Deborah Feldman: a mulher real que inspirou a série Unorthodox

Unorthodox. (Fotografia: DR)
Um dos mais recentes lançamentos da Netflix baseia-se na história de vida de Deborah Feldman, que se afastou da comunidade hassídica que a viu nascer, em Brooklyn, Nova Iorque, aos 19 anos.

Deborah Feldman nasceu a acreditar que o extermínio nazi na Segunda Guerra Mundial seria um castigo dado por Deus aos judeus por se terem integrado em outras comunidades. A salvação residiria em manterem-se à parte da sociedade, imprimindo no seu quotidiano costumes e regras ancestrais. Um dia, e porque sempre se sentiu “diferente” dos seus pares, afastou-se da rígida comunidade hassídica de Brooklyn, Nova Iorque, nos EUA, que a viu nascer e crescer.

O caminho não foi fácil e é esse que é retratado em “Unorthodox”, minissérie em quatro episódios que se estreou há menos de um mês na Netflix e que desde então tem conquistado espectadores – ocupando um dos postos cimeiros no top 10 das mais vistas da plataforma de streaming. A autobiografia “Unorthodox: The Scandalous Rejection of My Hasidic Roots”, publicada por Deborah Feldman em 2012, serve-lhe de inspiração. Uma obra que, tal como a série, retrata o momento em que fugiu de um casamento combinado, oficializado quando tinha 17 anos, e partiu, aos 19, para Berlim, na Alemanha. Estava grávida.

Mais do que uma crítica à ultraortodoxa comunidade Satmar, na qual “todas as regras são uma interpretação extrema dos mandamentos judaicos”, diz Feldman, a autora e a personagem que a representa, Esther Shapiro (interpretada pela atriz israelita Shira Haas), acabam por se tornar num exemplo de “emancipação feminina, identidade e sexualidade”.

Deborah Feldman, hoje com 33 anos, esteve envolvida na produção, assinada por Anna Winger e Alexa Karolinski, desde o primeiro minuto. Ninguém melhor do que ela para contar uma história que é própria: a de uma menina criada pela avó (o pai tinha problemas mentais e a mãe tinha já rejeitado a comunidade de sobreviventes húngaros à Solução Final de Hitler), que teve a coragem de procurar outros mundos que não o seu e, acima de tudo, encontrar-se a si mesma. “Eu estava obcecada por tudo aquilo que para mim sempre tinha sido proibido”, admitiu.

É precisamente em Berlim, para onde partiu naquela altura, que vive atualmente com o filho. Ao contrário da série, em que a figura de Esther Shapiro sai diretamente dos Estados Unidos para a Alemanha, na vida real Feldman permaneceu em território norte-americano até 2015. Apesar das diferenças que a afastaram da comunidade hassídica, Deborah tem “orgulho em ser judia”. “Acho que é daí que vem o meu espírito indomável”, atira.

4 CURIOSIDADES SOBRE UNORTHODOX

1. A estreia da Netflix em iídiche
«Unorthodox» é a primeira série da Netflix falada, maioritariamente, em iídiche, língua germânica das comunidades judaicas da Europa. É ainda falada em inglês e alemão.

2. Ator que faz de vilão também fugiu

Jeff Wilbusch. (Fotografia: DR)

O ator Jeff Wilbusch, que interpreta o vilão Moishe Lefkovitch, também foi criado numa comunidade ultraortodox, que abandonou aos 13 anos.

3. Deborah Feldman em cena

Deborah Feldman e Esther Shapiro. (Fotografia: DR)

Na cena em que a protagonista, Esther Shapiro, compra um baton vermelho numa loja de cosméticos, Deborah Feldman surge em cena em segundo plano.

4. Documentário sobre os bastidores
Além da minissérie, composta por quatro episódios, está disponível um documentário «Making Unorthodox», sobre os bastidores.




Outros Artigos





Outros Conteúdos GMG





Send this to friend