Aos 16 anos, Carlos Alberto Codesso viu uma oportunidade à sua espera no mundo dos vinhos e decidiu agarrá-la. Foi pelo seu incentivo que o pai, Manuel Francisco Codesso, fez as primeiras plantações de uma das castas emblemáticas dos Vinhos Verdes nos terrenos da família. “Nessa altura já se falava em alvarinho mas não havia plantações contínuas e vi que possivelmente teria futuro. Foi o meu pai que começou a plantar em 1974 e eu quando acabei de estudar dediquei-me a isso”, explica o produtor.
Por força dessa dedicação e da vontade de aprender mais, foi ganhando experiência na vinha e tomando pulso ao processo da vinificação, cedo se virando também para as aguardentes. “Comecei a envelhecer aguardentes em 1978, quando casei. Tinha 20 anos. As plantações de Alvarinho começaram a produzir em maior quantidade e decidi arriscar”, conta Carlos.
Ávido por experimentar, foi contra o costume da época – guardar os bagaços até ao Outono ou o Inverno – e antecipou-se. “Comecei a ver que se destilasse os bagaços mais cedo conseguia extrair melhor os aromas da casta”, revela.”O meu feitio é assim, não gosto de estar quieto. Foi o meu espírito aventureiro que me levou precisamente a apostar nas aguardentes quando mais ninguém tinha”, assinala.
Fruto de todo esse trabalho nasceu a Dona Paterna, marca que Carlos criou em 1990, com epicentro na Quinta da Carvalheira, na freguesia de Paderne – diz a história que o Mosteiro de Paderne terá sido fundado no século X por D. Paterna, daí o nome da freguesia e da marca -, e com o apoio do enólogo Fernando Moura.
Hoje, o produtor autodidata conta com 12 hectares de vinha por várias propriedades na região e continua a ter os olhos postos no futuro – de há uns anos para cá apostou em parcelas de produção biológica. “Estou a ver que também terá um nicho de mercado”, adivinha. E às gerações seguintes deixa já na adega parte do legado que construiu: “Tenho lá quatro barricas com o nome de cada neto”.
Dona Paterna
Quinta da Carvalheira. Paderne, Melgaço. Tel.: 251404444
