“Aqui vou eu para a Costa”: entre os areais de sempre e novos restaurantes

Os areais da Costa da Caparica estendem-se por 15 quilómetros às portas de Lisboa, no concelho de Almada. (Fotografia de Gerardo Santos/GI)
Extensos e inclusivos, os areais da Costa da Caparica, em Almada - nove deles galardoados com Bandeira Azul - continuam a ser o refresco de verão para muitos lisboetas e moradores da margem sul do Tejo, pelos acessos e proximidade.

Em 1989, o grupo de rock Peste & Sida lançava o álbum “Portem-se Bem”, com o tema “Sol da Caparica”, que versa assim: “Aqui vou eu para a costa/Aqui vou eu cheio de pica/De Lisboa vou fugir/Vou pró sol da Caparica”. Mais de trinta anos depois muita coisa mudou na Costa da Caparica, e alguns aspetos perduraram (além do refrão): as marcas do desordenamento urbanístico da segunda metade do século XX e a preferência de milhares de lisboetas por aqueles areais próximos.

Tendo a sorte de apanhar o trânsito de feição, estes 15 quilómetros contínuos de areal (ou 30, se contabilizados até ao Meco, em Sesimbra) encontram-se a apenas 15 minutos do centro da capital. Esta proximidade, avaliada juntamente com Sintra, Cascais e Arrábida, candidatou Lisboa ao prémio de Melhor Destino Metropolitano à beira-mar na corrente edição dos World Travel Awards, cuja votação decorre até ao dia 8 de agosto, e que é um dos poucos títulos que faltam a Lisboa arrecadar.

(Fotografia de Gerardo Santos/GI)

Com a construção de vários molhes de pedra para evitar a erosão costeira, o areal da Costa da Caparica dividiu-se em várias praias, cada uma com o seu nome, ambiente e público próprios. Muito conhecidas são as praias de São João, CDS – Centro Desportivo de Surf, Paraíso (ou Tarquínio, o nome do bar) e Rainha. E quase todas são salas de aula ao ar livre para os alunos das escolas de surf, bodyboard e windsurf, desportos que convivem pacificamente com quem procura só o lazer.

 

Novidades à beira-mar
Entre os extremos norte (Cova do Vapor) e sul (Fonte da Telha), multiplicam-se os restaurantes e bares de praia, quase todos debruçados sobre as dunas. Por estes dias, no Lorosae, em São João da Caparica – um retiro de madeira com esplanadas arejadas e uma zona de pés na areia – há uma nova carta de verão com tacos de atum, de camarão e de pá de porco; tataki de atum com quinoa; e uma salada vegan, entre outros sabores refrescados com sumos naturais, sangrias e cocktails.

O nome significa “Sol Nascente”, em timorense, e remete para um destino quente e exótico, explica Frederico Dias Nunes, 33 anos, natural da Charneca da Caparica. Quatro anos depois de ter assumido a gestão do espaço, atrai clientela portuguesa e estrangeira de manhã à noite, com sunsets de sexta a domingo a cargo de DJs. Já na Praia da Cabana do Pescador abriu, este verão, a Casa Reîa, um “beach club” que promete casar a gastronomia com a música e experiências sensoriais.

A cozinha, comandada por três chefs, aposta no peixe, marisco e vegetais e propõe pratos ora contemporâneos, como sashimi de robalo, maçã verde, aipo e funcho, ora tradicionais, como peixe do dia grelhado. As ostras de Setúbal saboreiam-se ao final da tarde, com os pés na areia e copo na mão, e também se pode comprar vestuário e acessórios, ou beber um café de especialidade. Emil Stefkov, investidor da Macedónia em várias áreas, e o francês Sacha Gielbaum, criaram a Reîa juntos.


O comboio da Transpraia

Os carris comidos pela areia e pela vegetação são uma sombra do que o Transpraia já foi: um comboio turístico que fazia a ligação entre a vila da Costa da Caparica e a Fonte da Telha e que durante muitos anos foi o único meio de chegar às praias mais afastadas, a sul. O “comboiozinho”, como lhe chamou o Diário de Notícias na notícia sobre a viagem inaugural, a 29 de junho de 1960, percorria nove quilómetros, tendo quatro estações e 15 apeadeiros. Nos tempos áureos chegou a ser frequentado por figuras públicas, até se tornar uma rotina para amantes de comboios e saudosistas. Há dois anos, data em que faria 60 anos, o Transpraia deixou de circular. Ao que tudo indica, a autarquia almadense terá interesse em comprá-lo e reativá-lo.


Costa da Caparica
Acesso a deficientes…Praia do Paraíso
Bandeira Azul…SIM
WC/Chuveiros…SIM
Estacionamento…SIM




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