Baião: redescobrir a fundação e comer como Eça de Queiroz

Fundação Eça de Queiroz. (Rui Manuel Ferreira / Global Imagens)
A Fundação Eça de Queiroz põe o legado do escritor à vista de todos, na Quinta de Vila Nova, mais conhecida como Quinta de Tormes. Afinal, foi esse o nome que lhe deu o também diplomata, no romance “A cidade e as serras”, baseado na sua ida de Paris para o campo.

Uma das peças mais curiosas, das muitas que guarda a Fundação Eça de Queiroz, em Santa Cruz do Douro, Baião, é uma cama que faria par com outra que se perdeu – à data, pessoas com estatuto social elevado dormiam em quartos separados ou com duas camas. O leito intriga por ser tão pequeno, ainda mais considerando que o escritor era um homem alto para a época (mediria pelo menos um metro e oitenta); mas a guia cultural Carla Vieira desfaz o mistério. Eça dormia recostado – meio sentado, meio deitado – por superstição: “Dormir totalmente deitado era assumir a posição dos mortos e chamar a morte”.

O grande objetivo da Fundação é divulgar a vida e a obra de Eça de Queiroz, e esta casa-museu privada serve-o na perfeição, até porque surge num lugar que lhe conheceu os passos: a Quinta de Vila Nova, conhecida como Quinta de Tormes, porque o autor assim a imortalizou no romance “A cidade e as serras”, que retrata uma mudança de Paris para o campo. Logo à entrada encontra-se a cadeira de Jacinto, descrita em pormenor na obra. “No fundo, Jacinto [o protagonista] serve para Eça contar a experiência que viveu”, sublinha Carla Vieira, esclarecendo que a Casa de Tormes e a quinta foram herança da mulher do escritor.

(Rui Manuel Ferreira / Global Imagens)

Eça visitou a propriedade pela primeira vez em 1892, e inspirou-se nela para escrever o conto “Civilização”, ainda antes de “A cidade e as serras”. Passou lá curtos períodos, não tendo chegado a habitá-la. Hoje, é lá que mora o vasto espólio do escritor – proveniente, em grande parte, da sua residência na capital francesa, onde trabalhou como diplomata. Os visitantes encontram mobiliário, peças decorativas e uma diversidade de objetos pessoais: chapeleiras de viagem, monóculos, a aliança de casamento, o relógio de bolso e até uma mecha de cabelo.

O escritório
Aqui há livros, quadros, canetas de aparo, um pisa-papéis em forma de pássaro, a secretária onde Eça escrevia de pé e o ficheiro onde organizava os seus apontamentos por temas.

A capela
Eça encontrou galinhas empoleiradas no coro desta capela privada, quando estava de visita. Isso mesmo revelou, por carta, à mulher – que, ao contrário dele, era religiosa.

A cozinha
Esta divisão sofreu alterações, mas conserva a traça antiga e uns nichos que funcionaram como coelheiras, em tempos.




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