Tunísia quer ver os portugueses como um mercado anual

Ksar Ouled Soltane, próximo de Tataouine, na Tunísia, que é o destino convidado da BTL 2023, em Lisboa. (Fotografia: DR)
A recuperação de uma ligação regular direta com Portugal é o grande objetivo do Turismo da Tunísia para 2023. Convidado internacional da Bolsa de Turismo de Lisboa, o país quer alargar a imagem enquanto destino e ir além das praias.

Ambos os países estão apenas ligados por voos charter organizados por operadores turísticos desde que uma reestruturação da Tunis Air suspendeu os voos para Portugal em 2019.

Atualmente a renovar a frota, a companhia aérea tunisina está a privilegiar mercados mais consolidados e rentáveis. Ora, a ligação aérea está protegida por uma cláusula de “unidesignação” que restringe a uma linha aérea por país na rota Portugal-Tunísia.

A eliminação dessa cláusula é a luta que Leila Tekaia, diretora do Turismo da Tunísia para a Península Ibérica, assumiu para os próximos meses. Com o objetivo de ter novamente voos regulares diretos a partir de outubro e transformar a Tunísia num destino anual para os portugueses, que atualmente só viajam para o país mediterrânico entre a Páscoa e o final do Verão.

As negociações estão adiantadas, adianta a responsável, que aposta na companhia privada tunisina Nouvelair, pertença de um grupo vertical de turismo com grande implantação na Tunísia.

Uma das razões que ajuda à concretização desse desejo estás no facto de haver cada vez mais estudantes tunisinos em Portugal, o que leva as autoridades de ambos os países a ver com bons olhos o fim da unidesignação.

(Fotografia: DR)

A presença na BTL pretende precisamente promover a Tunísia para além do destino de verão e praia. Leila Tekaia admite ser um desafio. “90% das pessoas que passam aqui perguntam por Djerba”.

A ideia é captar a atenção para futuras soluções alternativas, até do ponto de vista dos operadores turísticos. Mais de 90% dos 28 mil cidadãos lusos que entraram na Tunísia em 2022 foram através de operadores.

A aposta em Portugal justifica-se até pelo ritmo de recuperação pós-pandemia: o mercado está nos 96% dos números de 2019, muito acima da média europeia, nos 72%.

E ainda que Djerba seja praia, é também uma porta de entrada de inverno, para explorar o sul e os circuitos do deserto dos oásis e das culturas berberes e beduínas.

E o que tem a Tunísia, afinal? “É uma síntese de todas as civilizações que passaram pelo Mediterrâneo, porque a Tunísia está no centro. Desde os fenícios, romanos, gregos, bizantinos, visigodos, otomanos aos escravos de África. É um destino multicultural, com história, arqueologia, antiguidade cartaginesa, romana, muçulmana, francesa, italiana, maltesa, espanhola… Tem arte, cultura e arqueologia a cobrir uma página da história da Humanidade“.

E com vários patrimónios protegidos pela UNESCO, como Dougga, Kairouan, el Djem.

Leila Tekaia define o seu país com três árvores, que são outras tantas mostras de diversidade: o sobreiro no norte, a oliveira no centro e a tamareira no sul. Um verdadeiro convite à evasão.




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