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A Praia do Pedrógão, em Leiria, é um tesouro a renascer

(Fotografia: Nuno Brites/Global Imagens)

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Houve um tempo em que a praia do Pedrógão era uma espécie de reduto dos habitantes de Leiria e Pombal, que a custo baixavam a guarda dessa fortaleza para deixar entrar forasteiros. Ali nos anos 80, o parque de campismo esgotava a lotação ao longo de todo o verão, a Pensão Estrela do Mar não dava vazão a tanta procura, assim como as casas de habitação subitamente despojadas dos habitantes por três meses, para albergarem quem vinha de fora.

Foi essa febre de verão que fez despontar, em frente à praia, blocos inteiros de apartamentos, demolindo tudo o que foi possível, junto à marginal. Até a velha pensão, que se erguia de frente para o mar, juntamente com um restaurante todo envidraçado, sucumbiu aos caprichos do imobiliário. Foi o mel que virou cicuta. E haveria de ser esse desordenamento que acabou por afastar os amantes do Pedrógão. Ficaram os proprietários das casas de verão, os pescadores, os que não importavam que lhe chamassem “a terra do cão”, porque só esses resistiam, todo o ano.

Fecharam as discotecas, encerrando os dourados anos 90 escritos na Locopinha, na Stressless, ou ainda ainda no Pôr-do-Sol, que todos conheciam como o casino. Ficou o proprietário – ainda hoje conhecido como Manel do Casino – que resistiu a tudo, e continuou a investir na (sua) praia: são dele alguns dos bares que agora fazem renascer o Pedrógão. A praia continua famosa pelas propriedades invulgares de iodo, pelo cheiro a maresia único em toda a costa. Ao areal, todos os dias chegam as redes lançadas ao mar pelo Flor da Praia Azul, o último barco dedicado à arte xávega. E até o Casal Ventoso, a norte, se tornou atrativo, com a sua própria esplanada sobre a praia.

Era ali bem perto que ficava o Cinzarosa, o pub que a cantora Mara Abrantes ali abriu, no final dos anos 80, servindo de palco a muitos artistas de renome. Hoje a rainha do areal do Pedrógão é a cantora Elsa Gomes, ao domingo à tarde, contrariando tudo o que a pandemia levou. Este verão abriu uma Guest House. Há uma esperança que se renova com a brisa do bar.

Como ir?
De carro, a partir da Figueira da Foz, pela estrada atlântica; a partir de Leiria pela EN 109.
Acesso a deficientes: sim
Bandeira Azul: sim
WC e chuveiros: sim
Estacionamento: sim

Passear na ciclovia

(Fotografia: Nuno Brites/Global Imagens)

No troço de 11 km que liga as praias do Osso da Baleia e Pedrógão, a ciclovia da Estrada Atlântica contorna uma paragem obrigatória: a Lagoa da Ervideira, de água doce que muitos julgam tratar-se de uma praia fluvial. Tem um bar, é certo, mas não é vigiada, pelo que se recomendam cuidados. Muitas famílias escolhem-na como alternativa à praia, sobretudo em dias de mar agitado ou nevoeiro cerrado. Um passadiço em madeira percorre toda a margem ocidental, permitindo a observação de aves. Há também um parque de merendas que, findo agosto e as férias dos emigrantes, regressa a uma pacatez serena. Os ciclistas não a dispensam.

Conhecer o novo bar na praia nova

(Fotografia: Nuno Brites/Global Imagens)

(Fotografia: Nuno Brites/Global Imagens)

(Fotografia: Nuno Brites/Global Imagens)

Continuam a chamar-lhe ‘praia nova’, mesmo que date do início dos anos 90 a assunção daquele areal para o veraneio. O bar de apoio já foi velho e já foi novo, e este ano abriu portas renascido. Gonçalo Letra e José Nunes, ambos da vizinha Praia da Vieira, nunca se imaginavam rendidos ao Pedrógão. Volvido este verão, pintam-no de forma tão colorida como os cocktails que ali servem, como os fins de tarde ou as noites com Dj no Praia Nova Beach Club. Também há refeições ligeiras para saborear.

Saborear um robalo ao sal

(Fotografia: Nuno Brites/Global Imagens)

Vítor Santos é um dos guardiões da Praia do Pedrógão. Foi ali, há mais de 30 anos, que começou a fazer o famoso ‘robalo ao sal’, primeiro no restaurante do Parque de Campismo, mais tarde na cozinha da Estrela do Mar, e nas últimas décadas no restaurante Rotunda. Só faz por encomenda, mas conseguiu tornar o seu peixe assado num ícone do Pedrógão o ano inteiro, já que é dos poucos restaurantes que não fecha no verão. O segredo? “que o peixe seja sempre fresco, porque assim sai sempre bem”.