Cláudia Esteves: “A chávena é um convite a fazer uma pausa”

Cláudia Esteves, psicóloga clínica, criou um projeto de cerâmica. (Fotografia de Margarida Pestana/DR)
Por detrás do projeto Inspir(a)ção Cerâmica está uma psicóloga apostada em transmitir mensagens através de chávenas que molda à mão e vende online desde maio. As peças de Cláudia Esteves têm inscrições como “Aqui e agora” ou “Está tudo bem”, lançando pontes para o mindfulness (atenção plena) e o autocuidado.

É psicóloga clínica. Tem trabalhado em alguma área específica dentro da psicologia?

Tenho-me dedicado ao comportamento alimentar. Neste momento, estou inteiramente dedicada à prática clínica. Não foi sempre assim, e se calhar daí tenha surgido o interesse pela cerâmica. Em setembro tive o primeiro contacto [com a cerâmica]. Tinham sido dois anos de muito trabalho a tempo inteiro em unidades de cuidados continuados, e em paralelo tinha as consultas focadas no comportamento alimentar. No ano passado, decidi dedicar-me a 100% ao contexto privado e voltei a ter tempo para coisas que também são importantes. Muitas vezes, chegamos à vida adulta e os hobbies ficam para trás. Consegui ir além da rotina.

Por que escolheu a cerâmica?

Por acaso, por sugestões no YouTube. Também há boas inspirações nas redes sociais. Ao mesmo tempo, sinto que tive influência do meu avô Fernando neste lado mais criativo. Depois de se reformar [era operário fabril], dedicou-se à pintura, à poesia e ao barro. Nas férias de verão dedicava-me livremente a essas atividades com ele.

Com o projeto Inspir(a)ção Cerâmica, pretende infundir uma ação através das mensagens que grava nas chávenas, algumas próximas da psicologia. Como surgiu a ideia de ligar esses dois mundos?

Não deixo de ser psicóloga, nem pretendo fazer da cerâmica carreira. A ideia era ser uma marca que transmitisse uma mensagem e nos ajudasse a estar um pouco em contacto connosco, com a experiência; parar e, por momentos, desfrutar de uma bebida. A chávena é um convite a fazer uma pausa e a estarmos connosco. Temos os motes do “Inspira, expira”, do “Aqui e agora” ou da “Pausa”. No caso, Inspir(a)ção é inspirar uma ação de autocuidado.

Há aí algo do mindfulness.

Sim. Quando falamos de comportamento alimentar estamos a falar, muitas vezes, de dificuldade de contacto com o que estamos a sentir e a pensar. Na ansiedade temos muito a antecipação do futuro ou a ruminação sobre o passado.

As peças têm um ar minimalista, e parecem não pretender ser perfeitinhas. Foi intencional?

Elas são sempre moldadas à mão, têm as imperfeições de uma peça que não é feita em molde. O foco está na expressão gravada. Tanto que as chávenas não têm propriamente padrões, nem desenhos, nem outras texturas.


Inspir(a)ção Cerâmica

Mensagens de autocuidado e amor pelos livros

Há dez mensagens nas chávenas: oito de autocuidado e duas sobre livros, outro interesse de Cláudia Esteves. “Books are magic” e “Inspira, expira” são das mais procuradas. Preço: 16,50 euros/unidade.




Outros Artigos





Outros Conteúdos GMG





Send this to friend