A Igreja do Divino Salvador, em Freamunde, tem uma porta aberta para o mundo

Igreja do Divino Salvador (Fotografia de Miguel Pereira/GI)
Nas traseiras da Igreja Matriz setecentista ergue-se uma obra contemporânea e de linhas sóbrias, com uma grande porta envidraçada e um clerestório que se ilumina. A luz substitui o som dos sinos no chamamento para a celebração.

O passado e o presente convergem num mesmo quadro à entrada da Igreja do Divino Salvador, em Freamunde. O pavilhão de linhas retas e sóbrias foi erguido nas traseiras na Igreja Matriz, um templo setecentista, que espreita por cima da parede em granito que delimita o adro do novo santuário. “É a ligação entre o antigo e o novo, que simboliza a continuação do caminho que a comunidade vai trilhando”, comenta o padre Manuel Brito, que acompanhou a edificação da nova igreja, em resposta à necessidade da paróquia em ter um espaço maior.

Igreja do Divino Salvador (Fotografia de Miguel Pereira/GI)

 

Em dezembro de 2019, uma década depois de começar a ser pensada, e após dois anos de obra, abriram-se as grande portas envidraçadas da Igreja do Divino Salvador. A partir do adro, espraiado em redor de uma única oliveira, consegue-se ver todo o interior do santuário. “É uma igreja que convida a entrar”, realça Manuel Brito. “Uma metáfora para uma comunidade cristã aberta e tolerante”.

O edifício projetado pelo arquiteto Vítor Leal de Barros tem desde então somado várias nomeações para prémios da especialidade, nomeadamente para o Archdaily Building of the Year 2021, na categoria de Edifício Religioso. E um ano antes, ficou entre os dez finalistas do Prémio Internacional de Arquitetura Sacra da fundação italiana Frate Sole.

Igreja do Divino Salvador (Fotografia de Miguel Pereira/GI)

 

Manuel Brito aponta ainda “o despojamento, a essencialidade e a subtileza da luz”, como as características mais distintivas da igreja, cujo interior se veste de mármore, madeira e vidro. “São os materiais com que se construíram igrejas ao longo dos séculos, mas numa linguagem mais contemporânea. Aqui o objetivo não é o deslumbramento artístico, mas sim que a pessoa se sinta acolhida, apaziguada”.

A forma quadrangular da assembleia também é exemplo de uma abordagem mais atual da arquitetura religiosa. “As igrejas tradicionais são retangulares e isso cria mais distância, aqui as pessoas sentam-se mais próximas do presbitério”, explica Manuel Brito. Em frente, a imagem de Cristo na cruz do século XVII, trazida da Igreja Matriz juntamente com a imagem da Imaculada Conceição, fazem a ponte com o passado, num ambiente minimalista, “sem grandes distrações”, nota o padre.

Igreja do Divino Salvador (Fotografia de Miguel Pereira/GI)

 

Nas laterais, sobre a Capela do Santíssimo Sacramento e a Capela Batismal, abre-se uma clarabóia. Mas o elemento luz assume a sua maior expressão no clerestório, que se ilumina e substitui o som dos sinos no chamamento da comunidade para as cerimónias religiosas. “Esta igreja tem a particularidade de não ter torre. Como está ao lado da Igreja Matriz não sentimos necessidade disso. Então a nova linguagem é a luz”, justifica Manuel Brito.

Igreja do Divino Salvador
Avenida Luís Teles Menezes
Tel.: 255 878 362
Horário: das 9h às 12h e das 14h às 19h30, de segunda a sexta; das 18h às 20h ao sábado; das 10h às 12h e das 16h às 18h ao domingo




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