Amares: nesta pousada há memórias de um antigo mosteiro

Às portas do Parque Nacional da Peneda-Gerês, rodeada de natureza e de memórias, encontra-se esta imponente pousada nascida de um mosteiro do século XII, reabilitado segundo projeto do arquiteto Souto de Moura.

Dormir em antigas celas de monges reconvertidas, com todo o conforto; saborear especialidades minhotas na antiga cozinha do mosteiro; nadar numa piscina enriquecida pela paisagem natural circundante, com direito à suave música dos pássaros. É esta a proposta da Pousada Mosteiro de Amares, que resultou da adaptação de um mosteiro cisterciense do século XII por Eduardo Souto de Moura, vencedor do Pritzker 2011, o «Nobel da arquitetura».

As obras arrancaram em 1994 e a casa, ao cuidado do Grupo Pestana, abriu em 1997. O arquiteto tentou conservar a ruína adaptando-a ao novo propósito de acolher hóspedes, como se nota pela caixilharia, que não é visível do exterior. «Ainda hoje recebemos grupos de estudantes que vêm ver este trabalho», refere a supervisora da Pousada, Graça Pinto.

A imponente Pousada Mosteiro de Amares, rodeada de laranjeiras.
Fotografia: Paulo Jorge Magalhães/GI

O edifício – que tem 32 quartos, de diversas tipologias, recheados com quadros e algum mobiliário de Siza Vieira – sobressai, imponente, em Bouro Santa Maria, vila do concelho de Amares localizada a curta distância do Parque Nacional da Peneda-Gerês.

Antes de lhe ser reconhecida vocação turística, esteve em ruínas. Com a extinção das ordens religiosas, em 1834, os monges foram expulsos, o mosteiro foi vendido e o edifício conventual foi-se deteriorando, com exceção da igreja, que se tornou paroquial.

Graça Pinto lembra-se de, em miúda, brincar nas ruínas do mosteiro: «Isto era do povo». As suas salas acolhiam aulas de catequese, teatro e até partos – era numa delas que as mulheres locais iam ter as crianças, com ajuda de uma parteira.

«Os meus filhos nasceram todos naquele quarto», apontou uma idosa, quando, antes da inauguração, o arquiteto abriu as portas do edifício à população.

Os animais alimentavam-se nos prados e fazia-se churrascos a céu aberto na cozinha do mosteiro, onde está hoje o restaurante Antiga Cozinha. Propõe pratos regionais, entre outros, e serve o pequeno-almoço na mesa de granito ao centro, que é a original – sobreviveu às pilhagens ao longo dos anos, ao contrário dos painéis de azulejo que havia no claustro.

Corredor com uma fonte na Pousada Mosteiro de Amares.
Fotografia: Paulo Jorge Magalhães/GI

A Pousada Mosteiro de Amares, também conhecida como Pousada de Santa Maria do Bouro, conserva alguns resquícios do passado do lugar. Em exposição, nas áreas comuns, estão portas do extinto mosteiro, em pinho entalhado e ferro, e um anjo policromado, ambos do século XVIII. E num corredor mantém-se uma fonte esculpida que traz água da serra, própria para consumo.

Lá fora, tanto se pode fazer um passeio a pé, como jogar uma partida de ténis. Tudo num cenário bucólico e retemperador, onde ainda se encontram animais a pastar, tranquilos, entre a neblina matinal.

Laranja de Amares

Há laranjeiras no claustro e noutras áreas da Pousada, ou não fosse Amares conhecida como a terra da laranja – uma laranja de verão. Na devida época, entre maio e agosto, os hóspedes são convidados a levar consigo algumas dessas peças de fruta.

Algo está a fazer com que o sistema não consiga mostrar a ficha ténica desejada. Pedimos desculpa pelo incómodo.

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