Estarreja (Aveiro)
Um legado recuperado
Numa antiga fábrica de descasque do arroz vai nascer a Fábrica da História – Arroz, um equipamento cultural, com espaço museológico, loja e restaurante, que homenageia o produto proveniente do Baixo Vouga Lagunar.
No edifício onde funcionou a Fábrica Hidroelétrica de Descasque do Arroz – A Hidroelétrica vai abrir, nos próximos meses, a Fábrica da História – Arroz. O equipamento, fundado em 1923 e encerrado na década de 1980, trata-se de “um edifício emblemático, que sempre esteve muito presente na memória das pessoas de Estarreja”, conta Isabel Simões Pinto, vereadora da Câmara de Estarreja com o pelouro da cultura, pelo que dar-lhe esta nova vida, honrando a passada, acabou por ser o que fazia sentido.

(Fotografia: DR)
Depois de três anos de reabilitação, esse mesmo espaço será um lugar para descobrir e aprender mais sobre a indústria orizícola. No circuito museológico, apoiado em novas tecnologias, será possível fazer uma viagem pela história da fábrica, ressalvado a sua importância sociocultural, e pela cultura do arroz, bem como perceber a importância do grão na gastronomia portuguesa. Da Fábrica da História fará também parte uma loja e um restaurante, que embora ainda não esteja terminado, será aberto para um showcooking gratuito, mas de inscrição obrigatória, promovido pelo BioRia, revelando um pouco aquilo que irá ser.
No dia 4 de novembro, pelas 16h30, um chef convidado vai preparar pratos usando o arroz recém-colhido como protagonista, e dando a provar o ingrediente-estrela proveniente do Baixo Vouga Lagunar. ALS
Comporta (Alcácer do Sal)
Entre a várzea e o sapal
A cultura do cereal mais importante da região é lembrada ao pormenor no Museu do Arroz, à entrada da aldeia, entre o sapal e os arrozais protegidos pelas dunas.
Longe vão os tempos em que 500 pessoas, sobretudo mulheres, trabalhavam nos arrozais na Herdade da Comporta. Enquanto elas ceifavam o arroz, descalças no terreno alagadiço, eles ocupavam-se do funcionamento das máquinas da fábrica de descasque, que recebia as espigas numa eira, para que secassem ao sol durante três dias. Todo o processo é dado a conhecer aos visitantes do Museu do Arroz, desde 1993, e que só está aberto a visitantes ocasionais entre junho e setembro. A partir de 15 de setembro, só abre para grupos, com marcação.

(Fotografia de Paulo Spranger/GI)
Nesta viagem até à década de 1950 descobre-se também a origem das casas da Comporta – feitas de argila e colmo porque os donos da herdade não queriam que os trabalhadores tivessem direito de propriedade – e do próprio nome da aldeia onde se situava a Vala Real, cujo fluxo de água, navegável, era controlado por uma comporta. Detida hoje por um fundo de investimento português, a herdade produz também batata-doce, pinhão, azeite, mel e vinhos. O arroz é vendido sob a marca A Ceifeira e Herdade da Comporta Biológico. AR
Longitude : -8.2245