Em Esposende, mantém-se viva a arte das cestas de junco

Em Esposende, mantém-se viva a arte das cestas de junco
Em Forjães, há uma artesã que continua a fazer cestas de junco no tear, mantendo viva a tradição da terra. A Lançadeira envia peças para todo o Mundo: já não servem só para levar compras ou a merenda - tornaram-se acessórios de moda.

As cestas de junco de diversos tamanhos, feitios e cores captam a atenção mal se entra na divisão onde Maria do Carmo Arantes lhes dá forma, no tear. Trabalha em casa, em Forjães, vila do concelho de Esposende conhecida pela arte do junco, em tempos um importante meio de sustento familiar. Era comum ir-se lá à procura das cestas, sendo que as grandes serviam sobretudo para transportar compras ou a merenda na lavoura, conta a artesã, enquanto tece, com umas luvas fininhas. Este é um ofício exigente e que requer força física.

Maria do Carmo, de 52 anos, saiu da escola aos 12 e foi logo aprender a arte com pessoas da terra. Dedicou-se a ela nos anos seguintes, mas, no início da década de 1990, as cestas deixaram de ter procura e teve de encontrar outra ocupação. Fez um pouco de tudo, até que, há meia dúzia de anos, quando se viu desempregada, decidiu voltar ao tear. Ainda tinha clientes de outros tempos, começou a receber pedidos e até os filhos, numas férias, quiseram ver como se apanhava o junco na margem do rio Lima. Desde então, tem continuado a tradição de Forjães, com a marca A Lançadeira. Dali já saíram encomendas para todo o Mundo, da capital da moda italiana, Milão, até países distantes, como Brasil ou Singapura.

(Fotografias: Rui Manuel Fonseca/GI)

Nas prateleiras encontram-se cestas grandes, em versão mini, a tiracolo… Até há pochetes – têm muita saída para casamentos. Exibem padrões tradicionais (como a estrela, as flores ou os quadrados) e outros atualizados, e cores como amarelo, laranja ou azul, já não somente o rosa e o verde. Os preços são diversificados, como elas: começam em 12 euros.

Todo o processo é manual e tem início com a apanha de junco de água salgada (mais fino e resistente) no verão, logo de madrugada e com galochas. «A gente corta o junco, sacode, traz o que é bom, trata-o e põe-no a corar no campo», conta Maria do Carmo. Segue-se o tingimento, ao lume, com tintas naturais. Só depois se tece, usando fio de juta. «Isto é totalmente biodegradável», garante ela, que também faz esteiras e biombos, recebe clientes por marcação e envia produtos por correio. Claro que vê-la trabalhar é mais enriquecedor; perceber como nascem as cestas, vê-las alinhadas e sentir a indecisão na hora de escolher uma – ou mais.

 

A Lançadeira
Forjães, Esposende
Web: facebook.com/A-Lançadeira-Handmade-in-Portugal-1526945744194989

 

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