nas traseiras, com esplanada, e além das cervejas internacionais que jorram das torneiras, dá especial destaque ao rum, com dezenas de referências, o whisky e o vinho, que acompanham alguns snacks e tábuas de enchidos.

# Cor de Vinho | s/n Loja G
É wine bar e garrafeira, que também serve petiscos e vende alguns produtos gourmet. Nas prateleiras contam-se mais de cem referências vínicas de todas as regiões do país, e há sempre novidades a chegar. Aberto há uma década, o Cor de Vinho foi pioneiro na cidade no que toca a lugares para beber um copo de vinho ao final da tarde. Tem uma agradável esplanada aberta para o largo.

# Confeitaria São Bento – Doces D’Avó Luísa | nº 46
Em 2017, a antiga Confeitaria São Bento, com mais de 80 anos de história, mudou de mãos, mas não menos experientes. Luísa Pelayo, a avó que dá agora nome à casa, dedica-se à pastelaria há mais de três décadas, e manteve tanto o fabrico próprio como a especialidade da casa, a tarte de São Bento. Para fazer o bolo, à base de massa folhada, creme de pasteleiro e chantilly, a doceira segue a receita original, que lhe foi cedida pelos antigos proprietários da confeitaria, mas também enche a montra com bolos caseiros, pastéis salgados, jesuítas e pivetes, um biscoito leve e crocante feito de claras e amêndoas, perfeito para acompanhar um chá quentinho.

Confeitaria São Bento – Doces D’Avó Luísa (Fotografia: Miguel Pereira/GI)

# O Alfaiate | nº 53
Era uma antiga alfaiataria, daí o nome. Agora é um cocktail bar, com uma carta sazonal que por esta altura exibe nomes de alfaiates portugueses, como Vítor Gonçalves, Augusto Saldanha e Ayres Gonçalo, em jeito de homenagem. Todos os cocktails de autor são idealizados e preparados por Nuno Mendes, ao leme do projeto desde setembro do ano passado e com mais de uma década de experiência em cocktelaria. O bar prima por um ambiente elegante e acolhedor, com uma parede com o tabique a descoberto e um pequeno mezanino ao fundo. E tal como numa alfaiataria, aqui também se costuram cocktails à medida “O cliente escolhe o espirituoso, diz-me o que mais gosta e eu faço um cocktail à medida no momento”, diz Nuno. Para petiscar há ainda tábuas de queijos e enchidos, tostas e até churros com chocolate.

# Praça – Santo Thyrso | s/n Loja M
É uma das referências da vida noturna da cidade. Agora, aos cocktails e à música junta-se um reforço nos snacks – que já serviam – e o novo serviço “Café da manhã”. Todos os dias, a partir das 9h há torradas, croissants recheados, sumos naturais, taças de iogurte, fruta e granola, e outras novidades. Ao final do dia continua a ouvir-se música e na esplanada, forrada com plantas – a fachada do bar é um jardim vertical -, também se bebe chocolate quente para aquecer as tardes de outono.