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Castro Laboreiro, uma joia agreste da Peneda-Gerês

Castelo de Castro Laboreiro (Fotografia: Igor Martins/GI)

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Uma pequena vila sobranceira ao vale, com a serra de fundo, coroada com as ruínas de um castelo, o rio sinuoso com cascatas e lagoas entre penhascos, e o planalto, de limites esfumados com a vizinha Espanha, fazem o postal de Castro Laboreiro. A beleza da paisagem natural soma-se a um ramalhete de tradições vincadas pelo território.

Com a chegada do verão e do inverno, há quem acomode a casa às costas e se mude para um lugar mais apropriado à estação, em busca de melhor pastagem para o gado e para fugir das temperaturas mais rigorosas. Ainda que já não sejam muitos os exemplos, é um dos poucos lugares do país onde a transumância ainda é uma realidade. Para saber mais sobre este e outros costumes da cultura castreja, vale a pena parar no CENTRO MUSEOLÓGICO DE CASTRO LABOREIRO, num passeio pela vila, onde se vê representado o interior de uma casa típica, e também o traje tradicional feminino, de vestes negras, a simbolizar o luto e a saudade dos maridos e filhos emigrados.

 

Sempre vestidas de negro, as mulheres castrejas eram “conhecidas como as viúvas dos vivos”, encarregues de todas as lides da casa e do campo no tempo em que os maridos estavam para fora. Hoje, ao passear pela rua, ainda se vê uma ou outra mulher envergar o traje, escoltada pelo seu castro-laboreiro que impõe ordem às cachenas. O perfil característico das castrejas, com a sua capa amparada pela cabeça, é nossa companhia no miradouro no centro da vila, onde se pode perder os olhos no horizonte de montanhas da serra da Peneda e medir o desafio que representa escalar até às ruínas do antigo castelo de Castro Laboreiro – daí o nome. O trilho para lá chegar está bem assinalado e com vagar faz-se sem grandes dificuldades, de preferência pela frescura da manhã. Do alto da antiga muralha abre-se uma vista panorâmica sobre a imponente paisagem da serra, agreste, crua e encantadora.

Castelo de Castro Laboreiro (Fotografia: Rui Manuel Fonseca/GI)

 

Para recarregar baterias, tem-se à escolha dois restaurantes, um em frente ao outro, e qualquer um deles é uma boa aposta: de um lado, o MIRADOURO DO CASTELO, foi o primeiro restaurante da vila, com quase 30 anos. Do outro lado da estrada, acabado de celebrar 20 anos, está o MIRACASTRO, hotel e restaurante que Fernando Pires construiu na vila serrana. A mulher, Rosa, é quem comanda a cozinha, de onde sai um afamado bacalhau com broa e o tenríssimo naco na pedra.

É comum encontrar-se Fernando a almoçar ou jantar naquelas mesas. Abriu o hotel depois de uma vida que também o levou para fora do país, para França, e pelos caminhos do contrabando. “Eu cheguei tarde, já não cheguei a tempo do café. O café foi um dos bons contrabandos que houve, dava muito dinheiro”, conta. Foi no transporte de gado que trilhou aqueles caminhos transfronteiriços – “lembro-me que os vitelos rendiam seis contos cada um”, recorda -, muitas vezes com a cumplicidade da Guarda Fiscal, que retirava daí uma fatia. O terreno agreste, isolado e de grande extensão do planalto castrejo, ofereceu as condições ideais para ali se estabelecerem rotas de contrabando e de fuga, durante os regimes ditatoriais de Portugal e Espanha.

 

Os marcos de pedra que delimitam a fronteira podem ser vistos durante um passeio de jipe guiado pela MONTES LABOREIRO, uma das poucas formas de chegar ao planalto. A empresa de animação turística leva através da Rota da Pré-História, para conhecer a maior necrópole megalítica da Península Ibérica, e uma das maiores da Europa. Ali, a mais de 1100 metros de altitude, já se está em pleno Parque Nacional da Peneda-Gerês, e por esta altura a urze e a carqueja pincelam de rosa e amarelo o prado verde, onde volta e meia aparecem cachenas e garranos. É também o habitat de raposas, javalis, veados, perdizes, milhafres-reais e muitas outras espécies, não esquecendo uma das mais ilustres, o lobo. Naquele território de limites esbatidos com a vizinha Galiza, o vale e as serras perdem-se de vista, e o olhar enche-se só com a vastidão da paisagem. E não se deseja mais nada.

Planalto de Castro Laboreiro (Fotografia: Rui Manuel Fonseca/GI)

 

Casa Fonte do Laboreiro
Há oito anos, Armandina Fernandes recuperou a antiga casa que pertencia ao seu bisavô, e transformou-a em alojamento rural, com seis quartos, no centro da vila. Manteve o traçado rústico, de paredes em pedra e alguma mobília original, mas com todas as comodidades e conforto. A cozinha tem passagem para um pátio com um pequeno lago e jardim, agradável para uma refeição ao ar livre e em sossego.

Trilho Castrejo
Rodeia Castro Laboreiro ao longo de 17 quilómetros, por caminhos que remontam à Idade Média e ligam as Brandas às Inverneiras, passando por bosques de carvalho alvarinho, ribeiras e pontes antigas.

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.