Covilhã: este laboratório criativo tem a lã como fio condutor

Antiga fábrica de lanifícios António Estrela virou espaço criativo - chama-se New Hand Lab. Fotografia: Maria João Gala /Global Imagens
Uma antiga fábrica de lanifícios, na Covilhã, virou laboratório criativo, com espaço para autores da região. No New Hand Lab, aberto a visitas, há uma loja onde tanto se encontra calçado como objetos decorativos - sempre ligados à lã.

No lugar de uma fábrica de lanifícios nasceu, em 2013, o New Hand Lab, um espaço criativo que acolhe autores da região cujos trabalhos estejam, de alguma forma, ligados à lã. O mentor do projeto, que aspira à inovação, é o proprietário, Francisco Afonso, que resume: “Passámos de fabricar fios e tecidos para começar a fabricar criatividade e sonhos”.

Certo é que muitas ideias têm ganhado forma, como se vê pela loja, recheada de peças dos criadores residentes. Há calçado em burel (100% lã) da marca Realis, do arquiteto Bruno Silva; roupa do designer de moda Miguel Gigante, também em burel; ou bonecos da autora têxtil Ana Almeida. E ainda mantas, cachecóis, carteiras, quadros e outros artigos.

Bruno Silva, arquiteto e designer de sapatos em burel.
Fotografia: Maria João Gala /Global Imagens

Estamos na zona mais antiga do edifício, que remonta a 1853. A Fábrica António Estrela foi construída sobre outra fábrica do século XVII. Escavações puseram a descoberto aquela que será, provavelmente, a primeira manufatura de lã do país, explica Francisco Afonso. E ali ao lado funciona também um bar de apoio, com mesas do antigo refeitório.

Não faltam memórias da unidade de produção que funcionou, ininterruptamente, entre 1953 e 2002. “Tínhamos cerca de 60 trabalhadores, pagámos as indemnizações e ficámos com todo o equipamento para mais tarde voltar a laborar”, conta o proprietário, adiantando que ainda há dois responsáveis pela manutenção do edifício e as máquinas (de sete fabricantes que existiam na Covilhã) continuam a trabalhar, mas noutro contexto. “Já aqui fizemos um concerto com tear, violino e violoncelo”, exemplifica.

Os visitantes têm oportunidade de conhecer espaços como o antigo armazém de produtos acabados, com tecidos, linhas, tesouras e demais utensílios em exposição; ou o arquivo técnico, onde estão guardados fichas de montagem dos tecidos e perto de 3600 desenhos diferentes, na sua maioria de Júlio Afonso, pai de Francisco e outrora técnico da fábrica. São fruto de 60 anos de trabalho.

Francisco Afonso com alguns dos desenhos do seu pai.
Fotografia: Maria João Gala /Global Imagens

O promotor do New Hand Lab quis dar vida nova ao edifício e evitar a sua degradação. Por isso, convidou um coletivo de autores para ter lá o seu ateliê e fez dele palco de atividades. Hoje, além de espaço de cowork, aberto a residências artísticas, é uma espécie de galeria, onde se pode ver diferentes peças e instalações (algumas usando materiais que restaram da fábrica), mas também espetáculos de música, ballet ou teatro. “Não queremos ser museu; estamos constantemente em mutação”, sublinha Francisco.

Hoje, o New Hand Lab é uma espécie de galeria.
Fotografia: Maria João Gala /Global Imagens

Visitas guiadas

Há visitas guiadas, de segunda a sábado, das 14h30 às 17h30; ao domingo, só por marcação. Preço: 5 euros (grupos escolares, 2,50 euros; crianças até aos 11 anos, grátis).

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