Somos recebidos com oferta de café, figos pingo de mel e um sorriso, ainda antes de olharmos bem em redor, para admirar a paisagem, a arquitetura das casas e o painel do artista Júlio Pomar, à vista de quem passa. O Dajas Douro Valley, no concelho de Marco de Canaveses, tem muitas camadas, que vão sendo desvendadas por Alexandra Martins. Eis o rosto deste projeto nascido de forma natural, em jeito de homenagem ao pai, que costumava acompanhar nos seus passeios de barco pelo rio, à pesca.
Residente no Porto, mas desejoso de ter uma casa junto ao Douro, o pai de Alexandra resolveu construir naquele terreno, de raiz, aos poucos, um refúgio para a família. Só que entretanto adoeceu, e a Casa do Rio, como lhe chamava, ficou em suspenso. Ainda se ponderou a venda, mas, em 2014, optou-se por fazer dela alojamento. Esse projeto familiar foi sendo afinado, renovado, ampliado, mediante a aquisição de construções à volta, muitas delas em ruínas – e continua a crescer.
A Casa do Rio é a casa-mãe, explica Alexandra, que é professora, mas fez uma pausa nas aulas de Português para se dedicar ao Dajas Douro Valley. “Isto, para nós, é quase o terceiro filho”, comenta, aludindo ao marido, Artur. A escolha faz-se, pois, entre as quatro suítes da Casa do Rio e quatro villas: a Casa da Professora, a Casa Escola, a Casa do Penedo e a Casa do Miradouro. E existem mais três em processo de reconstrução, para inaugurar no próximo ano: a Casa da Mina, a Casa do Lagar e a Casa do Laranjal.
Por agora, especialmente requisitada tem sido a Casa da Professora, com jardim privado, lareira suspensa e banheira de hidromassagem. Ali viveu, em tempos, a professora da escola primária da localidade de Dajas – edifício contíguo, adquirido, em leilão, para dar lugar à Casa Escola. Ambas estavam em ruínas, tal como a Casa do Penedo, com grandes pedras a nu, namoradeiras e pé direito alto. Já a Casa do Miradouro destaca-se pelo janelão virado para o rio. Cada unidade de alojamento é singular, contudo, existe uma linha condutora na decoração (limpa, leve, pontuada por mobiliário nórdico) e nos materiais eleitos (pedra, madeira, terracota, microcimento).
Na Casa do Rio funciona ainda uma mercearia que vende produtos nacionais e refeições preparadas, prontas a aquecer no micro-ondas. Os hóspedes – que podem levar os animais de companhia (ali reside, aliás, a gata Kika, adotada junto de um abrigo) – têm acesso a piscina, campo de jogos e experiências como passeios de buggy, atividades aquáticas, serviço de chef em casa ou provas de vinhos e limoncello. A propósito: ao projeto turístico surge aliada uma plantação de limões de diferentes variedades, que dão azo a boas conversas, pelos nomes: Mão-de-buda, Caviar, Eureka e Lunário.
Longitude : -8.2245