As várias vidas da antiga Sé de Bragança

(Fotografia: DR)
Um convento de clarissas que não chegou a ser, colégio jesuítico, Sé Catedral e igreja - foram várias as vidas do edifício da Sé Velha, instalado no centro histórico brigantino. Perto, dorme-se num ícone da arquitetura da cidade, provam-se sabores locais e ainda se descobrem cinco museus, todos na mesma rua.

O coração da cidade” – é assim que Anabela Pereira, guia intérprete da Câmara Municipal de Bragança, descreve a Sé Velha. Afinal, é “a partir da Praça da Sé [onde se encontra o monumento] que partem todas as ruas do centro histórico em direção à cidadela”.

A Sé Velha de Bragança é o primeiro monumento que se dá a conhecer nesta rubrica, a propósito do programa de valorização patrimonial “Património a Norte” que, durante seis semanas, vai apresentar seis igrejas e mosteiros no Norte do país, bem como sugestões para comer, visitar e dormir por perto.

O edifício remonta ao século XVI, época em que foi mandado erguer por iniciativa camarária e com o apoio do duque D. Teodósio, para ser um convento de freiras Claras. Curiosamente, a construção acabou por não ter o destino pretendido, tendo sido entregue à Companhia de Jesus, em 1561, que o transformou num colégio jesuítico. Com a expulsão dos jesuítas, em 1759, estabeleceu-se, em 1766, o Seminário Diocesano, após a transferência da sede de bispado de Miranda para Bragança.

Nessa altura, houve a vontade, por parte dos bispos, de criar uma catedral tão imponente como a de Miranda, mas “não passou da planta”, a qual está em exposição no Centro Cultural Municipal. Na década de 60, do século XIX, e até 1969, o edifício recebeu o Liceu Nacional de Bragança, imprimindo uma vibrante vida à cidade. Segundo Anabela, dizia-se na altura que «se Coimbra tem a cabra [o nome dado à Torre da Universidade de Coimbra],/Bragança tem a cabrita./E em começando as aulas,/Se a mãe berra, a filha grita»”.

Atualmente, no edifício da antiga Sé encontra-se a Igreja de São Baptista. No seu interior, vale a pena observar o teto apainelado, onde está uma pintura que conta a história de Santo Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus. Na parte de trás do monumento, naquilo que seriam os claustros do convento das clarissas, desenha-se um conjunto de edifícios, pertencentes à autarquia, que acolhem o Centro Cultural Municipal, a Biblioteca Municipal, a Biblioteca Adriano Moreira e o Conservatório de Música e Dança de Bragança.

Pousada de Bragança

Pousada de Bragança. (Fotografia de Rui Ferreira/Global Imagens)

A Pousada de Bragança é um ícone da arquitetura da cidade. Desenhada no final dos anos 1950 por José Carlos Loureiro, de estética modernista, está desde 2014 sob responsabilidade dos irmãos “Geada”. António Gonçalves, mais conhecido por Tó Geadas e Óscar, chef de cozinha, fazem dupla na pousada e respetivo restaurante, o G.

Os irmãos Geadas. (Fotografia de Rui Ferreira/Global Imagens)

Aberto no mesmo ano, o restaurante foi distinguido com uma estrela no Guia Michelin de 2019, que mantém. À mesa, serve-se cozinha regional contemporânea, baseada nos produtos sazonais e tradicionais.

O Batoque
Nesta taberna aberta por Mário Tavares, há nove anos, no número 25 da Rua dos Batoques, os cogumelos são o ingrediente principal dos pratos que chegam à mesa. Ali, o cozinheiro suíço Werner Ritter trabalha com as variedades shitake, pleurotus, boletus e agaricus, todas de produtores da região, para confecionar receitas como cogumelos salteados com castanha e cuscos de Vinhais com cogumelos. Quem não gostar dos pequenos fungos, encontrará como alternativa prego e pica-pau. Vinhos transmontanos e sangria de vinho tinto acompanham o repasto, que pode terminar com pudim caseiro ou bolo de bolacha.

Rua dos museus

Centro de Arte Contemporânea Graça Morais. (Fotografia de Rui Ferreira/Global Imagens)

São cinco os museus na Rua Abílio Beça. O Centro de Interpretação da Cultura Sefardita do Nordeste Transmontano e o Memorial e o Centro de Documentação Bragança Sefardita, o Centro de Arte Contemporânea Graça Morais acolhe obras de artistas nacionais e estrangeiros, além dos trabalhos da pintora. No Centro de Fotografia Georges Dussaud aprecia-se a alma transmontana a preto e branco. Por fim, o Museu Abade de Baçal reúne um acervo de coleções de arqueologia, arte sacra, ourivesaria e mobiliário.




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